Literatura negra e o papel da mulher na independência do Brasil em destaque na Colômbia
Escritores baianos participam da XVII edição do Parlamento Internacional de Escritores da Colômbia, que acontece entre os dias 21 e 24 de agosto de 2019, em Cartagena das Índias. Os seguintes nomes representam o estado da Bahia: Valdeck Almeida de Jesus, Cacau Novaes, Jovina Souza, Rita Pinheiro e Valdecy Almeida de Jesus, que vão falar sobre literatura brasileira, negra, com destaque para a produção das mulheres contemporâneas como Jovina Souza, Anajara Tavares, Djamila Ribeiro e Cidinha da Silva e sobre o papel da Guerreira Zeferina na Independência do Brasil.
Jovina Souza participa pela primeira vez do encontro e deve surpreender com sua poesia comprometida com a luta por respeito e direito à vida, como já tem feito em eventos pelo Brasil. Além de leituras de poemas, a escritora fará uma breve apresentação de seu mais novo livro "O Amor Não Está", lançado recentemente pela Editora Òmnira. Jovina afirma que "Indo pela primeira vez ao Parlamento Internacional de Escritores em Cartagena das Índias, sinto-me com uma grande responsabilidade, pois levarei uma poética que pretende ser uma voz que emerge da resistência ao racismo e ao machismo na perspectiva do levante e não do conformismo e da vitimização. Meu poema procura o subalterno em sua força ofuscada pelo discurso do opressor que o isola numa sensação de incapacidade, de vítima perpétua. O poder opressor é quem detém o poder de construir conhecimento sobre ele e sobre o subalterno, é também esse mesmo opressor quem cuida de fazer circular esse saber nos espaços pedagógicos onde identidades obedientes e amedrontadas são construídas. Denunciar essa manobra é um aspecto importante que compõe a estética que me interessa e transparece embaixo da minha letra. Minha poesia é dar força para o fazer e libertar-se".
Rita Pinheiro está em sua terceira participação no Parlamento, onde já apresentou sua produção literária, fez homenagem ao poeta Valdeck Almeida de Jesus e, este ano, fará uma palestra sobre o protagonismo das mulheres negras no campo literário. Para a professora Rita, "é inegável o legado deixado pelos escritores Luiz Gama, Cruz e Souza, Machado de Assis e Lima Barreto, referências para a produção literária atual, mas eu defendo que a mulher negra deixe de ser coadjuvante, passando a ser protagonista na história literária brasileira. E minha apresentação na Colômbia é justamente nessa direção. Falarei da escrita de Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus, Cidinha da Silva, Djamila Ribeiro, Anajara Tavares e Jovina Souza". Rita Pinheiro continua: "Participar pelo terceiro ano tem sido uma rica experiência. Como mulher brasileira, busco, através da arte literária, quebrar paradigmas de um protagonismo masculino histórico diante da invisibilidade feminina. O tema escolhido esse ano surge da necessidade de discorrer o momento atual em que o Brasil se vê diante de escritoras negras que trazem em suas produções um "grito" por um espaço, até então protagonizado pelos homens". A Garimpeira da Cultura completa: "O evento literário promove a arte do encontro entre pessoas de várias partes do mundo; a troca de experiências se faz de forma natural. A diversidade cultural aparece: nas vestes, costumes, cultura, língua onde palavra de ordem é: "Amizade". Levar a temática do protagonismo da mulher negra na literatura é um desafio; mas já não cabe espaço para a invisibilidade até então ocorrida historicamente. Vida longa ao nosso encontro, e desde já agradeço a toda organização pelo zelo com todos os participantes."
Cacau Novaes está radiante com a viagem: "Este ano vou participar pela primeira vez do XVII Parlamento Internacional de Escritores da Colômbia, em Cartagena, o que me deixou muito honrado. Neste encontro pretendo divulgar a nossa literatura e brasileira e,
principalmente, baiana para participantes de outros países, presentes no evento, mostrando quão grande é a produção literária recente em nosso país e também no estado da Bahia. Outro objetivo também é a promoção de intercâmbio e, ao mesmo tempo, o estreitamento dos laços com outros escritores latino-americanos. Uma grande expectativa tem tomado conta de mim, em relação à participação, através da leitura de poemas e apresentação de um dos meus trabalhos mais recentes, o livro "Você não sabe do que é capaz".
