Pobre Alegria de Pobre no Brasil

Pobre Alegria de Pobre no Brasil

 

Edu Montesanti

 

Alegria de pobre, no sentido pejorativo brasileiro, pode significar um prazer meio que patético, efêmero, digno de pena, baseado em quase nada que se contenta com nada, rindo por curto período de tempo de nada. O Partido dos Trabalhadores (PT), até hoje, tenta vender a ideia de que fez a alegria dos pobres no Brasil - uma alegria digna. Mas o título deste texto refere-se ao primeiro caso envolvendo também, e sobretudo, o próprio PT enquanto "vanguarda" da esquerda nacional.

 

Alegria dos pobres, em contraposição à alegria de pobre, sempre foi uma grande ilusão no Brasil. Quem tentou transformar alegria de pobre em alegria dos pobres de verdade no País, o ex-presidente João Goulart (1961-64), acabou agressivamente derrubado pelas locais elites fantoches de Tio Sam, lideradas pelos milicos. O que infelizmente tem valido no caso brasileiro é alegria de pobre. A festa pobre indignadamente, enraivecidamente cantada por Cazuza nos anos 80, com sua peculiar dose de ironia.

 

O senhor Lula, em seu mais recente "bom dia a cavalo", talvez a mais grave gafe entre tantas de um ser que confessadamente jamais terminou de ler sequer 1 (hum) livro em toda a vida, disse na semana passada:

 

Ainda bem [grifo nosso] que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus. Porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises.

 

Alguém deveria levar ao conhecimento do ex-presidente a célebre reflexão de São Tomás de Aquino: "A vida extrapola o conceito".

 

Um dia depois de declarar que se sente representado pela pandemia causada pelo novo coronavírus na vingança tipo-social-democrata dos deuses contra o neoliberalismo [social-democracia que ele mesmo, assim como a afilhada e sucessora Dilma, não aplicaram no País (banqueiros e multinacionais que nos digam!)], desculpou-se na tentativa de explicar o inexplicável meio que desesperadom tanto quanto os meios que lhe servem como porta-vozes:

 

Usei uma frase totalmente infeliz. E a palavra desculpa foi feita pra gente usar com muita humildade. Se algum dos 200 milhões de brasileiros ficou ofendido, peço desculpas. Sei o sofrimento que causa a pandemia, a dor de ter os parentes enterrados sem poder acompanhar. 

 

Isso, enquanto a mídia "alternativa" tupiniquim (efetivamente alternativa para assuntos internacionais em geral, embora nem sempre e apesar de, na maioria dos casos, limitar-se a repetir análises ou simplesmente republicá-las de meios alternativos internacionais, já que para temas domésticos nada mais representa que a outra face - em certos aspectos até piorada - da mesma moeda midiática interesseira e partidarizada em relação à midia tradicional) tratava de imputar à grande midia comercial a culpa pelo sério desatino de Luiz Inacio: "Distorceu as palavras do ex-presidente". Nada poderia estar mais distante da verdade! Para se comprovar esta afirmação, sem medo de errar, basta que qualquer mentalidade minimamente honesta reflita, por algum instante, como se comportaria este mesmo setor midiático se a frase do senhor Lula tivesse sido dita por algum membro do clã Bolsonaro. Pois é.

 

Não por ser nordestino, da roça, de família pobre, ex-torneiro mecânico, ex-líder sindical, nem pela bandeira de seu partido ser vermelha e possuir "trabalhadores" no nome, mas este sujeito não é nem nunca foi apto para ser sindico de prédio. Pela baixa estatura intelectual e moral. Contudo, estamos no Brasil... 

 

Quem ainda tiver alguma dúvida sobre isso, informe-se com a íntegra e altamente intelectualiada Heloisa Helena, ex-companheira do senhor Lula desde o ínicio do PT, sobre o que se pode dizer do carater e das capacidades (inclusive para o mal) do lider petista. Embora este texto seguirá tratando de tentar evidenciar este fato.

 

Sobre a baixeza cultural do petista, vale ressaltar que o sr. Lula teve todas as oportunidades de não apenas ler um livro na vida, como também de cursar o Ensino Médio e de dar início ao Superior. Aliás, mais oportunidades neste sentido que, chutando baixo, metade dos universitários, formando e já formados no Brasil.

