As forças amadas da Etiópia retiraram as Cortes islâmicas de todas as cidades da Somália que ocupavam, terminando a sua ofensiva nesta segunda-feira, 1º de janeiro, com a conquista da estratégica cidade portuária de Kismayo.
"Os islâmicos abandonaram Kismayo e nossas tropas estão a caminho da localidade", afirmou o porta-voz do governo de transição somali, Abdirahman Nur Mohammed Dinari. "Tenho informações de que os combatentes islâmicos estão indo para a fronteira com o Quênia (200 quilômetros ao sul de Kismayo)", acrescentou.
Segundo as fontes, Kismayo está calma. O povo nas ruas se prepara para receber as forças do governo de transição e os soldados etíopes.
Não houve cenas de violência nas ruas e a maior surpresa foi a facilidade com que os combatentes islâmicos perderam sucessivamente suas principais fortificações.
Na quinta-feira, os milicianos islâmicos se retiraram de Mogadiscio, a capital, quatro dias depois da ofensiva da Etiópia por ar e por terra para apoiar o governo de transição.
Eles chegaram a ocupar amplos setores do centro e sul do país, mas foram perdendo sucessivamente todas as áreas que controlavam. Agora se dirigiam para a fronteira sul.
Em Mogadiscio, a saída dos milicianos islâmicos foi seguida por violência e saques. Em Kismayo, porém, o cenário foi pacífico. O único caso de saque afetou uma base militar das Cortes Islâmicas, que a população invadiu para tomar o que os militantes deixaram para trás.
Mohammed Ali, morador de Kismayo, confirmou que as forças das Cortes Islâmicas tinham abandonado a cidade e na manhã desta segunda não havia nenhum combatente nas ruas.
Antes de abandonar Kismayo, os combatentes islâmicos lutaram entre si por causa de divergências sobre a condução da guerra. Cerca de 50 milicianos, nascidos na cidade, se negaram a ir à frente de batalha e começaram a disparar contra as forças das Cortes Islâmicas.
Não está claro ainda o destino das Cortes Islâmicas. Fontes próximas aos líderes religiosos disseram que elas foram para a península de Raskiamboni, controlada pelo xeque Hassan Abdullah Hersi, conhecido também como al-Turki.
Turki está incluído na lista elaborada pelos Estados Unidos de pessoas suspeitas de ligação com o terrorismo internacional.
Neste domingo, o primeiro-ministro somali, Ali Muhammad Ghedi, acusou os combatentes islâmicos de acolher supostos autores dos atentados às embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em 7 de agosto de 1998, que causaram 224 mortes.
"Os militantes islâmicos de Kismayo estão protegendo Fazul Abdullah Mohamed, Saleh Ali Saleh Nabhan e Abu Taha al-Sudani. Continuaremos nossa luta até acabarmos com estes terroristas", disse.
O primeiro-ministro somali exigiu esta segunda-feira o envio para o país «com a maior rapidez possível» de uma força de paz mandatada pela União Africana para repor a ordem nas principais cidades do país.
As declarações de Ali Mohamed Gedi, citado pela agência AFP, surgem na sequência da tomada de Kismayo, comunica Diário Digital.
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