Valdecy Almeida de Jesus faz sua primeira viagem internacional como observadora e vai representar a Editora Galinha Pulando que, apesar de estar com suas atividades suspensas temporariamente, deve voltar à ativa para continuar o trabalho de publicação e promoção da poesia negra e marginal, com incentivo, principalmente a jovens escritores.
Valdeck Almeida de Jesus, o veterano no Parlamento, na condição de Embaixador, além de acompanhar o grupo, fará uma palestra sobre Guerreira Zeferina e sua importância na luta pela Independência do Brasil. O artigo será defendido perante a plateia de escritores e demais convidados e foi escrito em parceria com a poeta Renata Rimet, teve revisão da doutoranda em Língua e Cultura Lorena Cristina Ribeiro Nascimento e tradução ao espanhol pela escritora colombiana Daniela Henao Osório. Para Valdeck Almeida e Renata Rimet "o espírito ancestral da Guerreira Zeferina desborda fronteiras temporais e tem repercussões nos dias de hoje, passados séculos de sua atuação, luta e demonstração do poder da mulher." E completam: "Esse espírito também rompe com o silêncio histórico sobre a potência da mulher e inspira outras guerreiras como as(os) poetas do Coletivo ZeferinaS, que mantém a luta por empoderamento, bem como as guerreiras que estão nessa caravana à Colômbia."
Comitiva baiana
Jovina Souza - é graduada em Letras Vernáculas, tem seus estudos concentrados na Literatura Brasileira e Teoria Literária. É especialista em Estudos Literários e Mestra em Teoria e Crítica da Cultura e da literatura. Dedica-se a escrever poemas, contos e textos acadêmicos. Seu primeiro livro "Agdá" foi publicado em 2012, depois Caminho das Estações (2018) e O Amor Não Está (2019). Tem textos publicados em várias coletâneas e antologias, dentre elas Cadernos Negros (Quilombhoje/SP 2014 e 2016), e O protagonismo feminino em verso e prosa (Editora Scortecci, 2016), Com Amor & Luta (Ed. Òmnira/BA-2017), As Carolinas (Editora Penalux, 2017). A poeta publica também nas redes sociais.
Rita Pinheiro - Professora aposentada, educadora social, bonequeira, escritora, desenvolve trabalhos sociais levando sua arte por toda parte do mundo. Autora de cinco livros, participando de antologias no Brasil e em outros países; também autora de artigos palestrando em escolas públicas e particulares. Conhecida como "Garimpeira da Cultura", incentiva e divulga movimentos culturais, o que resultou na produção de dois vídeos-documentários e uma exposição fotográfica já visitada por mais de 1.500 pessoas. Participante de grupos poéticos locais, é diretora social do grupo de Ação Cultural da Bahia e Secretaria da União Baiana de Escritores (UBESC). Militante da Paz, tem os seus poemas recitados por pessoas em todo o mundo; desenvolve trabalho no combate das mazelas sociais mundiais como: Feminicídio, Genocídio de jovens, trabalho infantil, dentre outros.
Valdecy Almeida de Jesus - Como editora da Galinha Pulando representa o Brasil e a literatura brasileira na Colômbia. Através da Galinha Pulando, sempre priorizou a qualidade, conteúdo e principalmente a literatura transformadora, a qual é capaz de nos
fazer refletir sobre a vida, não ser somente mais um livro na estante. Tem como principais conquistas na editora ter publicado diversos livros e além disso ter participado da criação, idealizado por Valdeck Almeida de Jesus, do concurso Galinha Pulando, em que cada poeta é selecionado através de sua poesia, recebendo um livro. Este concurso atraiu a atenção de diversos países de todos os continentes, demonstrando a força que nosso trabalho havia alcançado.
