A ANJ - Associação Nacional de Jornais - tem um ótimo documento sobre a história do jornal no Brasil. Interessante notar o quanto a impressão da informação era sujeita à censura nos diversos governos, desde os tempos do rei D. João III. Apesar de São Paulo ter hoje uma imprensa forte, foi no Rio de Janeiro que os primeiros jornais foram instalados, provavelmente ela força de ter-se tornado a capital do Império do Brasil.
Confira abaixo alguns dos principais momentos da história do jornal no Brasil. É possível conferir o documento completo no site da ANJ .
1537 - O rei D. João III inaugura a legislação de imprensa em Portugal e suas colônias ao conceder ao cego Baltazar Dias a exclusividade da impressão de suas obras, mas sujeitas à censura, no tocante aos aspectos religiosos.
1647 - Com parte do território brasileiro sob ocupação holandesa, é publicado Brasilsche Gelt-Sack, tendo o Brasil como local de impressão. Esse folheto seria o primeiro texto impresso no País, embora a indicação do local de impressão seja considerada falsa. É certo, contudo, que os holandeses comandados por Nassau fizeram gestões com o objetivo de instalar uma oficina tipográfica em seus domínios no Nordeste brasileiro.
1746 - Antônio Isidoro da Fonseca transfere sua oficina de Lisboa para o Rio de Janeiro. É o primeiro prelo a funcionar no Brasil. Com a devida autorização do governador Gomes Freire, imprimiu três textos que, apesar de não constituírem ameaça à ordem colonial, foram objeto de uma Ordem Régia em 1747, mandando seqüestrar e enviar as "letras de imprensa de volta ao Reino, por conta e risco de seus donos".
1808 - 1º de junho. Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça funda em Londres o Correio Braziliense, considerado o primeiro jornal brasileiro. Em 1822, quando já era vendido legalmente no Rio de Janeiro, seu preço era de 1.280 réis, cerca de R$ 71,70 aos preços de hoje. Em 10 de setembro, começa a circular a oficialista Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal impresso no Brasil, dirigido por Frei Tibúrcio José da Rocha.
1821 - 1º de março. É lançado o Conciliador do Reino Unido, primeiro jornal privado brasileiro, editado por José da Silva Lisboa. Era impresso na única tipografia do Rio de Janeiro, a Imprensa Régia, da qual era um dos diretores. Em 1º de junho, começa a circular o Diário do Rio de Janeiro, o primeiro jornal diário e o primeiro de informação geral privado do País, criado por Zeferino Vito de Meireles. Em 15 de setembro, surge o primeiro jornal declaradamente de oposição ao governo português e defensor da independência: o Revérbero Constitucional Fluminense, editado por Gonçalves Ledo.
1852 - 1º de janeiro. Circula no Rio de Janeiro o Jornal das Senhoras, o primeiro jornal dirigido ao público feminino comprovadamente administrado por mulheres do Brasil.
1874 - 19 de janeiro. Inauguração do cabo telegráfico submarino ligando o Brasil à Europa. Com isso, as agências noticiosas Reuters e Havas instalaram escritório conjunto no País, cujos jornais passaram a receber informação internacional atualizada.
1878 - 20 de julho. A revista ilustrada e humorística O Besouro, do Rio de Janeiro, fundada pelo cartunista português Rafael Bordalo Pinheiro, publica as primeiras fotos da imprensa brasileira, retratando crianças vítimas da seca do Nordeste.
1892 - Os jornais brasileiros buscam aumentar a circulação com o recurso aos primeiros jornaleiros e à instalação das primeiras bancas de jornais e revistas.
1907 - O jornal carioca Gazeta de Notícias, fundado em 1875, torna-se o primeiro jornal brasileiro a usar cores.
1923 - 31 de outubro. Com o País sob estado de sítio, entra em vigor a Lei de Imprensa conhecida pelo nome do autor do projeto que a originou, o senador paulista Adolfo Gordo.
1924 - 2 de outubro. Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo compra o diário carioca O Jornal, a partir do qual constituiria os Diários Associados, o primeiro e maior conglomerado de mídia da história do Brasil, formado por 85 veículos de comunicação, entre os quais mais de 30 jornais.
1925 - 29 de julho. Irineu Marinho, proprietário do jornal carioca A Noite, lança o matutino O Globo. Três semanas mais tarde, falece. Seu primogênito, Roberto, com apenas 20 anos, assume a direção da empresa a partir da qual constituiria a maior rede de televisão do país.
1950 - O Diário Carioca adota o primeiro manual de redação e estilo do Brasil - um folheto de 16 páginas, com o título Regras de redação do Diário Carioca.
1967 - 9 de julho. O jornal Cidade de Santos torna-se o primeiro jornal brasileiro a adotar o sistema offset - uma revolução tecnológica pela qual fotolitos substituíam o molde de chumbo das páginas. Desapareciam das oficinas o chumbo, o "flan" e a calandra, substituídos pelo filme e pelas chapas de alumínio.
1969 - 17 de outubro. Editado o Decreto-Lei 972, o exercício da profissão de jornalista passa a ser exclusividade de formados em "curso superior de jornalismo".
1986 - 5 de maio. Começa a circular, em Florianópolis, o Diário Catarinense, o primeiro jornal totalmente informatizado da América Latina.
1988 - 5 de outubro. Promulgada a nova Constituição Federal. A liberdade de imprensa é assegurada e vedada toda forma de censura política, ideológica ou artística.
1995 - 28 de maio. Inaugurado o primeiro jornal eletrônico do país, o JB Online.
1996 - 28 de abril. Lançado, em caráter experimental, o Universo Online base da Folha Online, o primeiro jornal em tempo real em língua portuguesa.
Walter Caetano Costa
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