SANTOS-SP -- Resgatar a influência nordestina na Baixada Santista esse foi o tema da videorreportagem que os alunos Fernanda Cavalcanti, Jefferson Silvestre, Paola Vianna e Viviane de Jesus apresentaram como trabalho de conclusão de curso à Faculdade de Comunicação do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), de Santos-SP. Considerado uma contribuição pioneira e inestimável para a região, já que são raros os estudos acadêmicos sobre o assunto, o trabalho mereceu a nota máxima dos professores Adelto Gonçalves e Chrystianne Leite, que formaram a banca examinadora.
Com entrevistas com historiadores e figuras representativas da cultura nordestina na região, o trabalho procurou registrar não apenas a presença, mas também a influência que os migrantes nordestinos exerceram de diversas maneiras na cultura, culinária, música, linguagem, folclore, entre outras características, na região metropolitana da Baixada Santista.
Um dos entrevistados foi a professora Inês Garbujo Peralta, doutora em História pela Universidade de São Paulo, em razão de sua ampla experiência em temas como Cubatão, industrialização e história urbana. Também deu depoimento o cantor Broto do Rojão, um dos pioneiros na apresentação de conjuntos de forró, que, na década de 1960, manteve programa dedicado à música nordestina na Rádio Cacique, de Santos.
A jornalista recém-formada Viviane de Jesus destacou que, segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), cerca de 20,49% da população da região metropolitana da Baixada Santista são compostos por migrantes vindos de diversos Estados do Nordeste. Embora não esteja presente em estudos acadêmicos nem seja muito reconhecida na imprensa, disse Viviane, a presença desta camada da população é visível nos nove municípios que englobam a região (Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Guarujá, Cubatão e Bertioga).
Sem muito esforço, empiricamente, é possível constatar isso passando por áreas como a Zona Noroeste da cidade de Santos, os bairros-cota localizados em Cubatão e o distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, para citar apenas três cidades da região, disse.
Já Fernanda Cavalcanti ressaltou que os migrantes nordestinos que se deslocaram para o Estado de São Paulo, em sua maioria, vieram em busca de trabalho e, obviamente, quando chegaram à região, estavam desprovidos de recursos financeiros, passando a viver em uma esfera cultural diferente da população do Sudeste. A Baixada Santista foi um grande chamariz para esses nordestinos, que começaram a chegar não só para trabalhar no porto de Santos como para participar da construção da Via Anchieta (1939-1947), da implantação da indústria siderúrgica em Cubatão na década de 1950 e, mais recentemente, na década de 1970, da construção da Rodovia dos Imigrantes, observou.
Para a professora Chrystianne Leite, coordenadora do curso de Jornalismo do Unimonte, o trabalho sobre a cultura nordestina na Baixada Santista prima pela qualidade e merece representar a instituição em concursos e simpósios acadêmicos na área de vídeorreportagem e documentário.
Adelto Gonçalves
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