Brasil: Em dezembro, emprego industrial recuou 1,8%

Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário – Fonte IBGE

Base: Dezembro de 2008

Foi a maior queda na comparação com o mês imediatamente anterior (com ajuste sazonal) desde o início da série, em 2001. Confrontado com dezembro/07, o indicador registrou a primeira taxa negativa (- 1,1%) após 29 meses consecutivos de expansão. Contudo, no acumulado no ano, o resultado ficou positivo (2,1%). Em 2008, o número de horas pagas cresceu 1,9%, mas recuou tanto na comparação com o mês imediatamente anterior (- 1,7%) - série ajustada - como também frente a dezembro/07 (- 1,8%, a menor taxa em cinco anos). A folha de pagamento real fechou o ano de 2008 com ganho de 6,0%, mas recuou 0,7% no confronto com novembro/08 (série ajustada), assinalando, na comparação com dezembro/07, a 36a alta (4,1%) consecutiva.

PESSOAL OCUPADO ASSALARIADO

Em dezembro de 2008, na série livre de influências sazonais, o emprego na indústria recuou 1,8% em relação a novembro, maior retração observada na série histórica com início em 2001. Esse resultado foi o terceiro negativo consecutivo, período em que acumulou perda de 2,5%. Com isso, o índice de média móvel trimestral em dezembro (-0,8%) acentuou o ritmo de queda frente ao mês anterior (-0,2%).

No confronto com dezembro de 2007, o pessoal ocupado registrou a primeira taxa negativa (-1,1%), interrompendo uma sequência de 29 meses de crescimento, com o menor resultado desde janeiro de 2004 (-1,2%). O indicador para o fechamento do ano ficou em 2,1%, abaixo do resultado acumulado até setembro (2,7%), antes da alteração no cenário econômico mundial. Na análise trimestral, o quarto trimestre de 2008 registrou variação positiva de 0,3% frente a igual período de 2007, mas na comparação com o trimestre imediatamente anterior - série ajustada sazonalmente - recuou 1,1%, interrompendo uma série de dez trimestres de expansão nessa comparação.

No indicador mensal, o contingente de trabalhadores foi 1,1% menor do que em dezembro de 2007, com redução em onze dos quatorze locais e em nove dos dezoito ramos pesquisados. São Paulo (-0,8%), Santa Catarina (-3,2%), Paraná (-3,1%) e região Nordeste (-2,0%) exerceram as pressões negativas mais significativas no total do país. Nesses Estados, os segmentos que mais contribuíram para a redução do emprego foram: vestuário (-11,3% e -14,2% nas indústrias paulista e catarinense, respectivamente); madeira (-21,0%) na indústria paranaense; e têxtil (-8,3%) na indústria nordestina. Vale destacar que São Paulo, que responde por aproximadamente 35,0% do emprego industrial, não mostrava queda nesse indicador desde abril de 2004 (-0,8%). Neste local, os setores de meios de transporte, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações e máquinas e equipamentos, que vinham liderando o crescimento nacional até setembro, apontaram clara redução no ritmo de expansão frente aos resultados de meses anteriores. Em termos setoriais, no total do país, os principais destaques negativos na média global foram vestuário (-8,4%), calçados e artigos de couro (-8,7%) e madeira (-11,9%).

Em bases trimestrais, o emprego industrial vem sustentando resultados positivos há dez trimestres consecutivos, com desaceleração na passagem do terceiro (2,5%) para o quarto trimestre (0,3%), ambas comparações contra igual período do ano anterior. A perda de dinamismo observada entre esses dois períodos atingiu a maioria dos locais (11 dos 14) e dos setores (16 dos 18). No corte setorial, as perdas mais significativas, entre julho-setembro e outubro-dezembro, foram as de máquinas e equipamentos, que passou de 10,9% para 5,8%; produtos químicos (de 9,4% para 1,4%), meios de transporte (de 8,7% para 4,1%) e máquinas e aparelhos de comunicações (de 11,1% para 5,8%). Entre os locais, os destaques foram: São Paulo (de 3,1% para 0,5%), Minas Gerais (de 6,1% para 3,0%), Paraná (de 1,1% para -1,6%) e Rio Grande do Sul (de 3,1% para 0,8%).

No índice para o fechamento do ano de 2008, o contingente de trabalhadores registrou expansão de 2,1%, praticamente repetindo o resultado de 2007 (2,2%), com destaque para as contribuições positivas de onze locais e de doze ramos. São Paulo (3,0%), Minas Gerais (4,2%), região Norte e Centro-Oeste (2,6%) e Rio Grande do Sul (2,1%) exerceram as influências mais relevantes sobre a taxa geral. A liderança na média global, em termos setoriais, ficou com máquinas e equipamentos (10,4%), meios de transporte (8,5%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (10,6%) e alimentos e bebidas (2,3%). Vale destacar que os três primeiros setores citados mostraram clara perda de ritmo frente ao acumulado no ano até setembro, influenciados pela desaceleração que se deu de forma mais acentuada no último trimestre do ano. Em sentido contrário, calçados e artigos de couro (-8,7%), vestuário (-6,1%) e madeira (-8,7%) permaneceram apontando os principais recuos de 2008 e, entre os locais, Santa Catarina (-1,4%), Pernambuco (-0,9%) e Espírito Santo (-0,4%).

