Lula encerra viagem e pede expansão comercial

Ao discursar no encerramento do seminário empresarial Brasil-Líbia, Lula enfatizou que, apesar das relações culturais e históricas entre os povos árabes e os brasileiros, o fluxo comercial está muito aquém do desejado. O presidente afirmou no entanto que há total condição de que um relacionamento mais estreito possa ser alcançado depois de sua visita à Líbia. "Não temos tempo a perder", disse.

Ressaltou que, com o fim das sanções econômicas impostas à Líbia, é hora de os empresários brasileiros ganharem mercado. Alertou que eles terão de conhecer com maior propriedade as características dos consumidores, uma vez que vão disputar espaço com empresários europeus, principalmente.

Lula disse ainda que é possível incrementar cooperações em várias áreas, entre elas na tecnologia agrícola e da construção civil. O presidente afirmou, porém, que não somente o Brasil quer expandir a venda de mercadorias à Líbia, mas também o Mercosul. Em contrapartida, destacou: "O Brasil pode ser porta de entrada para as exportações líbias em toda a América do Sul."

Segundo a Agência Brasil, o presidente ressaltou que as vendas de máquinas, equipamentos, investimentos na construção civil e exportações de aeronaves têm grande potencial de serem finalizados no curto prazo. Apostou que a partir da Cúpula entre presidentes e empresários da América do Sul e do mundo árabe, a ser realizada no próximo ano, no Brasil, vai ajudar a fortalecer os laços entre os dois blocos. Lula disse que os empresários precisam parar de "chorar" e buscar novas oportunidades de negócios, para deixar de depender dos desejos e concessões dos países em desenvolvimento.

Princípios

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, destacou que o Brasil “não trocará princípios por produtos”, ao referir-se à postura independente brasileira em relação a assuntos polêmicos, como a desocupação do Iraque e territórios palestinos e a visita à Líbia, comandada pelo coronel Muamar Kadafi.

Amorim afirmou que o país não tem posição de confronto com os Estados Unidos. “Quem não tem posição própria não é chamado para discutir nada”, disse. Criticou brasileiros que têm “visão colonizada” que não querem se indispor contra nada. “Se for assim a gente vai ficar sempre na terceira divisão do cenário internacional. Acho que um dia a gente pode passar para a primeira divisão", reforçou.

O chanceler afirmou, também, que, ontem, na reunião com embaixadores da Liga Árabe, na cidade do Cairo, no Egito, o presidente brasileiro criticou a postura dos Estados Unidos de atacar o Iraque e não reconhecer o erro pelo fato da aproximação de uma eleição presidencial.

Celso Amorim comentou que a presença de ex-estadistas no jantar com o coronel Muamar Kadafi, tais como Bem Bella, da Argélia, e Daniel Ortega, da Nicarágua, não foi responsabilidade brasileira, mas sim do governo líbio. Questionado sobre o porquê de Lula não ter se pronunciado sobre a ditadura Líbia, que já dura 34 anos com Kadafi, Amorim destacou que o presidente brasileiro não foi à Líbia para dar lições. Disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva representa a pujança de uma democracia em que um líder operário consegue se eleger e assim pode influenciar positivamente. “Ele não veio aqui falar "solta Fulano, prende Sicrano"”, completou o chanceler. Amorim reforçou que o Brasil tem mantido conversações com vários governos – democráticos ou não.

Objetivo da viagem

O ministro disse que a visita à Líbia não é ideológica, mas sim de negócios. Lembrou que há possibilidades comerciais em áreas como a venda de máquinas agrícolas, construção civil e aviação. Acrescentou que o momento é importante porque as sanções econômicas à Líbia foram suspensas neste ano e, segundo ele, é bom que o Brasil esteja nas conversações desde o início. Cobrou, também, que o Iraque seja soberano até para que decida sobre quais países participarão da reconstrução do país.

Partido dos Trabalhadores

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