Editorial: Não faz falta queimar papéis

NÃO FAZ FALTA QUEIMAR PAPÉIS

Em 12 de Junho, um cachorro domesticado e porta-voz raivoso do império e da máfia terrorista de Miami, o jornal El Nuevo Herald, publicou um artigo intitulado “Sob assédio Repartição Consular dos EUA em Havana”, em que é acusado o governo cubano de suspender o serviço de electricidade e água a essa legação, o qual qualificam de “agravamento de uma crise diplomática”, que teve início desde que colocaram o painel electrónico em sua fachada”.

Segundo o artigo, “a Repartição Consular dos Estados Unidos em Havana (SINA) deu instruções, em 9 de Junho, a seu pessoal para destruir todos os documentos que não fossem estritamente necessários”, e fez esta conclusão suspeita: “As fontes que forneceram informação ao El Nuevo Herald consideraram a destruição de documentos, nos escritórios dos EUA em Havana, como uma acção prévia a uma evacuação ou, no mínimo, estão se aprontando, para quando for necessário”.

De maneira tendenciosa, no artigo do El Nuevo Herald aparece uma foto tirada a uma das históricas Marchas do Povo Combatente que passou em frente da SINA, em que nosso povo estava reafirmando seu repúdio à política imperialista e criminosa contra Cuba. Tal artigo visa manipular a opinião do leitor e fazer-lhe acreditar que, neste momento, esta legação está cercada, de maneira permanente, por nossos compatriotas, quando, na verdade, em seus arredores impera a absoluta calma e ali só está o pessoal encarregado da custódia dessa legação.

O artigo terminou com uma frase que põe a nu as verdadeiras intenções ocultas, após esta nova manobra: “Em face do agravamento da situação em seu escritórios, a SINA poderia se ver obrigada a suspender provisoriamente seu trabalho, o qual explica a medida de destruir documentos importantes”.

Algumas horas depois, e como prova evidente da participação do governo dos Estados Unidos na orquestração e direcção desta mentirosa campanha, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McComack, insistiu cinicamente em acusar nosso governo de fustigar a SINA. McComack, vitimando-se, disse que, apesar das presumíveis dificuldades com o serviço de electricidade e água, a legação norte-americana continuou “trabalhando”, incluindo os esforços por “se aproximar do povo cubano” e afirmou impudicamente que os supostos problemas da SINA poderiam estar ligados a suas actividades para “fornecer informação básica e dados ao povo cubano”.

Da mesma maneira, o porta-voz mentiroso qualificou “fazer seu trabalho” à crescente operação de espionagem e subversão que a legação estadunidense realiza em Cuba. Considerou como “esforços por se aproximar do povo cubano” seu apadrinhamento, sua direcção e seu financiamento generoso aos grupelhos mercenários amamentados pela SINA em Cuba, integrados por traidores e delatores que colaboram com a aplicação do bloqueio desumano que tem por objectivo render nosso povo por fome e doenças. E o cúmulo, chamou de “fornecer informação básica e dados ao povo cubano”, o lançamento sistemático das mais grosseiras ofensas contra nosso povo, por meio do painel electrónico colocado na SINA, transgredindo as normas mais elementares do Direito Internacional.

Para fazer ideia do tipo de “informações e dados” que a SINA tem divulgado através de seu painel electrónico, eis alguns deles:

“Muitas cubanas decentes não podem viver decentemente sem fazer alguma coisa indecente. Se você é nova e bonita, então será mais benéfico para você: Estudar uma carreira ou ir no encalço de um espanhol? (em 7 e 8 de Abril).

À tarde, o porta-voz da SINA, Drew Blakeney, mentiu descaradamente ao fazer depoimentos à imprensa e afirmar que “não é surpresa para ninguém que o regime aumentasse tácticas abusivas contra a SINA e o povo de Cuba: há muito, está tentando isolar e fustigar a SINA”.

Acrescentou também: Na segunda-feira, 5 de Junho, cerca das 3h, foi cortado o serviço de electricidade ao prédio principal da SINA”.

O jornal El Nuevo Herald e os porta-vozes do governo dos EUA estão mentindo descaradamente ao responsabilizar nosso governo com a suspensão do serviço de electricidade e a redução do fornecimento de água potável à legação norte-americana.

Negamos taxativamente que se fizeram premeditadamente cortes eléctricos para tolher o funcionamento da SINA. Na verdade, houve várias avarias em Havana e em todo o território nacional, uma delas, no circuito soterrado Vedado 1, de 13 mil volts, quefornece directamente a SINA, e uma das duas vias que fornece electricidade à Tribuna Antiimperialista, devido ao fenómeno meteorológico que atingiu o país nas últimas duas semanas até a tarde da segunda-feira 12. Já estão sendo consertadas esta e as demais avarias.

Apesar disso, como reconhecem os porta-vozes, a SINA continuou em funcionamento, incluindo seu provocador painel electrónico, que desde 16 de Janeiro, ofende o nosso povo, demonstrando que nunca faltou um só watt de electricidade a esse prédio.

De maneira mal-intencionada, o governo dos Estados Unidos não diz que sempre que a SINA informa que tem dificuldades com o abastecimento de água potável ou com o serviço de electricidade, tem sido atendida devidamente pelas empresas cubanas encarregadas de tais serviços.

A SINA consome, em média, 26 mil kW mensais, tanto quanto toda a energia eléctrica que 200 famílias cubanas consomem.

Apesar da reorganização que o país vem fazendo na distribuição do combustível, a SINA já recebeu 53.756 litros de combustível até a data.

