por Fernando Soares Campos (*)
Haveria diferenças consideráveis entre os governos (e as pessoas) de Idi Amin Dada, Uganda, ocorrido no período que vai de 1971 a 1979, e o de Jair Messias Bolsonaro, Brasil, de 2019 aos dias que se passam? Sim, certamente relevantes diferenças no âmbito governamental e nas estruturas que sustentam o processo desenvolvimentista existem até o presente momento, mas não se pode garantir que se mantenham caso Bolsonaro venha a ser reeleito no próximo 30 de outubro, dia em que se realizará o segundo turno das eleições gerais no Brasil.
Idi Amin Dada não escondia seus hábitos macabros, suas mórbidas preferências gastronômicas. Ele costumava dizer: "Eu já comi carne humana, ela é salgada, ainda mais do que a carne de leopardo".
O que estaria errado na tradução da fala de Idi Amin? Quem conhece sua história sabe que se trata de um dos governos mais aterrorizantes já registrados na História Contemporânea, também sabe que é muito provável que o tradutor da sua fala tenha errado na conjugação do verbo "comer", aí empregado na primeira pessoa do pretérito perfeito, quando deveria ter sido traduzido para o presente do indicativo: "Eu como", não simplesmente "já comi".
Jair Bolsonaro, o genocida nazifascista, atual presidente do Brasil, aspirante a ditador vitalício, falou, com todas as letras, que comeria carne humana.
Seria Bolsonaro uma espécie de Gabriela?
Eu nasci assim, eu cresci assim
E sou eu mesmo assim
Vou ser sempre assim
Bolsonaro já arrotou muita barbaridade, expressões que revelam o abrutamento de alguém cujas atividades mentais expressam a condição de quem, ao nascer, trouxe consigo a herança genética que faz de si um psicopata, pois há quem defenda a tese de que se trata de uma doença mental hereditariamente transmitida. Se isso tiver fundamento, podemos supor que Bolsonaro já teria chegado ao berço acometido de Transtorno de Personalidade Antissocial, que o atormenta e faz de si o mais exaltado defensor das sanguinárias ditaduras que se abateram sobre o Cone Sul nos anos de chumbo. E ninguém precisa ser profissional da área (seja analista, psicólogo, psiquiatra, filósofo ou pai de santo incorporado por sábios espíritos) para identificar o mórbido estado mental, espiritual e emotivo do "Bozo", como ele é tratado nas redes sociais por alguns dos seus opositores.
O portal "Lula - Vamos Juntos pelo Brasil", página oficial do ex-presidente Lula, exibe, desde 7/10, um vídeo em que Jair Messias Bolsonaro revela seu lado Idi Amin Dada.
"De tudo que o brasileiro já ouviu da boca de Jair Bolsonaro, ainda há coisas muito assustadoras", alerta o portal lulista.
“É para comer. Cozinha por dois, três dias, e come com banana. Eu queria ver o índio sendo cozinhado”, diz Bolsonaro em entrevista gravada em 2016, quando ele era deputado federal, ao jornal The New York Times. O assunto gira em torno das declarações de Bolsonaro afirmando que comeria carne humana, “sem problema nenhum”. É estarrecedor, mas saiu da boca dele próprio.
"As declarações foram registradas em vídeo e mostram o tom de deboche e desprezo pela vida que são marcas do atual candidato à reeleição.” “Se for [acompanhar o cozimento do índio], tem que comer”, disse um interlocutor. “Eu como!”. Insistiu o presidente do Brasil. “Aí, a comitiva, ninguém quis ir. Eu comeria um índio sem problema nenhum”, garantiu Bolsonaro.
"O desprezo de Bolsonaro pela vida, pela decência, pelas pessoas e pelo país parecem não ter limites", conclui a matéria.
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O fato de Bolsonaro ter-se revelado predisposto à prática do canibalismo é apenas mais uma insensatez acrescentada às bestialidades proferidas e praticadas pelo genocida. Muitas, conhecemos; tantas outras ainda serão dejetadas pela boca do ogro.
Jair Bolsonaro e os seus assessores na campanha pela reeleição presidencial tentam encontrar, na propaganda eleitoral do ex-presidente Lula, indícios de transgressão da legislação eleitoral pela veiculação do vídeo que expõe trechos da entrevista que Bolsonaro concedeu ao corresponde do NYT em 2016, quando ainda era deputado federal, contando a incrível história de como ele "quase" vira canibal, como Idi Amin Dada.
Não faz muito tempo, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro falou que o dinheiro do auxílio-moradia (que ele recebia, mesmo tendo imóvel residencial próprio em Brasília) servia para ele "comer gente". Pois bem (bem mal), depois de assistir à entrevista de Bolsonaro ao NYT, pode-se imaginar que o "imbrochável", na verdade, fazia referência à sua tendência ao canibalismo; não, ao seu desempenho sexual.
"Governos estrangeiros recomendam distanciamento de Bolsonaro", informa reportagem de Jamil Chade no UOL, em 26/09: "Os sequestros por parte da campanha de Jair Bolsonaro das viagens ao funeral da rainha Elizabeth 2ª, em Londres, à abertura da Assembleia Geral da ONU levaram governos estrangeiros a consolidar uma orientação de evitar qualquer contato mais explícito, assinatura de acordos ou entendimentos com o Palácio do Planalto, até pelo menos que a eleição seja definida no Brasil.”
"Principalmente na Europa, autoridades já tinham adotado uma postura de cautela em relação ao governo de Jair Bolsonaro, com a própria Comissão Europeia trabalhando internamente com a perspectiva de que, em 2023, o presidente brasileiro já seria outro." Confira em
https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2022/09/26/governos-estrangeiros-recomendam-distanciamento-de-bolsonaro.htm
Coincidentemente (para quem acredita em coincidência), em relação a Idi Amin Dada, ocorreu o mesmo afastamento de líderes de diversas nações. Ninguém queria se relacionar com o Carniceiro de Uganda, como hoje todos os grandes líderes mundiais evitam o Genocida Brasileiro.
(*) Fernando Soares Campos é autor de "Saudades do Apocalipse - 8 contos e um esquete", CBJE, Câmara Brasileira de Jovens Escritores, Rio de Janeiro, 2003; "Fronteiras da Realidade - contos para meditar e rir... ou chorar", Chiado Editora, Portugal, 2018; e "Adeildo Nepomuceno Marques: um carismático líder sertanejo" (em parceria com Sérgio Soares de Campos), Grafmarques, Maceió, AL, 2022.
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