A proximidade das eleições para os executivos e legislativos federal e estaduais e a explícita manifestação do sistema financeiro apátrida, em decisões e exposições do judiciário que parcialmente o vocaliza, de permanecer no poder, malgrado as inconfundíveis manifestações de desagrado da população com os rumos do Brasil, nos faz concluir que a pedagogia colonial se intensificará.
E o que significa este aprofundamento, este mais constante e penetrante descolamento das palavras dos seus verdadeiros sentidos etnográficos, dicionarizados para compreensão brasileira, e mais mentiras e maiores falácias por todas as comunicações de massa, em especial pelos sistemas de comunicação digital. Estas comunicações virtuais além de seu alcance, nesta era cibernética, são também dinâmicas, ou seja, produzem informações em tal quantidade e velocidade que sua multiplicidade impede a reflexão e, até mesmo, os confrontos reveladores das incoerências, de apresentar um contraditório ou pedir um simples esclarecimento.
É uma comunicação dogmática, em meios supostamente abertos e democráticos, onde a participação não é real, há censura, que se traveste como questão de fé, de uma religião sumamente autoritária, excludente, punitiva.
O culto jornalista Luis Britto García, na Introdução de sua análise sobre a comunicação e a cultura (El Império contracultural - Del rock a la postmodernidad, FUNDART, Caracas, 2015) ironiza as previsões de intelectuais da moda nos anos 1960, com suas “claras visões do que sucederia nas décadas seguintes”, apresentadas por Marcuse, McLuhan, Alvin Toffler, Servan-Schreiber, Sartre e Janis Joplin, entre outros, e os efetivos acontecimentos e alterações naquelas sociedades em vias de profunda regressão.
Escreve García que “os professores se equivocaram porque apenas olhavam a si mesmos”, não foram capazes de entender que um “ciclo capitalista quando chega ao auge, expande o emprego e reduz o excedente a distribuir, faz surgir as culturas do ócio, da despreocupação, da esperança” e “as possibilidades de investimentos se esgotam, a demanda decresce, as empresas diminuem seus ritmos de inovação e produção, até encerram sua atividade, e o desemprego aumenta, restringindo o mercado”.
Aquele delírio onírico da “consciência que saberia equilibrar os conflitos internacionais” (Marcuse), ou transformar a Terra numa “aldeia global” (McLuhan), ou “não haver limite para o aumento do consumo” (Toffler), ou, ainda, “o aperfeiçoamento das instituições estadunidenses como desafio para as demais potências” (claramente a URSS), por Servan-Schreiber, quando, simplesmente, as sociedades entraram em crises (petróleo, juros) e ficaram submetidas a regimes ultraconservadores e ao endurecimento das políticas que transformavam a produção e o trabalho em especulação e rentismo.
Verifiquemos algumas contradições que, desde já, se nos apresentam a pedagogia colonial.
Estado versus Mercado. Veja-se, como exemplo, a notícia do maior órgão de doutrinação colonial no Brasil, o jornal “O Globo”, do “grupo Globo de comunicação”, para noticiar a postergação da decisão sobre a alienação da empresa de energia Eletrobrás, hoje parcialmente estatal, a grupos financeiros privados apátridas: “Plano Frustrado”, com subtítulo, “TCU adia por 20 dias análise da venda da Eletrobrás e ameaça privatização este ano” (quinta-feira, 21/04/2022, página 11, Economia).
Analisemos mais amplamente do que os “intelectuais” referidos por Luis Britto García, ou seja, além do próprio umbigo.
De início vamos entender que “energia” não é “commodity”. Energia é soberania, é a capacidade de um país orientar seu crescimento e assim poder beneficiar toda sociedade. Logo “energia” não deve ser sinônimo de lucro, mas de eficiência. Ao trocar a capacidade de decisão de uma empresa de energia do Estado para a gestão do mercado, o que se está efetivamente obtendo é o descaso com a eficiência e a ênfase no aumento do ganho financeiro. Daí a importância desta eleição para o poder que se estabeleceu no Brasil, com a eleição de 1989, e que não quer largar o osso, dando inclusive o golpe jurídico-parlamentar, em 2016, para que não corresse este risco.
Militares e civis. Uma pátria verdadeiramente cidadã, que não usa a cidadania como adjetivo, atrativo para incautos, mas para efetivo objetivo de governo, não pode distinguir cidadãos com objetivo de exclusão, mas de proteção a deficiências inatas ou adquiridas.
Causa surpresa que o professor e político cearense Roberto Amaral, ministro de estado no primeiro governo Lula, escreva artigo sob o título “Indignidade/indigência militar, um tema inadiável”, tendo transcrito, na abertura, parte da matéria de Hélio Schwartsman, publicada em 20/04/2022, na Folha de S.Paulo.
O que procuraria este ex-professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ)? Acrescentar mais um identitarismo àqueles que o capital financeiro apátrida inunda o Brasil, com o evidente motivo de seccionar o povo brasileiro, promover cizânias que fragmentem a Nação?
Não foram militares patriotas como Horta Barbosa, Estillac Leal, Moreira Lima, Francisco Teixeira, almirante Aragão, Teixeira Lott, Alfeu de Alcântara Monteiro, Ernesto Geisel, entre tantos outros, a quem devemos a Petrobrás, a Nuclebrás - energia nuclear sob controle brasileiro, a Embrapa, a Embratel, a Central de Medicamentos (CEME), enfim o desenvolvimento tecnológico e industrial nacional?
O porta-voz do financismo, megaespeculador George Soros declarou que o maior inimigo das finanças apátridas era o nacionalismo. E o que foram estes citados e muitos mais, presos, destituídos de suas funções, apagados de nossa história e até assassinados, senão cidadãos conscientes de sua nacionalidade e defensores do Brasil, seu povo e seu desenvolvimento integral?
Parece que o ex-comunista e ex-socialista Roberto Amaral adotou o neoliberalismo como ideologia. Ao menos está com o Grupo Globo apoiando sua candidata na eleição para presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), ao invés de integrar a corrente nacionalista de Octávio Costa.
Nestes poucos casos já se pode verificar a confusão que se procura estabelecer na mente brasileira para que estas finanças apátridas continuem a vender ativos brasileiros, destruir as instituições nacionais, até o dia que esquartejarão o território nacional entre gestoras de ativos que estão com seus capitais em paraísos fiscais, espalhados pelo mundo.
Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.
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