 

Porém, trata-se de grave ofensa tal consideração talvez digna de denúncia por discriminação pelos mesmos setores que, hoje em dia, tanto batem (acertadamente) em Bolsonaro pelo sofrível nível cultural. Seletivamente, pelo que se poderia questionar: discriminação dos setores afins a Luiz Inácio contra brancos originários do interior paulista, como é o caso do atual presidente desta republiqueta de bananas?

 

Juca Kfouri comentou duas semanas atrás:

 

Não me venham com a conversa de que [eleitores] foram enganados [por Bolsonaro], porque precisava ser muito inocente para ser enganado. Ninguém foi enganado.

 

O jornalista está absolutamente correto na afirmação acima. Cada voto por Bolsonaro é hoje plenamente, indiscutivelmente responsável por tudo o que ocorre, por ter aberto a porteira à Besta Nazista em questão. Exatamente por esta razão, quem escreve este texto publicou, nos idos pré-eleitorais de 2017, que Jair Bolsonaro era menos indecente, menos desonesto com seu eleitorado que o líder petista com seu eleitorado, este tido como o grande representante da esquerda brasileira, grande esperança de redenção nacional.

 

Repita-se: o presidente Jair Bolsonaro, quem desgraçadamente gargalha do novo coronavírus, e faz isso publicamente, sai em pleno domingo, de modo publicamente sem nenhum constrangimento, para se divertir sobre uma lancha pelo litoral brasileiro o que é odioso enquanto o Brasil chega a mil mortes diárias pela pendemia, diante de uma profunda crise de superlotação dos hospitais e incertezas sobre o vírus. A Besta Nazista erra, erra feio, comete profundo descaso contra vidas humanas e inclusive crimes após crimes - em seu proprio nome em muitos casos.

 

Recordemos os "célebres" ditos do sr. Lula, grande sacada da "filosofada" política em 2006. Durante a campanha presidencial: "Nunca fui de esquerda". E no final daquele ano, já reeleito em dezembro, foi ainda mais além ao dizer o seguinte em uma palestra a empresarios paulistanos, a super-alta elite local conforme publicado desta maneira pelo jornal Folha de S. Paulo

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arrancou, na noite desta segunda-feira, risos e aplausos [grifo nosso] de uma platéia formada por empresários e intelectuais ao, de certa forma, desmerecer a esquerda brasileira. Segundo ele, trata-se de uma ideologia típica da juventude.

 

"'Se você conhece uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque está com problema' [risos e aplausos]. 'Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também está com problema', afirmou o presidente depois de receber o prêmio 'Brasileiro do Ano' da revista IstoÉ.

Lula explicou que, em sua opinião, as pessoas responsáveis tendem a, conforme amadurecem, abrir mão de suas convicções radicais para alcançar uma confluência. Tal fenômeno ele classificou de 'evolução da espécie humana'.

"'Quem é mais de direita vai ficando mais de centro, e quem é mais de esquerda vai ficando social-democrata, menos à esquerda. As coisas vão confluindo de acordo com a quantidade de cabelos brancos, e de acordo com a responsabilidade que você tem. Não tem outro jeito'".

 

Para em 2017, prestes a ser condenado pela fajuta "Justiça" tupiniquim composta em sua maioria por um bando de gângsters, Luiz Inácio voltar atrás e palrar o seguinte, levando milhões de incautos e oportunistas consigo: "A esquerda brasileira deve unir-se [em torno a mim]".

 

Naquele mesmo ano, algo quase nada noticiado na mídia autoproclamada alternativa (com exceção de Pravda Brasil e, talvez, mais algum outro meio), quando estava prestes a ser condenado pela farsante Operação Lava-Jato o sr. Lula dividiu estusiástico palanque, colorido e altamente sonoro, com ninguém menos que ele: Renan Calheiros! 

 

Então líder do Senado, o alagoano havia liderado, pouco mais de um ano antes, o golpe parlamentar-midiático contra a "companheira" Dilma Rousseff que, com razão, gerou tanta revolta nos setores prrogressistas brasileiros ate porque Calheiros tentava, com o impedimento da ex-presidente petista, livrar-se de investigacoes por corrupção, algo que comprovadamente abunda na vida politica do "coronel" nordestino. Da parte do petista, ter Calheiros como papagaio de pirata em seu ombro era uma maneira de tentar baixar a água que já batia no bumbum do petista, garantido-se de todos os lados para nao ser preso. "Lulinha paz e amor" retornava com tudo, então.

