Bastante acostumado com o poder, o senador Jose Sarney, diante da crise que enfrenta, preferiu usar a sua experiência política: não brigar.
Sarney já foi Presidente da República. É senador desde então, como quando assumiu a presidência, com a morte de Tancredo Neves. Usando desta experiência, não fez como Renan Calheiros, quando acusado de irregularidades. Renan teimou em permanecer na presidência do Senado, acabando por afastar-se para não perder o mandato, e hoje é o líder do PMDB.
O ex-presidente Sarney foi bastante mais esperto. Não querendo colocar mais lenha na fogueira, afastou-se devagar, sem alardes. Não tem mais presidido o Senado. Despachos são dados em local diferente do seu gabinete. Está colaborando muito com os bombeiros, que jogam água fria sem cessar. Mesmo o seu mais duro crítico, o senador Pedro Simon, também do PMDB, não tem mais como pedir o seu afastamento. Sorrateiramente, ele já se afastou.
Deixo de fazer apreciação das irregularidades de que está sendo acusado; o propósito deste artigo é apenas mostrar que a experiência no poder torna o político mais capaz e mais perigoso; o senador pode perder a qualquer instante a presidência da Casa legislativa maior. Para não parecer alheio aos fatos imputados, agora faz um pouco de cena, não abandonando por escrito a direção do Senado. Faz parte do jogo. Sabe que vai perder a presidência.
Mas garante o seu mandato.
Jorge Cortás Sader Filho
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