O FUTEBOL FEMININO NA RÚSSIA

Não se contentando com o papel de simples espectadoras e apoiantes do futebol masculino, elas entram, cada vez com maior frequência, em campo para jogar. O número de clubes de futebol feminino tem vindo a crescer, havendo já os primeiros êxitos. No mundial de 1999, a selecção russa obteve o quinto lugar, procurando, na presente edição do Mundial, a decorrer neste dias nos EUA, conseguir pelos menos o apuramento para a Olimpíada de 2004, em África, para não falar em medalhas.

Considera-se que o futebol feminino surgiu oficialmente na Rússia como modalidade desportiva em 1992, ano em que foi realizado o primeiro campeonato nacional de futebol feminino. Até recentemente, os clubes moscovitas lideravam o futebol feminino na Rússia. Nos últimos dois anos, a situação mudou, tendo a liderança passado para o clube "Energia", de Voronej (zona central da Rússia). Um outro clube, o "Lada", de Toliaty, centro da indústria automóvel da Rússia, ganhou as duas últimas edições da Taça Nacional. A primeira divisão russa agrupa oito clubes, e a segunda, nove. Os campeonatos nacionais realizam-se anualmente em duas categorias etárias: até 17 e até 19 anos de idade. Este ano, decorreram as primeiras espartaquíadas nacionais, tendo uma das modalidades disputadas sido o futebol feminino. Os melhores clubes russos participam com êxito em vários torneios internacionais, em particular na Liga dos Campeões Europeus, em que chegam, pelo quarto ano consecutivo, às quartas-de-final. Como resultado, encontram-se no grupo dos oito melhores clubes da Europa. Na edição da Liga Europeia deste ano, o "Energia" de Voronej, detentor do título nacional, eliminou os campeões nacionais da Itália, Hungria e da Croácia, tendo novamente chegado às quartas-de-final. Em Novembro próximo, terá de defrontar, em dois jogos pela passagem à meia-final, o campeão sueco "Uve". Embora a equipa nacional esteja classificada a nível mundial na 11.ª posição, as suas capacidades são muito maiores. A prova foram as eliminatórias da presente edição do Mundial. As russas ganharam o primeiro lugar do seu grupo, deixando para atrás as selecções nacionais da Itália, Espanha e da Islândia.

Muitas das jogadoras russas são conhecidas na Europa e apontadas, não raro, entre as melhores jogadoras do Velho Continente. Trata-se, nomeadamente, da avançada Natalia Barbachina, do "Lada" de Toliaty, e da meio-campista Elena Fomina, do "VVS", de Samara. As duas recebem de clubes estrangeiros inúmeras propostas, mas preferem jogar na Rússia.

A selecção de júniores é uma das melhores equipas nacionais no continente europeu. Os especialistas predizem uma boa carreira a muitas das jovens jogadoras, apontando, em especial, a guarda-redes Elvira Todua, do "VVS", (Samara), as atacantes Ekaterina Sotchneva, do "Tchertanovo" (Moscovo), e Olga Petrova, do "Nadejda" de Noguinsk (região de Moscovo).

Os êxitos do futebol feminino russo são evidentes e merecem especiais elogios por terem sido alcançados em pouco tempo e em condições difíceis. O futebol feminino carece de recursos financeiros, pois o Comité Nacional de Desportos só disponibiliza verbas para a selecção nacional. Uma das soluções seria um apoio financeiro por parte de grandes empresários. Mas a elite empresarial não se apressa a patrocinar o interesse do sexo fraco pelo futebol, modalidade da qual não se pode esperar, por enquanto, grandes lucros. O futebol feminino precisa muito de pessoas como Roman Abramovitch e, por enquanto, não as encontra, contando apenas com a energia dos entusiastas prontos a trabalhar só por "amor à camisola". Os entusiastas, graças a Deus, existem e os seus esforços têm dado resultado: vem crescendo o número de raparigas que se interessam ou praticam.

Em 43 escolas de Krasnoiarsk, uma das maiores cidades da Sibéria, o futebol foi introduzido como modalidade obrigatória, há vários anos, da disciplina de Educação Física, indiscriminadamente para rapazes e raparigas. Como resultado, muitas das estudantes de Krasnoiarsk tornaram-se futebolistas profissionais conhecidas a nível nacional: Anna Astapenko, do "Nadejda" de Noguinsk, e Liudmila Korobistina, do "Energetik" de Kislovodsk. A cidade de Kislovodsk, conhecida pelas suas estâncias balneares no Cáucaso do Norte, é um dos centros do futebol feminino da Rússia. O clima quente e uma rede desenvolvida de instalações desportivas permite que o futebol seja praticado aqui em qualquer estação do ano. Um outro centro é a Sibéria. Contrariamente a Kislovodsk, a Sibéria não apresenta condições climáticas favoráveis à prática de futebol. Mesmo assim, é nestas cidades que se pretende fazer a maior divulgação do futebol feminino na Rússia. Em todo o caso, é o que consta dos planos de uma outra cidade siberiana, Kemerovo, que pretende receber anualmente nos seus campos os campeonatos regionais da Sibéria.

A União Europeia de Futebol afirma que, na Rússia, há 3,5 milhões de mulheres a jogar futebol. Na verdade, estes números já não estão actualizados. O presidente da Associação de Futebol Feminino da Rússia, Vladimir Modelevski, fala de mais de quatro milhões. Daí o seu optimismo e a esperança de que, num futuro próximo, venha a haver uma rede de escolas de futebol regulares semelhantes à que é mantida pelo clube "Tchertanovo" de Moscovo. Estas escolas formarão futebolistas capazes de conquistar para o país as máximas distinções nos mundiais e nas olimpíadas.

Fonte: Ria Novosti

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