O princípio fundamental da democracia é o povo politicamente organizado, eleger as pessoas que vão tomar conta do país, durante tempo determinado.
O que tem acontecido no mundo inteiro? Estes nossos representantes imaginam ser os senhores todo poderosos e passam a nos dar ordens. Quem tem que levar ordens são eles! Estão sendo pagos pelo povo para tomar conta dos serviços que lhe são afetos, nada mais além disso.
Mas não é o que acontece em canto algum. Uma vez eleitos com os votos do povo, o poder fala mais alto. Julgam que suas campanhas eleitorais e sua vitória nas urnas autorizam a agirem como superiores em tudo. Distorcem o princípio fundamental que ocupam o cargo para servir, e não para serem servidos. O presidente da República, seu ministros, os deputados e senadores e os juízes dos tribunais superiores têm a obrigação de servir ao povo da melhor forma possível. Excluído este mandamento, passamos a viver sob o domínio da aut oridade.
Termina o poder de mando do povo, único detentor da autoridade.
O princípio é este e não deveria ser mudado. Mas não é o que acontece. Uma vez eleito, o cidadão julga-se um Cesar. E começa o seu abominável império de mandâncias e vaidades.
A grande maioria do povo desconhece os princípios e fundamentos democráticos. Submete-se a leis descabidas e autoritárias. Submete-se aos que são seus servidores, e arrogam-se no poder de mandatários.
A democracia não é isso. Existe governo, e a autoridade deve ser respeitada, desde que esteja servindo ao povo, que é o soberano.
Sou avesso às citações. Qualquer pessoa que estiver lendo este manifesto entende perfeitamente tudo o que foi e está sendo dito.
O que precisa ser feito, com urgência, é o povo reunido exigir o plebiscito. A nenhuma autoridade é dado o poder imperial de ditar normas. Uma vez seja nítida contra a população, esta pode solicitar o plebiscito, diferente deste que está na Constituição brasileira, bastante autoritária, confusa e longa.
Muitas leis votadas pelo legislativo e sancionadas pelo presidente da República, ou são autoritárias ou beneficiam somente os donos do poder, cada vez mais fortes e pouco se incomodando com os que os elegeram. Outra aberração da democracia e a figura do presidente da República. O regime só admite o colegiado, onde as decisões são bem menos autoritárias e, por muitas vezes, abalam o governo. Com o primeiro-ministro o fato é bem mais simples. Errou feio, é votada moção de desconfiança. O sistema continua saudável.
A democracia implica também no socialismo, visto da mais pura forma possível. Um país não pode admitir que seu povo esteja dividido entre miseráveis e nababos. Não se quer tomar os bens dos ricos, ou mesmo dividi-los. Cada qual pode ter os bens que quiser, se licitamente ganhos.
O que é um absurdo é a fome conviver com a abastança, a doença com a saúde, a educação com a falta dela. A velha indignidade humana deve ter um fim. Pouco a pouco, estas distorções devem ser corrigidas, pois a paz social também é meta da democracia plena.
O problema não é brasileiro, é mundial. Ou se resolve agora, em paz, ou um dia, talvez breve, será resolvido pelos fuzis.
Esta última solução é bem absurda e inconveniente. Mas ela acontece.
Volta tudo como era antes, de forma bem mais grave.
Jorge Cortás Sader Filho
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