Valdeck Almeida de Jesus - escritor, poeta, jornalista, ativista cultural e mecenas do Prêmio Galinha Pulando de Literatura desde 2005. Autor de mais de 20 livros, coautor de 150 antologias, tem textos publicados em inglês, português, italiano, alemão, holandês, francês e espanhol. Embaixador do Parlamento Internacional de Escritores da Colômbia, Membro-fundador da União Baiana de Escritores - UBESC e do Fala Escritor (2009), participa de academias de letras e associações de artistas da palavra. Frequentador do Sarau da Onça, Sarau do Gheto, Sarau da Paz, Sarau do JACA, Sarau da Raça, Sarau Urbano e outros, todos na periferia de Salvador-BA, o poeta se alimenta desse caldeirão de palavras e rimas, troca experiências e dá sua contribuição à cena literária baiana. Foi presidente do Colegiado Setorial de Literatura do Estado, em 2012/2013. É membro do Conselho Diretivo do Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca do Município de Salvador, é membro convidado do grupo de pesquisa Rede ao Redor, do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos - IHAC/UFBA.
José Carlos Assunção Novaes (Cacau Novaes) é Doutorando em Língua e Cultura; Mestre em Letras; Especialista em Língua Portuguesa, em Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual, e Jornalismo Empresarial e Assessoria de Imprensa (MBA); Licenciado em Letras Vernáculas. Poeta e escritor, autor de Marádida (Selo Letras da Bahia, 2002/Editora Buriti, 2017), Os poetas estão vivos (Editora Mondrongo, 2015), As Sandálias (Editora Mondrongo, 2016) e Você não sabe do que é capaz (Editora Penalux, 2017). Participou também de várias antologias de poesias e contos, dentre elas "Vozes Portuguesas: 1ª Antologia do Núcleo Académico de Letras e Artes de Lisboa" (NALAL/Literarte, 2017). Tem poemas publicados nas revistas Iararana (2001) e Bahia Beat (2018). Recebeu diversas premiações, dentre elas, Troféu Castro Alves de Poesia Falada (Câmara de Vereadores de Salvador, 2005); Troféu Leonardo (Instituto de Cultura Brasil Itália Europa - ICBIE - Salvador, 2015); Troféu Cora Coralina (Academia de Letras de Goiás, 2016); Prêmio Nordeste de Literatura (Literarte, João Pessoa, 2016); Troféu Machado de Assis (Núcleo Académico de Letras e Artes de Lisboa - NALAL, 2017); Medalha Nelson Mandela (Literarte e ALMAS, 2018). Participou da Bienal do Livro da Bahia, realizado em Salvador - Bahia, em 2005 e 2013, e da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em 2018, realizado em Salvador - Bahia. Membro correspondente da Academia de Letras de Goiás (ALG), da Academia de Artes Ciências e Letras de Vitória (ACLAV), ambas do Brasil, e também do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal (NALAP). Sua biografia está no Dicionário de Autores Baianos publicado pela Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia, em 2006. Atualmente, faz a curadoria do Nosso Sarau, evento mensal que acontece na Biblioteca do Goethe-Institut Salvador-Bahia. É membro do Conselho Municipal de Política Cultural de Salvador-Bahia-Brasil.
O XVII Parlamento Internacional de Escritores da Colômbia atualmente tem delegados por toda a Colômbia e diversos países, e é o evento acadêmico e literário de maior qualidade, maior atração entre os intelectuais do país e que realiza a maior projeção de Cartagena para o mundo. Declarado como de "Interesse Cultural" pelo Conselho de Cultura do Distrito de Cartagena, é cofinanciado pelo Instituto de Patrimônio e Cultura de Cartagena, Ministério da Cultura, Câmara de Comércio de Montería, Corporação Universitária do
Caribe (CECAR), Instituição Tecnológica "Colégio Mayor de Bolívar", Teatro Adolfo Mejía, assessoria da Cara de Cultura de Cartagena, Restaurante Las Indias Boutique Gormet, Casa Museo "Rafael Nuñez", dentre outros.
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