A Organização da Unidade Africana escolheu o dia da sua constituição, 25 de Maio (de 1963) como o Dia da África, para o mundo celebrar com, e lembrar, os africanos, medindo o progresso que este continente fazia na comunidade internacional.
Hoje, em 2006, podemos estar mais confiantes de um resultado positivo no próximo futuro do que há um ano atrás, antes da Gleneagles trazer o continente africano em realce, analisando se os critérios para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) seriam conseguidos e sugerindo políticas capazes de criar soluções.
Embora nem todos os compromissos tenham sido honrados, em termos gerais Gleneagles constituiu um grande passo para a frente, pois demonstrou à África que os países G8 se preocupam e porque trouxe a questão da África para as páginas da agenda das reuniões dos G8, sendo um tema que será abordada durante os eventos dos G8 na Rússia, país cujo empenho na África se traduz num crescente número de iniciativas e interesses bilaterais.
Enquanto os media internacionais continuam a concentrar-se em histórias de miséria - doenças, desastres e desespero a realidade é diferente e felizmente dinâmica. Parcerias são formadas diariamente sob a NEPAD a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África, um instrumento da União Africana que baseia relações de negócios em acordos bilaterais num ambiente de transparência, responsabilização e boa governação.
A cimeira recente sobre educação em Gabão prova que os líderes do continente africano estão cada vez mais empenhados em partilhar recursos e estabelecer metas para medir o progresso, enquanto as taxas de alfabetização continuam a aumentar, enquanto os níveis de escolarização melhoram. Educação, a ferramenta que forma o futuro, é a pedra de toque de uma manhã mais sorridente para o continente africano e para seus maravilhosos povos.
A perdão da dívida, tema realçado em Gleneagles, é hoje uma realidade para muitos países africanos, que encontram os recursos para aplicação em programas sociais e de desenvolvimento, em vez de encher os cofres de instituições financeiras internacionais já a esborratar, porque cederam crédito sob condições muito especiais a líderes corruptos ou corrompidos em tempos diferentes, deixando os cidadãos de hoje com um fardo impossível de suportar.
Para providenciar apenas um exemplo, a Nigéria recebeu durante vinte anos desde 1985 34 biliões de USD em crédito, pagou 35 biliões de USD e ainda deveu 36 biliões. Com a nova abordagem adoptada pelo Clube de Paris e sob a iniciativa PPAI, o cancelamento ou re-estruturação da dívida e a injecção de dinheiro directamente para as tesourarias nacionais e OE, permite à comunidade internacional e o continente africano jogarem juntos num campo de jogo mais nivelado e através de bom trabalho em equipa, podem constituir uma relação que recebe África como membro de pleno direito na irmandade de continentes e não como um paria.
Há que lembrar que muitos dos problemas enfrentados pela África são fruto de políticas de colonialismo e imperialismo, fomentando instabilidade e criando uma via de sentido único para os recursos africanos para fora da África e longe dos africanos. Hoje, menos que meio-século depois da independência, África pode celebrar esse Dia da África ciente que em apenas duas gerações, a maioria das nações africanas superaram problemas que levou dois mil anos para alguns países europeus endereçarem.
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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