O dia era mesmo dos gêmeos. Rosinete Palmeira, 51, tornou-se a primeira mãe na história da medicina que gerou gêmeos por fertilização in vitro para uma filha, Michelle Pereira, de 27, que não podia engravidar. Dos santos, Cosme e Damião. E dos filhos de devotos, Bentinho e Vitinho, como a mãe chama Antônio Bento e Vitor Gabriel. Os bebês nasceram ontem, no Recife, com a proteção dos patronos das creches e dos médicos, como diz a avó, e disputando com a festa para os padroeiros, o espaço no noticiário. Os pequenos pernambucanos já são famosos. Entraram para a história. Foi a primeira vez no mundo, segundo os médicos que acompanharam a gestação e o parto, que uma mãe gerou bebês gêmeos para uma filha. Rosinete Palmeira, 51, "emprestou" o útero para Michelle Pereira, de 27, que não podia engravidar. Aceitou sem titubear o pedido para ser barriga de aluguel.
Encarou o desafio de uma gravidez nessa fase da vida e teve muita sorte. Ou benção, como ela prefere dizer. Teve sucesso logo na primeira tentativa de fertilização in vitro, chegou à 38ª semana de gravidez, o que ocorre em apenas cerca de 30% das gestações de gêmeos, e teve bebês saudáveis, que nem precisaram da UTI neonatal e já devem receber alta médica amanhã.
O primeiro rostinho a aparecer foi de Antônio Bento. Em meio a lágrimas, correntes de orações e da torcida dos amigos, jornalistas e funcionários do hospital, que assistiam ao parto por um aparelho de TV. Ele nasceu às 14h32min, medindo 46 cm e pesando 2,410 kg. Seu irmão, que não é idêntico, veio ao mundo logo em seguida, apenas um minuto depois.
Vitor Gabriel nasceu com 2,930 kg e 47,5 cm. E se mãe e pai já disputavam antes para ver com quem os bebês pareciam, com base apenas nas imagens dos exames, depois de ver e segurar os filhos, eles continuaram arriscando palpites. "Parecem comigo" - disse, coruja, o pai das crianças, Antônio Brito Pereira, 33. "Estão dizendo que Bento parece comigo e Vitor com o pai", brincou Michelle.
Até o clube de futebol que os meninos vão torcer já entrou na disputa. O avô José Maria quer que eles torçam pelo Náutico, time de coração dele e da mulher, Rosinete. Já o pai quer puxar a preferência dos filhos para o Sport, clube que ele e Michelle torcem. Mas, toda essa descontração vista depois do parto, era rara antes dos meninos nascerem.
Rosinete, que é marinheira de muitas viagens, com três filhos, sendo o mais novo de 25 anos e o mais velho de 30, parecia mais tranqüila. Já Michelle tinha a ansiedade estampada no rosto. Também, pudera. Durante quatro anos ela tentou engravidar sem sucesso. Tem útero rudimentar e não pode ter filhos, exceto com a ajuda da tecnologia da fertilização in vitro. Encarou toda a gravidez como qualquer futura mamãe. Acompanhou de perto a gestação, fez recomendações a Rosinete e sonhou quase todos os dias com os rostinhos dos bebês, de acordo com o Diário de Pernambuco.
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