O líder revolucionário cubano Fidel Castro prevê, em artigo intitulado Morre o golpe ou morrem as Constituições, divulgado neste sábado (11), que se Manuel Zelaya não retomar a presidência de Honduras, a autoridade dos governos civis latino-americanos será abalada e regressarão os golpes militares.
Se o Presidente Manuel Zelaya não for reinvestido nas suas funções, escreve Fidel no site www.cubadebate.cu, uma onda de golpes de Estado ameaça varrer muitos governos na América Latina, ou eles estarão à mercê da extrema-direita militar, formada na doutrina de segurança da Escola das Américas, especialista em tortura, guerra psicológica e terror.
Acrescenta Fidel:
A autoridade civil de muitos governos na América do Sul e Central seria enfraquecida. Eles não estão muito longe desse tempo tenebroso. Os militares golpistas nem vão dar atenção à administração civil dos Estados Unidos. Pode ser muito negativo para um Presidente que, como Barack Obama, pretende melhorar a imagem desse país. O Pentágono obedece formalmente ao poder civil. As legiões, como em Roma, ainda não assumiram o comando do império.
Fidel Castro põe em causa a iniciativa de procurar o diálogo directo com o governo de facto de Roberto Micheletti, considerando tratar-se de uma armadilha e uma humilhação para o Presidente legítimo das Honduras.
Que horrível é ver um Presidente [Oscar Árias, da Costa Rica, anfitrião do encontro] receber um usurpador e tratá-lo da mesma maneira que ao Presidente legítimo, comentou Chávez.
Zelaya sabe que não é apenas a Constituição das Honduras que está em jogo, mas o direito dos povos da América Latina a escolher os seus dirigentes, comenta Fidel Castro.
O presidente ilegalmente derrubado não procura o poder, mas defende um princípio e, como disse José Martí [líder da revolução independentista cubana], um princípio justo no fundo de uma cova pode mais do que um exército, afirma.
Ele disse também que Zelaya foi pressionado para que negociasse um humilhante perdão pelas ilegalidades atribuídas a ele, e que esse país está ocupado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos.
Fidel diz que enquanto o presidente americano, Barack Obama, declarava que o único presidente constitucional de Honduras é Zelaya, em Washington, a extrema direita e os falcões manobravam para que este negociasse o humilhante perdão.
Era óbvio que esse ato significaria perante os seus e perante o mundo seu desaparecimento do cenário político, afirma.
Não seria compreensível que Zelaya admita agora manobras dilatórias que desgastariam as consideráveis forças sociais que o apoiam, comenta Fidel.
Ele afirma que Honduras é hoje não só um país ocupado pelos golpistas, mas também um país ocupado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos.
Segundo Fidel, a base militar de Soto Cano, a 100 quilômetros de Tegucigalpa, foi utilizada pelo coronel americano Oliver North quando dirigiu a guerra suja contra a Nicarágua, e Washington dirigiu dali ataques contra os revolucionários salvadorenhos e guatemaltecos.
Ali se encontra a Força de Tarefa Conjunta Bravo dos Estados Unidos, composta por elementos das três armas, que ocupa 85% da área da base, acrescenta.
Soto Cano é igualmente sede da Academia da Aviação de Honduras. Parte dos componentes da força de tarefa militar dos Estados Unidos é integrada por soldados hondurenhos. Qual é o objetivo da base militar, dos aviões, dos helicópteros e da força-tarefa dos EUA em Honduras?, pergunta Fidel.
Sem dúvida, serve unicamente para utilizá-la na América Central. A luta contra o narcotráfico não requer essas armas, disse.
Fidel adverte que, se Zelaya não voltar a seu cargo, uma onda de golpes de Estado ameaça varrer muitos Governos da América Latina, ou estes ficarão à mercê dos militares de extrema direita, educados na doutrina de segurança da Escola das Américas.
A autoridade de muitos governos civis na América do Sul e Central ficaria debilitada. Não estão muito distantes aqueles tempos tenebrosos. Os militares golpistas nem sequer prestariam atenção à administração civil dos Estados Unidos. Pode ser muito negativo para um presidente que, como Barack Obama, quer melhorar a imagem desse país, adverte Fidel.
Blog O Outro Lado da Notícia
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