Celebramos dia 14 o nosso vigésimo aniversário. Gostaria de partilhar uns pensamentos com @s noss@s prezad@s contribuidores/as e leitores.
Há precisamente vinte anos, no dia 14 de setembro de 2002, a versão portuguesa da Pravda.Ru foi lançada, a intenção inicial sendo criar um órgão de notícias que não só se dedicasse à publicação de notícias da Federação Russa mas também, um sítio onde se pudesse encontrar, esporádicamente, notícias oriundas dos países e territórios lusófonos. Por outro lado, considerámos na altura, depois do lançamento das versões Russa em 1999 e inglesa em 2000, que pudessemos chegar aos 300 milhões de pessoas que falam português, os que acedessem ao nosso portal, trazendo uma versão das notícias diferente da mídia comprada e de acordo com a verdade, significado da palavra russa “Pravda”.
Explicámos então que esta versão da Pravda não é a Pravda antiga porque fechou mas que a nossa versão foi relançada por jornalistas da antiga Pravda e ganhou o direito nos tribunais de usar o mesmo logotipo, sendo em vez de uma publicação em papel, um jornal electrónico, ou Pravda Online, e daí constatarmos que somos a continuação no ciber-espaço, sendo Pravda.Ru, hoje em dia não só apresentando as ideias do Partido Comunista, embora muitos/as escritores/as são comunistas, mas apresentando uma visão russa dos eventos mundiais e globalmente, da esquerda.
Desde o dia um, relativamente às notícias diárias mundiais, nunca se encontrou aqui nestas linhas qualquer fabricação, meia-verdade ou mentira. Enquanto alguns basearam guerras em mentiras, nós aqui dissemos e dizemos os factos como são, sem medo de represálias, porque respeitamos os nossos leitores.
Isso, apesar de eu ter recibo inúmeras vezes ameaças de morte, ameaças de meter o meu cão em ácido, ameaças de me torturar, queimar a casa, e por aí fora, ataques directas contra o escritorio, ataques de ciber-terrorismo contra meu router pessoal, contra a ligação, contra o servidor, contra o sistema, ao longo de vinte longos anos.
Por quê não desistí? Porque respeitamos os nossos leitores.
Ora, uma coisa muito importante, e fundamental, desde o início da versão portuguesa. Sem contribuidores, nem haveria material para os leitores lerem, porque grande parte do nosso conteúdo é fornecida gratuitamente e de forma voluntária e generosíssima por aqueles que desde o início abraçaram o projecto e ofereceram seu material para nós publicarmos. Foi esse amor pelo projecto, essa vontade colectiva no mundo lusófono de manter no ar uma publicação destas, que me tocou profundamente desde aquele dia em 2002 quando escrevi o primeiro editorial da versão portuguesa da Pravda.Ru, que foi o seguinte:
“Inicialmente, providenciará notícias dos eventos na Federação russa e numa fase posterior, irá apresentar páginas para noticiar acontecimentos em cada país lusófono, prestando um serviço de informações para os que estiverem interessados em investir ou viajar para a Federação russa.
Esta versão existe dentro da família das três versões da Pravda.Ru. O Director e Chefe de Redacção (CR) é Timothy Bancroft-Hinchey, radicado em Portugal há 22 anos e também jornalista, correspondente da Pravda.Ru em Lisboa.
O Presidente CR da versão russa é Vadim Gorshenin. Inna Novikova é Directora Geral e CR da versão inglesa, os co-editores sendo Dmitry Sudakov e Timothy Bancroft-Hinchey.
Bem vindos!”
Desde aquele dia, fiquei sensibilizado pelo calor humano, sentido de apoio, boa vontade, sem interesse próprio, de centenas de mulheres e homens do Brasil, de Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Goa, Damão, Diu, Timor Leste e a diáspora lusófona à volta do mundo, que com seu material, ajudaram a criar outra maneira de ler as notícias e outra forma de as encarar.
