O primeiro grupo Europa das Nações no parlamento europeu foi fundado a 19 de Julho de 1994 e contava com históricos da direita europeia como Charles De Gaulle, em 1996 altera o seu nome para Independentes por uma Europa das Nações e posteriormente, em 1999, para Europa das Democracias e das Diversidades para se distanciar da similaridade de nomes entre o seu grupo e outro com nome similar fundado em 1997 por Jean-Marie Le Pen, sob a sigla EuroNat.
Se o primeiro grupo fundado por De Gaulle reunia partidos afectos à direita tradicionalista e conservadora, o de Le Pen reunia uma mescla de extrema-direita, neo-fascistas e neo-nazis. O EuroNat foi-se desvanecendo ao longo dos anos com a falta de sucesso eleitoral dos seus membros (Portugal encontrava-se representado pelo Partido Nacional Renovador) e, ironicamente, o Europa das Nações original foi evoluindo até se tornar no Independência/Democracia (representado em Portugal pelo Partido da Nova Democracia de Manuel Monteiro), adoptando cada vez mais uma postura populista e patriótica até se transmutar na Europa da Liberdade e da Democracia onde, note-se, se reuniram tanto os eurodeputados eurocépticos e populistas inspirados pela Europa das Nações de De Gaulle como alguns dos nacionalistas do EuroNat de Le Pen em 2009, ficando de fora as agremiações reconhecidamente neo-nazis.
Após uma Lua-de-mel que conseguiu reunir sob um mesmo tecto a nova direita populista europeia, em 2014 há nova cisão uma vez que partidos populistas como o UKIP, os Verdadeiros Finlandeses e o Partido Popular dinamarquês convencidos que em política é de extrema-direita quem se assume como tal e não quem os jornalistas decidem catalogar como tal tentam distanciar-se dos mal afamados, sendo que os dois últimos partidos optam por se unir a grupos parlamentares mais conotados com a direita convencional e o UKIP, a facção mais numerosa, altera o nome para Europa da Liberdade e da Democracia Directa e, entre outras medidas, saem os neo-fascistas da Liga Norte e entram os eurodeputados do Movimento Cinco Estrelas e a um da Alternativa Para a Alemanha (em 2016).
Pela sua parte, a extrema-direita que fora excluída funda, ainda em 2014, a Europa das Nações e da Liberdade que inclui, oficialmente, o Partido da Liberdade austríaco, a Frente Nacional francesa, o Interesse Flamengo belga, a Liga Norte italiana e o Liberdade e Democracia Directa checo, aos quais se unem oficiosamente o Partido da Liberdade holandês, o Congresso da Nova Direita polaco, a Alternativa para a Alemanha (AfD) e os Irmãos de Itália.
Em 2016 os eurodeputados do AfD encontram-se dispersos por três grupos parlamentares europeus, mas com a expulsão destes do Conservadores e Reformistas Europeus, onde estavam mais bem representados, a opção recai agora entre os populistas receosos de serem conotados com a extrema-direita e os nacionalistas modernos liderados por Marine Le Pen.
Pois bem, precisamente no fim-de-semana passado, a AfD deu o passo que já prevíramos em análise anteriormente publicada no PRAVDA.ru e foi o partido anfitrião de uma conferência que muito provavelmente ficará para a História, decorreu em Koblenz no último Sábado, 21 de Janeiro, e intitulou-se "Liberdade Para a Europa", tornando público o ingresso da AfD na Europa das Nações e da Liberdade. Além de Frauke Petry, líder da AfD, discursaram também Marine Le Pen, Matteo Salvini, Geert Wilders e Laurentiu Rebega, eurodeputado eleito nas listas do Partido Conservador da Roménia.
Nuno Afonso
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter