Manipular o tempo sempre foi um dos maiores sonhos da humanidade. E embora ainda estejamos longe de construir uma máquina do tempo como nos filmes, um novo experimento realizado por físicos europeus está nos fazendo repensar o próprio conceito de tempo. Usando luz em estado quântico, os cientistas conseguiram simular a reversão do fluxo temporal em condições de laboratório — um feito sem precedentes.
O estudo, conduzido por pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de Viena, mostrou que é possível inverter o sentido do tempo de partículas de luz (fótons) em sistemas altamente controlados. A técnica consiste em manipular as fases das ondas de luz, recriando um estado anterior como se os eventos estivessem “desacontecendo”. Isso não significa voltar no tempo literalmente, mas sim desafiar a chamada seta do tempo, uma das bases da termodinâmica.
Os físicos criaram pares de fótons entrelaçados (um fenômeno conhecido como entrelaçamento quântico) e os submeteram a circuitos ópticos que imitam diferentes estágios temporais. Combinando medições delicadas e algoritmos de retropropagação, foi possível reproduzir estados anteriores de forma matemática e experimental. Um dos artigos informa que os resultados abrem caminho para aplicações em computação quântica e simulações temporais reversíveis.
“O que fizemos não foi viajar no tempo, mas demonstrar que a ordem temporal de certos processos físicos pode ser invertida sob condições específicas”, afirma o físico Markus Hubel, um dos autores. Essa reversibilidade, segundo ele, é imperceptível no mundo cotidiano, mas torna-se possível quando se opera em escalas quânticas, onde as leis clássicas deixam de valer por completo.
A implicação mais direta é a revisão de como compreendemos o tempo como uma variável unidirecional. Em sistemas quânticos, o passado e o futuro podem ser manipulados matematicamente, e o experimento com luz é uma das primeiras demonstrações práticas desse fenômeno. Isso tem impacto não apenas em física fundamental, mas também em áreas como criptografia, inteligência artificial e física de partículas.
Embora ainda estejamos longe de qualquer aplicação prática cotidiana, os resultados desafiam a percepção linear do tempo e indicam que o futuro da física pode estar repleto de surpresas — inclusive aquelas que parecem saídas da ficção científica.
Se o tempo pode ser dobrado, ainda resta a pergunta: será que algum dia também poderá ser vencido?
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