Últimas Notícias. Uma catástrofe num cantinho esquecido do mundo, geralmente em algum lugar quente e pegajoso. As equipes de TV são os primeiros a chegar. "Perdeu sua família toda e sua casa? Como você está se sentindo?" Presidentes e Primeiros Ministros tentam superar os outros nas quantias de apoio prometidas. Dando festinhas na cabeça de algum pobre criança que perdeu os pais e seu futuro, vão para casa novamente com uma expressão de satisfação presunçosa na cara. E adivinhem? Depois, não pagam.
Vinte apelos que totalizam dez mil milhões de dólares (dez biliões) em 2010 produziram um reles trinta e seis por cento dos fundos prometidos - muito menos do que cinqüenta por cento. John Holmes, Subsecretário-Geral da ONU para Assuntos Humanitários, revelou algumas estatísticas chocantes no seu discurso na sede da ONU em Genebra na quarta-feira.
Por exemplo, o apelo para as pessoas que vivem em condições deploráveis nos territórios da Autoridade Palestina recebeu 21% do financiamento prometido. Por exemplo, em Uganda, os projetos de educação em saúde receberam pouco ou nenhum financiamento, o que significa que os 80 por cento das pessoas deslocadas, que foram convencidos a voltar para suas casas, voltaram para quê?
As lacunas de financiamento (quando o financiamento é prometido, mas depois não se concretizou) são evidentes em todo o mundo, na RD Congo, no Sri Lanka, na Somália, no Zimbabué, no Iraque, no Djibuti, na República Centro Africano, no Quênia, em Haiti, na República do Congo, no Afeganistão, na Eritréia, no Sudão, onde sete dos onze empreendimentos destinados a projectos de apoio receberam menos de vinte por cento das verbas prometidas.
A pobreza crônica, em muitos casos criada pela comunidade internacional e não as comunidades locais nesses países, juntamente com desastres naturais devastadores, precisa de ser abordada se alguma vez vai haver uma solução sustentável.
Com a existência de 27 milhões de pessoas deslocadas no mundo de hoje (acima de 17 milhões em 1997), mais cedo ou mais tarde os efeitos dessas calamidades vai ser sentido nas ruas das grandes cidades, nas nações que inicialmente causaram os problemas económicos, nos países mais propensos a graves eventos geológicos e climáticos.
Essas pessoas só podem voltar para casa, se há algo lá para eles, e isso requer financiamento. Quando os líderes dos países mais abastecidos na comunidade internacional fazem promessas ocas de entregar ajuda e, em seguida, não cumprem, é igual a dizerem: "É problema deles, não nosso". Por quê, então, prometeram entregar ajuda e apoio? É que só quando se sentem na pele os efeitos que a falta de financiamento em outros lugares causa, como as migrações maciças desafiando a estabilidade das suas sociedades. Só então eles vão começar a viver de acordo com as promessas que fizeram.
Até então, da próxima vez um primeiro-ministro do presidente ou director de uma instituição pública insufla o peito e se gaba a respeito de quanto dinheiro ele vai dar, vamos exigir que honre as suas palavras.
O que esses charlatões estão fazendo é aproveitarem as desgraças dos outros, tornando-os pior tipo de parasitas que a humanidade teve a infelicidade de testemunhar.
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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