Por Pedro Cesar Batista
Plataformas controlam o pensamento, fragmentam a classe trabalhadora, propagam a cultura reacionária e fascista por meio de ações cada vez mais sutis e perversas, manejadas por meia dúzia de magnatas, que articulados mundialmente interferem nas relações internas nos países, desestabilizando, mobilizando amplos setores populares, que influenciados pela propaganda das redes, atuam contra seus próprios interesses e a soberania de suas pátrias.
Adorno destacou o papel da indústria cultural, com o rádio, a tv e o cinema atuando para impor a cultura como forma de disseminar valores, sempre a serviço dos controladores das riquezas e donos da indústria da guerra; o que Chomsky chamou de pensamento único, os valores pelo consumo, o individualismo e a defesa da sociedade burguesa. Umberto Eco disse que a internet daria voz a uma legião de imbecis, que atuam sem regras, fazendo a difusão de ódio, xenofobia, machismo, racismo e o negacionismo da história; Bauman afirmou que as redes denominadas sociais destruiriam comunidades, provocando relações cada vez mais líquidas e tênues.
Atualmente, de cada encontro de um grupo de pessoas se forma um novo grupo de whatsapp, disseminados como moscas sobre o lixo no calor. Os aplicativos fazem com que as relações aconteçam com a velocidade dos dados usados, possibilitando encontros, desencontros, cancelamentos, bloqueios e a frieza característica das relações dissimuladas, historicamente, uma prática da burguesia, tão explícitas no romance Relações Perigosas, de Laclos, mas reproduzida por amplas massas populares, sob o controle das plataformas.
Os valores culturais propagados sustentam -se em uma ética que o importante é se dar bem, ter sucesso e ser cada dia que passa mais frio e mesquinho nas relações humanas. Não se expôr, não ser verdadeiro nas relações interpessoais, sempre buscar tirar algum proveito nos contatos e encontros pessoais e profissionais.
Não há inocentes no puteiro da sociedade de consumo. Esta é a norma da imposição cultural do imperialismo. Desde a tenra infância as plataformas educam para dividir, para não se confiar nas pessoas, para fragmentar os mais pobres, dividir os trabalhadores e dividir para governar, como ensinaram os romanos e Maquiavel detalhou em O Príncipe.
As plataformas são a sustentação da cultura do fascismo, do nazismo e do sionismo, fazer esse enfrentamento por dentro delas é uma luta de Davi contra Golias, necessária e que exige sair das bolhas dos algoritmos, o mesmo que se deve buscar no dia a dia, rompendo o círculo dos convertidos, mas conjugando a batalha de ideias nas redes, ruas e muros.
O papel das mídias alternativas, rádios e televisões comunitárias, da militância dentro das plataformas, a retomada de materiais impressos para circular entre operários e setores populares, nada deve ser deixado de lado na permanente luta política e ideológica, a batalha de ideias, mais importante que trincheira de pedras, segundo José Martí.
Vivemos 1984, sem retorno o Admirável mundo novo avança. Criar as condições para derrotar os velhos senhores, com suas novas e velhas armas, exige unidade, propaganda, organização e muita luta. São séculos de combate, avançamos muito na história, os retrocessos sempre ocorreram, mas o porvir é garantido. Assim como somos os coveiros do capitalismo, somos os jardineiros do socialismo. A resistência de tantos povos, como os palestinos, saarauis, cubanos, venezuelanos, iranianos, vietnamitas, nicaraguenses, argelinos e tantos outros pelo mundo mostram que venceremos.
Pedro Cesar Batista, jornalista, escritor e pós-graduado em Antropologia. Autor de diversos livros, entre os quais Marcha interrompida (2006), João Batista, mártir da luta pela reforma agrária (2009), Jornadas de junho (2014), entre outros. Integra a coordenação do Comitê anti-imperialista general Abreu e Lima.
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