O marxismo e o fim da história
O marxismo é o único grande movimento filosófico que põe o homem no seu centro e por isso mesmo, coloca a sua luta para se livrar da opressão como meta.
Mais do que um sistema filosófico é uma leitura da História a partir de uma visão humanista e ocidental. Fruto detrês vertentes, o socialismo utópico francês, a filosofia alemã (Hegel) e as idéias econômicas inglesas que justificaram o capitalismo, o marxismo foi e é ainda a grande ameaça sobre a visão imobilizadora de que o atual sistema capitalista seria o ponto mais alto que é possível atingir a humanidade.
A fracassada tentativa de se criar um sistema social e político, teoricamente baseado em suas premissas, na União Soviética, deu armas aos pensadores ocidentais para criarem as filosofias da pós modernidade que atribuem ao homem um papel secundário nos acontecimentos políticos e sociais.
A partir de Nietzsche, Heidegger e seus seguidores, principalmente na França (Foucault, Derrida, Lacan, Lipoveski, Baudrillard) abandonou-se a centralização do homem como o grande agente da História e passou-se a ver os acontecimentos como fatos isolados, como eventos, uns mais ou menos importantes que os outros, mas sem que pudesse existir um nexo entre eles.
As pequenas histórias, de determinados grupos e as histórias familiares, passaram a centralizar as preocupações dos filósofos. O abandono do marxismo como instrumento de análise da sociedade, garantiria a permanência do capitalismo na sua versão tecnológica ocidental como o ponto mais alto a ser alcançado na organização social.
Francis Fukuyama seria a bandeira desse novo pensamento, com a sua afirmação do fim da história. A partir desse ponto haveriam eventos históricos, mas eles seriam incapazes de mudar o seu rumo.
As pessoas podem pensar que essas ideais pouco tem a verdade com a realidade do dia-a-dia das pessoas. Enganam-se. São elas, através da sua presença nas universidades e nos meios de comunicação, que justificam o sistema capitalista parlamentar como o ponto mais alto da socieadade humana.
A fragmentação que esses filósofos enxergam na História se traduz na fragmentação das lutas políticas sociais, toleradas e mais do que isso estimuladas pelo sistema capitalista.
Através da mídia, a grande agente mobilizadora do capitalismo, as lutas identitárias - todas louváveis - são transformadas em objetivos maiores da sociedade.
O racismo, o machismo, a homofobia, os preconceitos, são amplamente condenados e contra eles se fazem as leis, mas o que a mídia nunca permite que se diga é que eles são consequências de uma sociedade dividida em classes com interesses antagônicos. O marxismo diz isso, mas ele é sempre apontado como velho, ultrapassado e desumano. E as pessoas acreditam nisso.
Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS
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