Eu pessoalmente e Pravda.Ru como órgão, estivemos sempre na vanguarda do chamado Jornalismo de Intervenção, pois começámos com a versão russa em 1999 quando a Rede estava ainda a chegar às pessoas, a versão russa sendo o primeiro jornal generalista electrónico do mundo e sempre analisámos os eventos de forma equilibrada, vendo e explorando sempre o outro lado da notícia e providenciando às pessoas toda a verdade sobre os acontecimentos.
Nós, Pravda.Ru, e os/as contribuidores/as, creio eu, fizemos a nossa parte em criar um clima em que as pessoas ganharam o hábito de questionar as notícias, esforçando cada vez mais a Média comprada e ser mais objectiva e não apenas servir de abrigo para interesses privados e de grupos poderosos, apresentando um só lado do evento e ignorando o contexto, tratando os leitores como imbecis.
Toda a gente sabe que Kosovo, por exemplo, faz parte integral da República da Sérvia e que não tem qualquer direito a criar uma nação independente, por isso a grande maioria dos países não o reconhecem como tal. Toda a gente sabe que a guerra contra o Iraque foi baseada em mentiras puras. Toda a gente sabe que a intervenção da OTAN na Líbia foi uma aberração em que crimes de guerra foram cometidos, a grelha da electricidade foi destruída, o fornecimento de água também, hospitais foram bombardeados, casas abrigando crianças foram descritas como alvos legítimos.
Os que fizeram estes crimes hoje em dia berram obscenidades contra a Rússia sem referirem ao contexto deste conflito uma única vez. Aqui nestas páginas não vão ler artigos glorificando os acontecimentos na Ucrânia, porque na minha opinião o conflito armado nunca merece ser glorificado, mas vão encontrar material equilibrado que respeita todos os lados nesta operação especial militar, vão encontrar referências de respeito aos ucranianos, às vítimas, mas as vítimas dos dois lados, incluíndo aqueles assassinados por fascistas só porque falavam russo e os ataques contra Donbass ao longo de oito anos, referências ao Batalhão Azov, que dentro das Forças Armadas da Ucrânia usava insígnia neo-Nazista. Onde se vê isso, senão na Ucrânia? Estes são factos, providenciando o contexto e na minha opinião fazem parte da história.
Dizer a verdade é respeitar os intervenientes, e o leitor é que forma a sua opinião. Como pode chegar a uma conclusão se só se lhe apresentam mentiras e meias-verdades? E ainda por cima, censura contra órgãos de informação russos. Têm medo da verdade, ou quê? Não?? Então por quê a censura? Por quê os ataques ciber-terroristas contra os restantes? Isso é digno, é civilizado?
O mérito de tudo isso que conseguimos, modéstia à parte, não é nada meu, pois eu ando aqui há duas décadas escrevendo algum material (muito mais pela versão inglesa), mas a maior parte do tempo, colocando os artigos daqueles que ontem e hoje fizeram este jornal. Numa equipa de futebol, nenhum jogador consegue vencer sozinho. Por isso o mérito é dos que contribuíram ao longo dos anos à Pravda.Ru.
No início, porque éramos poucos, tive a possibilidade de nomear todos. Hoje, se nomear alguns, cometo o erro de não mencionar outros. Basta ler as nossas páginas para verem quem são hoje. Fernando, Edu, Pedro, Adilson, Carlos, Amyra, Valter, Mário, Jolivaldo, Flávio, Ricardo...ontem foi Armando Costa Rocha e Armando Rozário, Carlo, Alberto...e muitos/as outros/as.
Do fundo do coração, muito obrigado. A versão portuguesa deve tudo a vocês pelo vosso espírito de generosidade, sinceridade, dignidade e amor pela causa, que é uma coisa singular que encontrei no mundo lusófono e que 42 anos depois, me viu adquirir com orgulho a nacionalidade portuguesa.
Mais uma vez, um grande abraço de amizade para tod@s!
Timothy Bancroft-Hinchey Director e Chefe de Redacção Versão portuguesa da Pravda.Ru
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