Onde está João Gilberto?
O filme é uma investigação quase policial como a busca de um homem procurado, mas difícil de se encontrar. E, por isso, o realizador do filme, o franco-suíço Georges Gachot, à procura deJoão Gilberto, vai a Diamantina, em Minas Gerais, até à procura do famoso banheiro onde João Gilberto se fechava e ficava tocando de madrugada e onde, dizem, criou a bossa nova, as primeiras composições daquele famoso elepê branco.
E fica principalmente no Rio, com Miucha e amigos de João Gilberto que mostram os lugares que ele costumava fequentar. E nisso, com a fotografia das ruas de Ipanema, das praias, dos encontros nos sebos, nas livrarias, nas casas de discos e com populares, aparece a beleza do Rio de Janeiro como cartão postal.
Por Rui Martins
Locarno
"Meu trabalho com a música brasileira, conta o diretor Georges Gachot, já começou em 2003 com um filme sobre a Maria Bethania com o nome Música e Perfume. Depois, meu segundo filme Rio Sonata foi com Nana Caimmy e o terceiro foi O Samba, com Martinho da Vila.
Durante esse trabalho, viajando pelo Brasil, tentei várias vezes encontrar o João Gilberto porque gosto muito dele e porque, para mim ele tem a perfeição. Seu ritmo, sua maneira de tocar o violão muito me impressionam."
Muitas vezes George Gachot pediu o apoio de seus amigos músicos brasileiros para o lhe ajudarem a encontrar João Gilberto, mas sem sucesso, desconhecendo que o criador da bossa nova rejeitava sempre pedidos de entrevista, mesmo da grande mídia brasileira.
"Eu sabia, diz George Gachot, que João Gilberto era muito complicado, que chegava a parar shows por haver ventilação muito forte na sala ou por ter o violão desafinado, mas estava acostumado a trabalhar com artistas complicados. Foi o caso de minha primeira entrevista com Marta Angerich, a conhecida virtuose pianista argentina. Mas com João Gilberto nunca consegui.
"Até que um dia - conta George Gachot - achei na Alemanha um livro do Marc Fischer, que tentou encontrar João Gilberto. Ele falou com Carlos Lira, com João Donato com todos as pessoas mais próximas de João Gilberto, retornando a Berlim sem ter encontrado o compositor cantor. O livro é muito engraçado porque ele escreveu como se fosse uma pesquisa ou investigação, fazendo-se como Sherloque Holmes. É um livro muito pessoal". E foi nesse livro que Gachot se apoiou para fazer seu filme.
"A pista que Marc Fischer me deixou era muito boa e o livro muito bem escrito. Uso mesmo textos do livro para narrar no meu filme e me faço de Marc Fischer para dar ainda mais autenticidade ao filme, como se ele pudesse chegar ao seu objetivo que era o de ouvir Obalalá cantado e tocado para ele."
Na impossibiliade de chegar a João Gilberto, Georges Gachot tem agora como objetivo fazer um filme sobre e com Caetano Veloso.
Trailer - https://www.youtube.com/watch?v=9lZ0M0o4Ahk
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