A empresa que abastece água na capital, apesar das difíceis condições da estiagem e do abastecimento de água potável em Havana, que antes das chuvadas atingiram todo o território nacional, manteve de maneira estável o abastecimento à SINA.

Em Março deste ano, contestando a um pedido da SINA, a empresa abastecedora de água enviou seus técnicos aos prédios da SINA para revistar o sistema de canais ao ar livre ou em subterrâneo, e consertar as avarias.

Desde Janeiro de 2006 até hoje, a empresa “Cubalse” fez seis reparações ou mantimentos nos prédios em que moram os funcionários da SINA.

Embora a SINA expulsasse grosseiramente, em 1º de Fevereiro, de seus prédios os trabalhadores do contingente “Blas Roca Calderío”, que estavam fazendo trabalhos de construção, a empresa “Cubalse” vem fornecendo pontualmente à SINA materiais para continuar as obras. Até hoje, a SINA recebeu 44 metros cúbicos de betão pré-misturado, 540 metros de vigas de aço e 300 metros de chapa de aço, que solicitou.

Essa repartição consular hoje conta com 302 trabalhadores cubanos contratados. No que vai deste ano, nove desses trabalhadores viajaram para o exterior a pedido dela, com o objectivo de se treinarem para seu trabalho.

Os porta-vozes norte-americanos também não falam o mais importante: que somente neste ano foram aprovadas imediatamente 33 operações de devolução de emigrantes ilegais solicitadas à SINA, sem demora nem nenhuma excepção, quatro operações de repatriação de cidadãos cubanos considerados como excludentes pelas autoridades norte-americanas e oito visitas consulares a presos estadunidenses encarcerados em Cuba.

As novas acusações contra o governo cubano fazem parte do plano da administração ianque denunciado pelo presidente Fidel Castro, nos dias 22 e 24 de Janeiro de 2006, ao afirmar textualmente: “O governo dos Estados Unidos, sob pressão da máfia cubano-americana, tem entre seus primeiros objectivos, violar abertamente o Acordo Migratório com Cuba (...), procurar pretextos para impedir, a qualquer preço, a venda de produtos agrícolas a Cuba, que se vem fazendo em volumes crescentes, sem o nosso país ter deixado de pagar pontualmente um só centavo, durante cinco anos, o qual esse governo acreditava que não era possível para uma nação agredida e bloqueada (...) e, inconformado com a decisão adoptada pelo presidente Carter, em 30 de Maio de 1977, se propôs quebrar as relações diplomáticas com Cuba. As grosseiras provocações que têm lugar, a partir da SINA, não têm nem podem ter um outro objectivo”.

As últimas acusações a Cuba, têm também o objectivo pérfido de desviar a atenção do verdadeiro problema: o carácter subversivo e provocador das acções da SINA, que, violando o estatus diplomático conferido pelos acordos e convenções internacionais, se tornou em Estado-Maior da contra-revolução, a qual dirige e fornece do ponto de vista material e financeiro e insta à subversão da ordem interna em nosso país.

Talvez pensem que Cuba teme das provocações constantes que manobram contra nossa Pátria e das consequências do rompimento das relações mínimas existentes, já de por si, muito deterioradas, em face da política imoral e cínica que a administração de Bush vem aplicando.

Cabe ao governo imperialista dos Estados Unidos explicar sua prática demencial e constante de orquestrar e aplicar novas e brutais medidas contra Cuba e, suas tentativas vãs de querer vergar a heróica resistência de nosso povo.

O governo norte-americano afunda moral e materialmente na guerra de conquista no Iraque, nos escândalos de corrupção, nos crescentes défices orçamentários e de conta corrente, nos altos preços da energia, na inaptidão para enfrentar catástrofes naturais, na espionagem ilegal contra seus próprios cidadãos e na prática nojenta das detenções clandestinas e nas torturas em escala internacional.

O Governo Revolucionário deu uma lição de equanimidade, firmeza e apego estrito às normas diplomáticas no enfrentamento à actuação grosseira e desprezível da SINA e dos mercenários a seu serviço em nosso país.

Com nossa moral e nossos princípios, ganharemos de todas suas criminosas e covardes campanhas, provocações e agressões!

Cuba luta face a face e com armas limpas. Não costuma procurar pretextos para fustigar essa repartição. Sabe falar Sim ou Não quando os representantes do império solicitam alguma coisa. Não recorre a subterfúgios, nem corta cabos eléctricos para apagar um letreirinho luminoso desses. Não fustiga funcionários ou representantes dos Estados Unidos. Os milhões de pessoas que por ali marcharam com honra e dignidade, incluindo crianças e adolescentes, nunca atiraram uma só pedra contra esse prédio. Cuba, no decurso da história da Revolução, sempre lutou com moral alta capaz de esmagar seus adversários. O governo dos Estados Unidos está procurando pretextos, e se quer tirar essa repartição, suspender as vendas de alimentos a nosso povo e eliminar o Acordo Migratório, então que faça, que não invente pretextos, nem pretenda eternizar suas provocações grosseiras e covardes, que não vieram de Cuba, mas sim dessa Repartição, tornada em bastião, comando e banco dos mercenários, centro de fornecimento de material subversivo, introduzido ilegalmente em suas malas diplomáticas. Cuba pode prescindir simplesmente dela e de tudo aquilo que significar intervencionismo e ultraje. Nosso país não choraria por sua partida. Não faz falta queimar papéis. Não importa quantas monstruosas malfeitorias encerrem. Nossa Revolução jamais atacará ou violará uma legação diplomática. Nunca fez e nunca fará.

Ministério das Relações Exteriores da República de Cuba

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey