O "Dia 6 de Junho" 44 anos depois...
Caros convidados, amigos e companheiros. Cumpre-me como coordenador da comissão de honra da Celebração do 44º aniversário do dia histórico e memorável do 6 de Junho de 1975 abrir este evento. Deixai-me, pois, em primeiro lugar agradecer a todos vossa presença desejando-vos um serão bem passado na nossa companhia. Uma palavra de apreço e agradecimento a quem nos patrocinou parte da exposição que está patente neste espaço e que é um pouco de regresso ao passado passando pelo presente e seguindo para o futuro. Foram ou melhor são eles Rui Matos - Foto Matos, Carlos Sebastião- Construção Civil. Também uma palavra de agradecimento ao apoio prestado pelo Luís, colaborador deste belíssimo espaço em que nos encontramos e foi incansável na atenção e na ajuda que nos deu na organização deste evento.
O 6 de Junho de 1975, conhecido mais vulgarmente por "o dia 6 de Junho", não pode deixar de ser relembrado no dia a dia do da nossa existência, tal como na sua celebração como o "nosso dia" como dia nacional fixo em calendário de qualquer país, de qualquer nação, será para nós o dia dos Açores pois o mesmo representa a certeza do querer de um Povo que espera assim ser reconhecido por quem de direito.
Liberdade! Independência! "Lisboa ... escuta: - os Açores estão em luta" foi o brado uníssimo ouvido nas ruas de Ponta Delgada.
Diga-se em abono da nossa História de quase 600 anos, que o "Dia 6 de Junho" não é de ninguém em especial. É de todos nós açorianos, de todos os nascidos e criados, vivendo aqui e, na nossa diáspora por esse mundo fora e, bem assim, os que por diversas razões escolheram viver em qualquer uma das ilhas que compõem este jardim em pleno Atlântico plantado. Nele, se integraram de alma e coração vivendo a verdadeira açorianidade, tenham eles a origem que tiverem.
Apraz-nos registar a participação activa que tivemos na organização do "Dia 6 de Junho". Registo que trazemos no coração e que extravasamos para a opinião pública levando a sermos chamados por alguns, de "utópico". Como resposta deixai-nos dizer: - "Os nossos pensamentos positivos que nos sustentam em pé, não são sonhos, não são utopia, mas um pensamento único na certeza do alvo".
Referir que ao contrário do que vem hoje numa reportagem da Lusa em que nos fazem referência, e porque "o seu a seu dono" não sou fundador da FLA sou sim um activista que abraçando a causa Açoriana, tenho mantido a minha lealdade e militância pela defesa da Independência dos Açores sendo possuidor do Cartão Movimento Nacionalista Açoriano MNA/FLA nº 1660 (quantos não estarão à nossa frente - 1659 com certeza) mas independentemente daqueles que já partiram, onde estão os outros?
O "Dia 6 de Junho" não é de A, B, ou C. é pertence de todos aqueles, que nele participaram no tempo. Ontem como hoje, e principalmente daqueles que ainda hoje, perante a prestação colonialista do estado português, reclamam por uma autodeterminação que na Carta dos Direitos do Homem e na Carta das Nações Unidas no seu artigo 73 - Declaração relativa a territórios sem governo próprio, garantem a todos os povos a sua autodeterminação.
A FLA - Frente de Libertação dos Açores com o seu reaparecimento em 2012, tomou como sua, a responsabilidade da celebração do "Dia 6 de Junho" prometendo a reactivação das suas iniciativas na defesa da Independência dos Açores. Tem o feito até à presente data, na rua em manifestação pública ou, adentro portas. O movimento tem cumprido com aquilo que prometeu. Tem sido difícil, mas porque respeitando o slogan de José de Almeida que "Acima dos Açores só Deus", temos tentado cumprir a promessa feita. A exposição que acabamos de inaugurar na celebração do 44º Aniversário do nosso "DIA", embora modesta, mostra bem que o estamos a fazer.
Queridos amigos e amigas, deixai que vos tratemos assim. Permitem-nos que a terminar esta nossa arrazoada comunicação faça referência a expressão shakespeariana "to be or not to be, is the question" "ser ou não ser, é a questão".
O conceito "Ser ou não ser" na nossa situação de defensores de uma Independência para os Açores acaba por ultrapassar o seu contexto e torna-se um questionamento existencial amplo. Esta frase torna-se uma pergunta sobre a nossa própria existência como defensores da nossa autodeterminação. "Ser ou não ser" é a questão sobre o nosso agir, da nossa tomada de acção, do posicionamento ou não diante dos acontecimentos que nos rodeiam na questão em causa. A defesa da Liberdade da Independência dos Açores.
Ser ou não ser eis a questão. Porque parece que muitos que foram deixaram de o ser, porque se acomodaram com uma Autonomia "castrada" à nascença se deixaram corromper pelo poder instituído do compadrio e do favoritismo. Sabemos quem eles são. Vimo-los de dedo no ar gritando também por Liberdade, por Independência, mas vemo-los hoje de cócoras, subservientes, corrompidos, enfim, feitos autênticos traidores ao ideal que à altura perfilharam. E à Esperança prometida ao nosso Povo. Desses a História também falará.
Poderão perguntar-nos se hoje há razão por defender a Independência dos Açores. Reponderemos: - por acaso estão cegos e surdos?
Quando ouvimos e lemos, quem pede mais presença de Lisboa nos Açores, defendem a suspensão da minguada autonomia existente, só temos uma coisa a fazer. Cortar o mal pela raiz e, defender a nossa existência mostrando quanto valemos. Nem que tenhamos que sair à rua e bradar alto e a bom som: - Liberdade... Independência... Lisboa escuta os Açores estão em luta.
José Ventura
6 de Junho de 2019
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