Adilson Roberto Gonçalves
Neste mês, em que se deveria comemorar a ciência e o dia do pesquisador, há um movimento para destinar espaços comumente reservados a colunistas para reflexão dos que trabalham com a vilipendiada ciência em nosso país. Assim, não será um artigo de análise aprofundada das questões científicas ou artísticas. Apenas são citadas algumas coincidências recentes que justificam o engenho e a arte como princípio de elaboração do conhecimento.
Um desses marcos foram os 80 anos de Gilberto Gil. O múltiplo artista é uma lufada de esperança em tempos tenebrosos em que vivemos. Seu interesse pela ciência e tecnologia é magistralmente retratado em composições como Quanta, mas não apenas isso. Sua visão global do conhecimento e do engenho humano fez construir uma cultura que transcende a música. O aniversário foi dele, mas sua existência é um presente para todos nós!
No sentido de abrir os espaços da mídia, Hugo Aguilaniu, do Instituto Serrapilheira, foi muito preciso em sua avaliação sobre “o papel da ciência nas eleições”, em artigo na Folha de S. Paulo (4/7). Há que se completar que tal alerta não é somente para a reconstrução das políticas públicas no governo federal, pois o Estado de São Paulo ainda não desistiu da sanha privatista do ex-governador João Dória. Lembremos que o Instituto Butantan, um dos protagonistas na produção e viabilização da vacinação nacional contra a covid-19, somente não foi privatizado porque o ex-governador viu na questão uma possibilidade para se destacar no jogo político e embate com o desgoverno federal. Se a mesma linha política permanecer com o postulante à reeleição ou candidato do governo federal de mesma linha anticiência, o risco continua. Ou seja, a ciência deve ser protagonista e também progressista nas eleições federais e estaduais.
Por fim, a Revista Pesquisa Fapesp noticiou a iniciativa de um atlas interativo do Rio de Janeiro, com imagens de várias épocas para acompanhar a evolução urbana da cidade. A ela somam-se as novas edições de clássicos da literatura ambientados na antiga capital do Brasil entre o final do século XIX e o início do século passado, contendo georreferenciação para os locais citados nos livros. São exemplos: O Cortiço e Triste Fim de Policarpo Quaresma, dentre outros. Importante que houvesse uma interlocução com o atlas, ficando a sugestão.
Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp, membro da Academia de Letras de Lorena, da Academia Campineira de Letras e Artes, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas e do Instituto de Estudos Valeparaibanos.
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