 

Enquanto é absolutamente inimaginável que a Besta Nazista que conduz o Brasil à vergonha mundial e a um caos talvez jamais visto em solo tupiniquim "independente" (!) desde 1822, possa dividir palanque com personagens como Fernando Haddad, Gleise Hofmann, Guilherme Boulos, Ivan Valente, e com o próprio sr. Lula. Seria muito mais fácil este solicitar sua tradicional relação politica de "paz e amor", isto é, cooperação ou mesmo aliança com Bolsonaro algum dia em campanha ou já eleito presidente, que vice-versa.

 

Rastreando o oportunista histórico do sr. Lula - aliança com figuras como José Sarney, Paulo Maluf, Fernando Collor, o fraternal abraço em Michel Temer (inclusive pós-golpe de 2016) entre tantas traquinagens petistas -, não seria de se surpreender que este tentasse, desavergonhadamente, aliar-se a Bolsonaro algum dia. Afinal de contas, "política é assim, a arte da negociação", em nome da "governabilidade": alguém se lembra dessas "filosofadas" políticas baratas? Pois é. Deu no que deu. E não se deve esperar que a sede pelo poder tire lições...

 

O sr.Lula é autor da homenagem póstuma a nada menos que o "doutor" Roberto Marinho, em cujas Organizações Globo o petista injetou milhões de reais como nenhum outro presidente brasileiro: "Aí se vai um grande brasileiro, merecedor de três dias de luto oficial". O ex-presidente "do povo" também elogiou publicamente a política econômica de nada menos que a ditadura militar. 

 

De cujo período, que deixou o Brasil com gigantesta dívida externa, o petista disse: "Passado é passado", ou seja, esqueçamos tudo e não façamos justiça pelos crimes de lesa-humanidade - assim denominados por órgãos internacionais -, perpetrados pelos milicos de 1964 a 1985. 

 

De acordo com cabos secretos liberados por Wikileaks, Luiz Inácio, enquanto gerente desta semicolônia, nos bastidores fez de tudo para livrar a cara dos milicos pelo terrorismo de Estado de longos e sangrentos 21 anos no Brasil, "rasgando o verbo" e lançando um sem fim de "confetes" especialmente das cores branca (paz) e rosa (amor) aos vagabundos da classe militar enquanto, publicamente, lamenta-se ao recordar os tempos em que foi vítima daquela mesma ditadura militar de quem, quando lhe convém, "puxa o saco" e ainda divide os privilégios da usurpação do poder. 

 

Alguém acha mesmo que, novamente na condição de inquilino da Alvorada, Luiz Inácio baixará o tom politiqueiro para endurecer medidas aos criminosos das Forças Armadas? Aos políticos corruptos?

 

Como o Brasil é um pais catastrófico nos mais diversos segmentos, diante do atual cenário agradeçamos a Krishna e ao mestre Masaharu Taniguchi se o sr. Lula retornar a Presidência, apesar de todos os pesares. Alegria de pobre. Pobre alegria de pobre no Brasil. Tão patética que, também neste caso da imbecilidade proferida por Lula na semana passada creditando aos deuses democráticos a vinda do novo coronavírus, o petista acaba dando da razao em muitos casos a Bolsonaro, quando diz: "A favor da esquerda, é democracia; contra ela, é golpe". Ai, se fosse um líder de direita quem tivesse louvado ao deus da vingança pela atual pandemia!

 

Uma esquerda esclerosada, fechada em suas vazias teorias políticas, divorciada da sociedade, separada dela pela muralha do cinismo e da corrupção em sua grande maioria liderada por certo personagem que (anotem isto), retornando ao poder, será ainda mais subserviente às elites. Aliar-se-á a elas através das mesmas políticas econômicas de outrora no poder, e nas chacotas sobre aqueles que, quando gozava das benesses do poder, classificou de "esquerdopatas". 

 

Esquerda com profundo medo de renovar, de arriscar. A perpétua recusa de reconhecer que ao dançar a mesma canção dos reacionários, a esquerda brasileira essencialmente reacionária não conseguirá absolutamente nada efetivamente duradouro ao Brasil. Afinal, como sempre seu grande projeto de País na pessoa do líder maior, é ganhar eleição.

 

Foto: Por meg and rahul - Flickr, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=2755430

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey