Dias depois de falar de Lenine e Hitler na mesma frase, George Bush admite que os EUA mantiveram prisões secretas no estrangeiro onde suspeitos de terrorismo foram interrogados por operativos da CIA
Foi uma semana interessante para George Bush. Dois dias depois de referir a Comunismo e Fascismo como regimes totalitários na mesma frase, como se Lenine e Hitler fossem a mesma pessoa, temos agora a admissão que afinal os voos da CIA e as câmaras de tortura em certos países sem espinha na Europa de Leste não eram ficção ou imaginação mas sim, elementos do regime Bush na vida real, constituindo um paralelo a uma versão pesadelo fora-do-ecrã do filme Hostel.
A questão é se George Bush consegue ainda enganar alguém, a não ser o próprio?
Desafia a lógica como qualquer pessoa consegue manter a compostura e não rir histericamente cada vez que esse senhor aparece e abre a boca. Aqui temos um homem que se assume como o Chefe de Estado dos Estados Unidos da América, um país com escolas de excelência, com recursos de pesquisa em certas áreas sem igual, a fazer um discurso onde fala de Fascismo e Comunismo na mesma frase, a afirmar que Hitler e Lenine eram o zénite do totalitarismo.
Começa a aparecer a noção que um funcionário que escreve os discursos do Presidente dos Estados Unidos decidiu utilizar o máximo número de palavras terminadas em ismo, para ver se passava. De facto, não é difícil imaginar esse presidente (P pequeníssimo) dos Estados Unidos da América a dizer, com outras palavras mas com a mesma convicção: Os fantasmas do século vinte feminismo, charlatanismo, zwinglianismo, anti-transubstanciação e pessoas que utilizam baratos isqueiros verdes de plástico.
Uma comparação mais adequada ao Fascismo teria sido Bushismo. Ora bem, quantas guerras ilegais é que o Lenine lançou? Nenhuma. Lenine queria a paz para seu país e para o Mundo e a única vez que teve de lutar foi para combater as legiões do Mal enviadas pelos EUA e seus aliados na Guerra Civil Russa.
A guerra ilegal contra o povo iraquiano foi lançada por Bush, não Lenine. Lenine queria constituir uma sociedade mais egalitária, o regime de Bush opera a partir de uma base de poder elitista e corporativa. Lenine foi sinónimo de paz, Bush é sinónimo de Guerra. Lenine preocupava-se em criar mecanismos para as pessoas se educarem gratuitamente, não mantê-los em ignorância e esforçá-los a pagar seus estudos, que é o que representa o Bush. A câmara de tortura de Abu Ghraib é identificada com Lenine, ou Bush? A heroína norte-americana Lynndie England é oriunda da Rússia, ou os Estados Unidos de Bush? A câmara de tortura de Guantanamo se situa na parte comunista da Cuba ou no enclave controlado pelas forças de Bush? O Lenine deitou bombas de fragmentação em áreas civis? O Lenine bombardeou festas de casamento no Afeganistão?
Falando do Afeganistão, quem foi que destabilizou esse país? Foi o Lenine? O regime socialista e progressista Marxista-Leninista do Dr. Najubullah foi destabilizado por Bush Sénior e seus compadres Cheney e Rumsfeld.
Foram esses que criaram e libertaram o movimento Mujaheddin/Taleban, enviando a sociedade afegã para trás dois mil anos e ultimamente (embora não directamente) enviando as Torres Gémeas para o chão, para o nível zero. Esse foi o contributo da família Bush, não Lenine. Lenine lutava pelos direitos da mulher em Afeganistão, a criação da família Bush foi Mohammed Omar e bin Laden. O Leninismo queria ver o sorriso nos olhos e nos lábios das moças afegãs. O Bushismo manda vê-los atrás duma burqa. Lenine se identifica com cuidados de saúde gratuitos, educação livre e universal gratuita, pensão garantida, emprego garantido, casa garantida, bens de primeira necessidade garantidos, mobilidade social e paz. Bush se identifica com o oposto.
Então como se define o Bushismo?
O Bushismo é uma doença aguda que engendra uma forma de Governação em delírio num estado ou sociedade vítima, facilmente enganados, onde os cidadãos são apanhados numa onda da manipulação do medo que por sua vez tenta justificar políticas imperialistas, fascistas, expansionistas e elitistas baseado em preceitos maquiavélicos.
George Bush é incapaz de fazer qualquer discurso sem evocar Demónios surrealistas para justificar as suas políticas diabólicas; faz-nos pensar que esse homem é doido, se acredita em aquilo que diz, ou então seria uma besta política manipulativa e cínica da pior espécie? Infelizmente, nenhuma destas versões será a verdade.
Ele pode ser um indivíduo e quem sabe, até poderá ser uma pessoa simpática num determinado nível (parece que a esposa gosta dele) mas George W. Bush é, e foi sempre, totalmente fora da sua liga como Presidente dos EUA e a única razão porque alguma vez ocupou qualquer posição de responsabilidade foi porque sua família e o sistema colocou-o aí, e manteve-o aí, sem qualquer mérito próprio.
A tragédia é que ele é demasiado fraco, mentalmente débil ou intelectualmente desafiado para ver a luz. Vive ensombrado pelos seus demónios, vive assombrado pelos seus fantasmas no seu mundo fantasmagórico, quixotesco, surreal e tão, tão triste, cheio de ódio.
O único ismo que todo o mundo detesta, a excepto o Bush, é o Bushismo. Foi o pior começo ao Terceiro Milénio que se poderia imaginar e a responsabilidade para isto entrará nos anais da história aos pés deste senhor.
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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