A árvore e a floresta
Talvez o mais difícil para as pessoas que analisam os eventos políticos seja se desprender do singular e compreender o todo.
É aquela velha história de enxergar a árvore e não perceber a floresta
Na época em que dirigia a FM Cultura, DO Governo do Estado, em Porto Alegre,eu fazia um programa de debates sobre cultura e política.Naquela ocasião,a jornalista Eliane Brum, havia lançado um livro sobre a Coluna Prestes, que fazia sucesso, na medida em que ela dava voz aos críticos da coluna a partir de indivíduos que viram a Coluna passar por seus vilarejos.. Para debater com ela, chamei o professor Mário Maestri Confesso que deixei de lado a posição de mediador e modestamente tratei de ajudar o Mário a mostrar a ela que não faz sentido enxergar os grandes movimentos históricos (as revoluções) pelos possíveis prejuízos que trouxeram a algumas pessoas.
Esse parece ser um vício de jornalistas e não de historiadores. Um historiador verá na Revolução Francesa uma grande e vitoriosa luta de classes; o jornalista só enxergará a guilhotina. O historiador verá na Revolução Russa a primeira tentativa de construir um regime socialista; ao jornalista, só vai interessar o perfil ditatorial de Stalin. O historiador verá na Revolução Cubana a libertação de um povo do jugo colonialista americano; o jornalista só enxergará o Paredon. A maioria das pessoas segue normalmente o que dizem os jornalistas.No caso do fascismo e do nazismo, tudo se reduziria à maldade de
Mussolini e Hitler. No Brasil, elas se dividirão entre os que sonham com a volta do Lula e os que votaram no Bolsonaro.
Fora disso é conversa fiada de historiadores.
Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS
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