JOÃO LUIZ M. PEREIRA Presidente da Associação Brasileira de Técnicos Têxteis fala da Tecno Têxtil Brasil 2009.
A partir da Terça 14 até Sexta 17 de Abril está acontecendo um projeto de negócios muito bem montado pela FCEM Feiras, Congressos e Empreendimentos Ltda. de Porto Alegre Brasil, que baseado na ampla experiência que possui na organização de feiras deste segmento como a grandíssima FEBRATEX e a ex caçula MAQUINTEX posiciona-se de jeito ótimo na capital dos negócios da América do Sul.
Para montar uma feira nem sempre precisa-se de muitos metros quadrados expositivos para garantir o sucesso do evento, ás vezes uma mistura boa fala mais alto. Além disso a superfície vendida completa os dois Pavilhões Amarelos do Expo Center Norte, porém é uma proposta interessante para todos aqueles envolvidos no ambiente têxtil.
Entrar em um mercado novo não é fácil mas de mãos dadas com a ABTT (www.abtt.org.uy) os riscos são mínimos pois abraça a matéria prima da indústria têxtil, os técnicos, ou seja, os motoristas de um veículo chamado de «compra».
Quanto á escolha do Expo Center Norte como sede da Tecno Têxtil Brasil 2009, a organizadora deu no alvo pois fica do lado do Terminal Rodoviário Tietê, referência cidadã da cidade de São Paulo e ponto de encontro na Estação de Metrô Portuguesa-Tietê dos milhares de visitantes que a feira vai ter no decorrer destes quatro dias.
E aí entrou em campo a FCEM e a LEED COMUNICACÃO (responsável pelo atendimento da imprensa e coordenação de todos os eventos da feira), colocando na Avenida Cruzeiro do Sul do lado do Terminal, três vans cor cinza e confortáveis que de jeito continuo fazem a corrida até o ingresso principal do pavilhão Amarelo se levarmos em consideração as Salas de Conferências.
PRAVDA: Compartilhe o seu Curriculum Profissional com os leitores do PRAVDA?
JOÃO LUIZ: De formação eu fiz administração de empresas na Universidade aqui no Estado de São Paulo mas antes mesmo de concluir o curso eu acabei entrando para o setor têxtil, comecei trabalhar neste setor, fiz um curso no Rio de Janeiro, na Escola SENAI CETIQ e de lá eu fui contrato por uma empresa norte-americana. Estamos falando de 1972-1973, nessa época, fui fazer um curso no Uruguai, na cidade de Colônia do Sacramento, na empresa Sudamtex e aí comecei a minha carreira á partir de aí. Nessa empresa eu tinha que vistoriar cada setor da fábrica ficando um ano e pouco lá, mas quando cheguei no setor de Estamparia, encontrei um catalão que era o Chefe do Setor Estamparia que chamava-se Roberto De la Pena e me fez apaixonar por Estamparia. É isso que eu quero fazer!!!
A partir daí, os cursos que eu fiz...eu fui fazer um curso especializado em Estamparia têxtil na Holanda, depois eu estive aperfeiçoando, fazendo cursos de colorimetria, cursos químicos na cidade de Como, próximo da cidade de Milão na Itália, depois acabei entrando numa outra empresa especializada em acabamentos, em cortes especiais na Áustria, e á partir de aí a minha vida tem sido toda encima principalmente na área de Estamparia. Vida profissional.
P: Se lembra da sua criancice, da vida naquela época?
JOÃO LUIZ: Eu nasci aqui em São Paulo , nesta cidade que nós estamos realizando o 23º. Congresso da Associação, num bairro chamado Água Branca, bairro italiano, típico daqui e logicamente quem é da Água Branca aí perto do Parque Antártica, tenho descendência italiana e espanhola, os italianos puxam sempre para o Palmeiras.
P: Como acabou refletindo a crise mundial no Brasil e de jeito específico na indústria têxtil?
JOÃO LUIZ: Isso é uma coisa até curiosamente aqui no Congresso aqui, nas palestras que a gente tem assistido não tem havido muitas referências á crise específicamente...agora a crise chegou para todo mundo, alguns mais, alguns menos. Aqui no Brasil por sorte, ela chegou menos e no setor têxtil ela chegou menos ainda. Os motivos disso a gente pode ficar muito tempo discutindo. Você por exemplo compra um carro, é um valor alto, depende muito em crédito, você compra uma roupa, são valores menores e não depende tanto de crédito quanto ao veículo. Então essa compensação do automóvel, dos veículos se deu pelo incentivo de PI que o setor têxtil não teve ainda. Mas nós estamos buscando também incentivos para tentar cobrir essa diferencia que está havendo no mercado pela crise.
P: Não acha que a ABTT junto com a FCEM tiveram muita «raça» para realizar um congresso e uma feira na primeira edição neste momento de crise?
JOÃO LUIZ: Na verdade é assim...qualquer evento que você organiza seja no setor têxtil, seja num outro setor, você tem que ter um trabalho de planejamento e quando você faz uma coisa planejada os impactos positivos ou negativos, eles não são decisivos tanto no resultado final, então para você ter uma idéia...este é o vigésimo terceiro congresso que nós fazemos. Nós fazemos esses encontros desde 1962, período aproximado de cada dois anos, e este congresso 23º. nós começamos a preparar e estruturar em Janeiro de 2007, então quer dizer que em Janeiro de 2009 completou dois anos e agora mais três meses, praticamente 27 meses para estruturar e organizar. Então o trabalho de planejamento, acabamos pegando aí a crise no meio do caminho, muitas das empresas que participam aqui são empresas internacionais, empresas estrangeiras que sentiram mais a crise mas você que está aqui cobrindo a Feira desde o início você viu o volume de público, a temperatura, e mesmo que não estive tanto na Feira, pelo que eu senti das conversas, parece um pessoal que está participando não está nem um pouco arrependido não.
P: Você percebeu que os auditórios estiveram lotados na grande maioria das palestras, está sentindo-se orgulhoso por isso? ABTT acabou sendo o grande parceiro da FCEM?
JOÃO LUIZ: Normalmente os congressos que entidade promove cada dois anos, dois anos e meio conforme o local ou a disponibilidade, a gente tem um público de inscritos, de congressistas em entorno dos mil, mil e cem. O congresso anterior teve 1.120 congressistas, então a nossa expectativa para este era superar este público em dez por cento. Chegar a 1.200, 1.300 e pelas notícias que eu tive no primeiro dia nos estávamos alcançando 1.400, ou seja que nós tivemos um número muito grande de público interessado no conteúdo das palestras e foi uma coisa trabalhada, planejada, nós criamos um comitê, nós convidamos um dos maiores especialistas do Brasil e do mundo, me Coordenação de Comitês Técnicos, que se chama Fritz Herbort, eu convidei o Fritz para ser o Coordenador Técnico, criamos onze comitês setoriais, envolvemos trinta e quatro pessoas, são pessoas cada uma especialista na sua área, e nós procuramos fazer o quê...selecionar, o que havia de melhor e de mais interessante para o nosso público. Quais são as novidades, quais são as tecnologias.
P: Por quê escolheram o Expo Center Norte e quais são as vantagens da escolha?
JOÃO LUIZ: É a primeira vez que a gente realiza um congresso no Expo Center Norte mas em São Paulo é a terceira vez que a gente realiza. Em uma outra vez nós realizamos em um lugar chamado «Centro Empresarial» que fica na Zona Sul, aqui no Center Norte provou-se uma localização muito boa, o ECN está localizado muito próximo da Marginal Tietê, muito próximo de duas estações de Metrô, Portuguesa Tietê e Carandiru que é aqui pertinho, bom acesso por Metrô, o estacionamento aqui no Pavilhão é muito bom, então acho que isso na parte logística ajudou muito. O pavilhão é climatizado, que talvez numa época como essa, não se sinta tanta diferença mas o conforto para o público, para o expositor, para o visitante é maior...as instalações para a realização das palestras, se elas não são em tantas salas...os nossos congressos...nós já tivemos congressos com dez palestras simultâneas, nós já tivemos congressos com 118 conferências, então em três dias você tinha período com dez palestras ao mesmo tempo, logicamente tentando não colocar todas do mesmo segmento para poder atender o maior número de pessoas. Aqui nós temos quatro salas, mas são salas com capacidade maior (duas de 230 e mais duas com 290), então eu acredito que tem dado um conforto e uma estrutura muito boa para os congressistas.
P: O qué é a Associação Brasileiras de Técnicos Têxteis, apresenta para nós?
JOÃO LUIZ: A história da Associação é bastante comum em outros países. No Uruguai eu me lembro que havia uma Associação de Profissionais, não me lembro se era específica de técnicos ou de químicos. Algum tempo no Brasil como em vários países da América do Sul, você não tinha técnicos formados, então, as indústrias têxteis que estavam nascendo, ou crescendo, elas precisavam trazer os seus técnicos principalmente da Europa, Inglaterra, Espanha e Itália. Então decidiu-se criar uma Escola no Brasil para formar técnicos profissionais para atender essa demanda dessas indústrias que estavam crescendo no Brasil, então no Rio de Janeiro em 1949 começou a funcionar a ETIQT que é a Escola Técnica de Indústria Química e Têxtil. A primeira turma formou cinco pessoas, começaram trinta e pouco e se formaram cinco depois de quatro anos. A segunda turma, formaram-se nove, começaram trinta ou quarenta e depois de quatro anos saíram cinco...Então no início foi assim. Só que em 1962 quanto já tinha sete ou oito turmas formadas, oitenta e três ex alunos dessa Escola, e muitos desses alunos, filhos de empresários que foram para lá para estudar, para aprender a tomar conta do negócio do pai. Então eles resolveram que eles precisavam formar uma associação clube de ex alunos, para fazer o que..para se manter atualizados naquilo que eles escolheram como profissão, técnica têxtil, dirigir uma empresa.
Então disseram, vamos criar uma associação, vamos dar o nome para essa associação de ABTT (Associação Brasileira dos Técnicos Têxteis) e vamos nós reunir a cada dois anos. Vamos trazer um convidado para fazer palestras, empresa química, empresa de máquinas, vamos convidar entidades dos países americanos, sul-americanos, vamos fazer esse intercâmbio. Então a idéia básica da Associação foi essa. Criada á partir da lida que os oitenta e três ex alunos, muitos eram empresários e alguns estão até hoje conosco, ainda existem fundadores da Associação participando né...e hoje nós somos 8.800 profissionais e a pesar de manter o nome, ABTT, desde 1980 mudamos o estatuto e passamos a receber não só técnicos, químicos, tecnólogos, engenheiros, profissionais de vendas, então nós temos hoje 8.800 profissionais cadastrados e perto de 52, 53 empresas parceiras associadas.
P: Sua ampla experiência internacional fez com que fosse muito mais simples realizar contatos convidando destaques para as palestras?
JOÃO LUIZ: Nesse episódio específico é como eu disse, eu tenho uma relativa experiência internacional por ter tido oportunidade de fazer curso no exterior, na Holanda, fiz curso na Áustria, fiz curso, na Espanha e fiz curso na Espanha. Mas o meu primeiro curso foi no Uruguai. Minha primeira viagem para o exterior foi para ir até Montevidéu no vôo da Pluna (www.flypluna.com) e de Montevidéu pegar o ônibus ONDA (já não existe) 177 km até Colônia onde eu comecei o meu estágio.
Mas esse relacionamento nós temos muitos colegas na Associação por isso que a gente trabalha em conjunto, e aí a gente procura trazer o que há de melhor e aqui nesse congresso são 72 conferências e 8 painéis, nós temos 115 participantes. Desses 115 participantes, além dos brasileiros que são a sua maioria, nós temos mais 8 países, nós tmos Japão, Índia, EUA, Portugal, Espanha, Bélgica, Alemanha e Suíça.
P: Qual é o alvo desta Feira e Congresso?
JOÃO LUIZ: O tema principal desse Congresso, lembre-se que nós começamos trabalhar nesse congresso em Janeiro de 2007. Em Dezembro de 2006, um mês antes da gente começar trabalhar a Assembléia Geral das Nações Unidas da ONU, lança um decreto determinando que este ano 2009 seria promovido mundialmente como o «Ano Internacional das Fibras Naturais». Então nós adotamos este decreto da ONU como tema principal do nosso congresso.
Fizemos gestões junto á ONU para trazer um representante da ONU para participar do Congresso junto a Greenpeace mas nesse aspecto nós não fomos felizes agora a iniciativa privada, as empresas estão aqui.
P: Para aprimorar a qualidade do seu congresso, resulta interessante visitar outros congressos pelo mundo tentando atrair destaques?
JOÃO LUIZ: Não só eu, não é porque, eu tenho uma atividade associativa na ABTT, não só na ABTT mas também na ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), participo na ABIT desde 1976, eu faço parte do Sindicado Têxtil aqui de São Paulo mas além de min, nós temos outros colegas na Associação ABTT, que por dever de oficio, por condição de trabalho, também tem a sua oportunidade de viajar. Eu especificamente participo desde 1979, quando foi a primeira versão da ITMA, você sabe que é a maior Feira de Máquinas e Tecnologia Têxtil do mundo realizada a cada quatro anos no continente européio. Então desde 79 quando foi a ITMA não me lembro qual versão, acho que começou por volta de 1955, por aí, foi a primeira ITMA que eu participei, de lá para cá, estive em todas. É uma feira que quem é do setor têxtil realmente não pode perder. A ITMA é uma feira que sempre procura visitar...a FLAQT que é a Federação Latino-Americana de Químicos e Coloristas Têxteis, uma época era parceira da ABTT, ou já algum tempo é parceira da ABQCT (Associação Brasileira dos Químicos) é uma promotora também dos congressos latino-americanos que eu também participo. Em vários deles participei, na Colômbia, na Argentina, agora recentemente no Chile, ou seja, a gente participa de vários eventos.
P: As empresas têxteis brasileiras se dão bem com o meio ambiente?
JOÃO LUIZ: O Brasil tem muitas indústrias têxteis e esse tema de meio ambiente é um tema que nós procuramos trazer muito forte ao congresso, porque...aqui no Brasil quem conhece um pouco a estrutura legal de Brasil, legal de Legislação, você vai verificar que as exigências ambientais em muitos casos são iguais ou superiores ás exigências européias...as exigências por exemplo no meu Estado,aqui que é São Paulo, do órgão que é a CETESP, elas são realmente de rigor extremo. E o Brasil e o Estado de São Paulo se destacam porque é o primeiro setor que por iniciativa própria buscou o órgão ambiental junto com a academia, junto com as empresas, e criou um procedimento, uma cartilha chamada P mais L, produção mais limpa. Então o industrial têxtil brasileiro tem essa característica também de se preocupar como eu lhe disse, tem que ser um diferencial pois nós que somos sul-americanos temos que mostrar para os européios que é muito fácil chegar aqui um espanhol, um holandês, um italiano e dizer que nós temos que preservar o nosso país porque eles já acabaram lá com o deles e agora temos que preservar o nosso aqui.
Agora nós temos essa consciência, evidentemente como em todo lugar podem existir empresas que não tem o mesmo cuidado que outras mas o que a gente acha muito importante é que se nós aqui temos que seguir essas normais de devemos seguir porque elas são importantes para o futuro de cada um. Aqueles que nos vendem lá da China, lá daqueles países asiáticos que sabem que eles também precisam da economia mas eles também deveriam respeitar as mesmas normas que nós respeitamos aqui, o que não acontece. Seja na área ambiental, seja na área social, a gente sabe quanto custa de obras sociais um funcionário, um colaborador na Argentina, no Uruguai, no Brasil e quanto custa nesses países asiáticos para as empresas o custo social.
P: A balança comercial das associações não é favorável na maioria dos casos, o que acontece no segmento têxtil no Brasil?
JOÃO LUIZ: Quanto aos orçamentos? A entidade ABTT, desde o início pelo estatuto ela não tem fim lucrativo agora ela também não é instituto de caridade, não é uma obra social. Então o que a gente faz? Quanto a gente promove um evento, a gente busca parceiros então como a gente tem indústrias têxteis associadas e parceiras, como nós temos indústrias de máquinas associadas e parceiras, indústrias químicas, indústrias de software, então a gente tem de alguma maneira, cadeia parceira da ABTT e isso que a gente faz aqui é uma prestação de serviços para toda a cadeia. Então o que é que a gente procura fazer...a gente procura obter patrocínios para cobrir os nossos custos e dentro disso um grande parceiro que tem a visão e inteligencia que é a FCEM. A FCEM buscou a ABTT, nós temos uma história com a FCEM já que remonta uns 8 ou 9 anos, mais o menos no ano 2000, 2001 que foi o primeiro contato, nós fizemos um Seminário dentro da Feira Febratex e de lá para cá, a gente tem realizado muitos eventos em conjunto, agora a entidade e todos nós que trabalhamos na entidade, os Diretores, nós não temos remuneração, o contrário muitas vezes a gente poe dinheiro do próprio bolso para bancar as despessas. Agora a gente espera obter um equilibro para também profisionalizar a entidade.
P: Então até quando a parceria com a FCEM?
JOÃO LUIZ: Olha, o que acontece é assim. As parcerias elas tem que ser firmadas pela diretoria atual e se elas são firmadas, no meu caso, neste momento estou na minha segunda gestão como Presidente, eu participo na ABTT desde 1974, entrei para diretoria da entidade em 1978 e de 78 para cá eu tenho participado, neste momento nas últimas duas gestões eu tenho axercendo a Presidência da Associação então todas as parcerias que nós temos, nós temos por escrito. Por exemplo, no caso a Febratex, a maior feira de máquinas da América, das Américas pois nem nos EUA tem uma feira como a Febratex, nós temos acertado com a FCEM se não me falha a memória, acho que nós temos acertado a organização dos seminários dentro da Febratex até 2012, mais duas feiras na frente. Para Maquintex, em Fortaleza, acho que nós temos até a deste ano: para a Feira de Goiânia, até maio do ano que vem agora para o próximo congresso vai depender da próxima diretoria continuar ou refazer uma parceria com a FCEM.
Gustavo Espiñeira
Correspondente PRAVDA.ru
São Paulo - Brasil
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