A polícia pedirá a prisão temporária de pelo menos quatro militares que participam da ocupação do Exército no Morro da Providência, no Centro do Rio. Eles são acusados de entregar para traficantes do Morro da Mineira, dominado por uma quadrilha rival, três jovens presos na Providência por desacato na manhã de sábado. Os corpos foram encontrados neste domingo no Aterro Sanitário de Gramacho, em Duque de Caxias (Baixada Fluminense).
De acordo com o delegado-titular da 4ª Delegacia de Polícia, Ricardo Dominguez, os indícios contra os militares são fortes e mais pessoas podem ser indiciadas.
Moradores do Morro da Providência voltaram a protestar hoje e provocaram o fechamento do comércio nos arredores Central do Brasil, onde está situado o prédio da Secretaria de Segurança Pública, localizada ao lado do Comando Militar do Leste, sede do Exército no Rio.
Segundo a polícia, os corpos de Wellington Gonzaga Costa, de 19 anos, Marcos Paulo da Silva Correia, de 17, e David Wilson Florêncio da Silva, de 24, foram encontrados mutilados e com marcas de tortura por catadores de lixo. A mãe de Wellington desmaiou ao receber a notícia.
"Me avisaram que o meu filho foi preso. Encontrei ele no Quartel de Santo Cristo, sentado ao sol. Queria esperar, mas me mandaram ir para a delegacia para onde ele deveria ter sido levado. Após a demora, liguei para o celular dele.
Depois de várias tentativas, um homem atendeu e disse que os soldados venderam o meu filho e os amigos para traficantes da Mineira. Nenhum deles tinha envolvimento com o crime. O que fizeram com eles não se faz nem com um cachorro", disse a dona de casa, Liliam Gonzaga da Costa, de 43 anos, que foi reconhecer o corpo do filho Wellington no IML de Duque de Caxias. Mototaxistas também presenciaram a entrada do trio no quartel.
Este é o momento mais tenso desde que o Exército ocupou o Morro da Providência em dezembro do ano passado para a reforma das fachadas das casas, prevista no projeto Cimento Social. A obra, que conta com recursos do Ministério das Cidades, saiu após emenda do Senador Marcello Crivella (PRB), candidato à Prefeitura do Rio.
No sábado, após constatar o desaparecimento dos jovens, cerca de 30 moradores desceram o morro, queimaram um ônibus e depredaram outros nove. Os passageiros do veículo incendiado foram salvos por policiais do 5º Batalhão de Polícia Militar, que patrulham os acessos à Providência para evitar novos tumultos.
O Comando Militar do Leste (CML) abriu Inquérito Policial Militar para apurar o caso. O Exército confirmou que os jovens foram abordados por uma patrulha de militares do Grupamento de Unidades-Escolas da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada, nas proximidades da Praça Américo Brum, no alto do morro, e detidos por desacato na manhã de sábado, por volta das 8h. Os três foram levados ao comandante da tropa no quartel do Exército em Santo Cristo, interrogados e liberados, pouco depois de meio dia, segundo o Exército. Os nome dos militares envolvidos e as patentes não foram revelados.
Pedro Dantas , Agência Estado,(o artigo enviado a Pravda pelo nosso leitor Marco António da Silva)
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