A guerra fria decididamente passou à história. Nos anos que correm, a força dos blockbusters hollywoodianos impôs-se de maneira definitiva no campo de seu antigo arqui-inimigo.
Da Rússia soviética aparentemente pouco sobrou em termos ideológicos - e a sua juventude segue serenamente os modelos que as suas antigas gerações tanto combateram. Neste ano de 2012, por exemplo, filmes norte-americanos que se deram mal na bilheteira local e precisavam de equilibrar as contas no exterior, contaram com a ajuda preciosa dos russos - em diversas situações o país onde estes filmes mais faturaram.
O caso mais sensacional é o de "Battleship". Reconhecido por alguns críticos norte-americanos como um curioso falhanço dado ser um filme extremamente patriótico, foi justamente na Rússia que ele adquiriu a sua maior bilheteira internacional! Ganhos, aliás, fundamentais para evitar prejuízos, já que dos U$ 209 milhões gastos, apenas U$ 67 milhões foram recuperados no seu país natal. Na Rússia, faturou U$ 21,9 milhões.
Mas não é o único. Foi na Rússia que flops como "John Carter" aliviaram um bocado o prejuízo: rendeu no país de Gorbachev U$ 33.3 milhões, quase metade do que rendeu nos Estados Unidos. "Wrath of Titans" (U$ 22,2 milhões), "This Means War" (U$ 12, 8 milhões) "Underworld, the Awakening", (U$ 12,2 milhões) foram todos filmes que falharam nos EUA e tiveram na Rússia a sua melhor bilheteira no exterior - e a lista poderia continuar.
Enquanto a indústria cinematográfica russa afunda na crise, apenas seis filmes nacionais figuram entre os 40 primeiros - e o mais visto destes só aparece na vigésima posição. No fundo, essa é uma vitória esmagadora, para o bem ou para o mal, da política ocidental. A indústria cultural norte-americana dá assim o seu golpe de misericórdia no antigo baluarte comunista.
Roni Nunes
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter