O túmulo de D. Afonso Henriques vai ser novamente aberto hoje em Coimbra, na igreja do Mosteiro de Santa Cruz. Uma equipa de cientistas vai tentar desvendar os mistérios que ainda envolvem o primeiro monarca português atravês do estudo dos seus ossos. No início da próxima semana, os ossos voltarão para o túmulo na Igreja do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.
Vários relatos apontam que D. Afonso Henriques era alto e forte. Este projecto pode revelar que D. Afonso Henriques - que morreu há 820 anos - afinal era baixo e franzino e pode até reescrever alguns episódios da história de Portugal.
D. Afonso Henriques poderá ter fracturado uma perna aos 60 anos, no ataque a Badajoz. «Há um episódio da história do rei que diz que ele partiu a perna, e se isso pode ser comprovado, se ele partiu a perna o fémur esta lá e estará partido», explica Eugénia Cunha, especialista em antropologia biológica, que lidera a equipa encarregada deste estudo.
A investigadora Eugénia Cunha, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, já tinha, em Abril, observado o interior do túmulo usando um aparelho médico, um endoscópio. Através de um pequeno orifício, foi possível ver duas pequenas urnas de madeira, uma sobre a outra e ambas muito degradadas. A outra urna deve ser da mulher de D. Afonso Henriques, D. Mafalda.
No entanto, não passam de suposições. Ninguém sabe ao certo como era o rosto, o ano em que nasceu, ou até mesmo as condições de saúde do primeiro rei português. Até agora, toda e qualquer descrição de D. Afonso Henriques baseia-se em mera especulação: teria 1,60 a 1,70 metros, como refere o historiador Hermano Saraiva? Ou 1,80 metros, como refere Oliveira Marques? Ou teria dois metros a que alguns relatos históricos se referem? Os ossos do "Conquistador" podem dar informações inéditas. O cabelos e as unhas, caso existam, também vão ser submetidos a uma série de estudos.
Se o crânio for encontrado será possível fazer a reconstituição tridimensional da face de D. Afonso Henriques, uma cara que, na época, não foi retratada e sobre a qual não foram, na altura, feitas estátuas.
A equipa quer saber como era o rei, como se alimentava e até se sofria de alguma doença, respostas que podem ser encontradas nos ossos e nos dentes. Por essa razão a cripta vai ser aberta.
«A estatura pode ser estimada a partir dos ossos longos, a alimentação pode ser confirmada através da análise química dos ossos e através dos dentes (cáries, desgaste dentário)», conta Eugénia Cunha.
A história diz que a túmulo da igreja de Santa Cruz, em Coimbra, não foi a primeira sepultura do primeiro monarca português e que este foi aberta durante o reinado de D. Miguel no século XIX. Por isso a equipa não sabe ao certo com o que vai encontrar.
«O tempo da investigação vai depender do estado de conservação, porque o corpo foi transladado», salienta.
Além de Eugénia Cunha e outras duas antopólogas da Universidade de Coimbra, Ana Carina Marques e Sónia Codinha, participam na investigação o médico e antropólogo forense espanhol Miguel Botelha (Universidade de Granada), o médico francês Bertrand Ludes, a genticista francesa Christine Kayser (Universidade de Estrasburgo) e o historiador português José Mattoso (Universidade Nova de Lisboa).
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