NÚMERO DE HORAS PAGAS

O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria, em dezembro, recuou 1,7% pelo segundo mês consecutivo, no confronto com o mês imediatamente anterior, na série livre dos efeitos sazonais. Com isso, o indicador de média móvel trimestral que, em outubro, interrompeu a trajetória de crescimento presente há quatro meses e assinalou -0,4% em novembro, intensificou o movimento de queda em dezembro (-1,2%). Ainda na série com ajuste sazonal, no confronto com o trimestre imediatamente anterior, o quarto trimestre de 2008 mostrou redução de 1,7%, após aumento de 0,9% no período anterior.

No confronto com igual mês do ano anterior, o número de horas pagas recuou 1,8% em dezembro, menor taxa desde dezembro de 2003 (-1,9%). Com isso, o indicador acumulado em 2008 ficou em 1,9%. Na análise trimestral, os últimos três meses do ano apontaram variação negativa de 0,2% frente a igual período do ano anterior.

Na comparação com dezembro de 2007, o número de horas pagas caiu 1,8%, com decréscimo em onze dos quatorze locais e onze dos dezoito ramos pesquisados. Em termos setoriais, as principais contribuições negativas vieram de vestuário (-8,7%), madeira (-11,5%) e têxtil (-7,8%). Em sentido contrário, minerais não-metálicos (6,2%), refino de petróleo e produção de álcool (12,3%) e metalurgia básica (4,3%) exerceram as pressões positivas mais importantes. Vale destacar que os setores de máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-3,0%), meios de transporte (-1,2%) e máquinas e equipamentos (0,7%), que vinham liderando em termos de magnitude de crescimento, mostraram clara desaceleração no número de horas pagas frente aos resultados de setembro e outubro.

Ainda no indicador mensal, os locais que assinalaram os maiores impactos negativos no resultado nacional foram: São Paulo (-1,4%), Paraná (-3,8%) e região Norte e Centro-Oeste (-3,5%). No primeiro, oito segmentos reduziram o número de horas pagas, com destaque para borracha e plástico (-11,1%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-8,4%). Na indústria paranaense, madeira (-23,7%) e vestuário (-19,4%) exerceram as maiores influências negativas, assim como na região Norte e Centro-Oeste (respectivamente, -17,6% e -13,9%).

Na análise trimestral, com a variação de -0,2% no período outubro-dezembro, o número de horas pagas interrompeu sequência de onze trimestres consecutivos de taxas positivas. Entre o terceiro (2,5%) e o quarto (-0,2%) trimestre de 2008, ambas comparações contra igual trimestre do ano anterior, os quatorze locais e dezessete atividades apontaram perdas entre os dois períodos. Entre os setores, os destaques ficaram com máquinas e equipamentos (de 12,3% para 5,4%), meios de transporte (de 9,4% para 2,7%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (de 10,3% para 1,2%), enquanto entre os locais sobressaíram Minas Gerais (de 6,8% para 3,0%) e São Paulo (de 3,2% para 0,0%).

O indicador acumulado no ano cresceu 1,9% em 2008, praticamente repetindo o resultado observado em 2007 (1,8%). Onze locais aumentaram o número de horas pagas nesta comparação, com destaque para São Paulo (2,8%), Minas Gerais (4,6%) e região Norte e Centro-Oeste (2,5%). No corte setorial, doze segmentos apontaram expansão no número de horas pagas, com as seguintes contribuições mais relevantes: máquinas e equipamentos (11,0%), meios de transporte (8,9%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (8,4%). Por outro lado, as pressões negativas mais significativas foram exercidas por calçados e artigos de couro (-9,2%) e vestuário (-6,1%), entre os ramos, e por Santa Catarina (-0,9%) e Pernambuco (-2,1%), entre as áreas pesquisadas.

Em síntese, a mudança do quadro macroeconômico a partir de setembro teve impactos negativos sobre a atividade industrial e, consequentemente, sobre o número de horas pagas e o emprego. A desaceleração nestes indicadores ficou evidente nas comparações mensal e trimestrais, com reflexos no fechamento do ano. Outro sinal de menor dinamismo foi observado nas comparações livres de influências sazonais, onde o emprego e o número de horas pagas mostraram, pelo terceiro mês consecutivo, taxas negativas frente ao mês anterior, o que levou a comparação com o trimestre imediatamente anterior a apontar recuos recordes para as duas variáveis (-1,1% no pessoal ocupado e -1,7% no número de horas pagas).

FOLHA DE PAGAMENTO REAL

Em dezembro, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria ajustado sazonalmente recuou 0,7% em relação ao mês imediatamente anterior, assinalando a terceira taxa negativa consecutiva, acumulando uma perda de 3,6%. Com estes resultados, o indicador de média móvel trimestral decresceu 1,2% entre novembro e dezembro, após virtual estabilidade (-0,1%) no mês anterior. Ainda na série com ajuste sazonal, no índice trimestre contra trimestre imediatamente anterior, o valor da folha de pagamento real apontou queda de 0,7% no último trimestre do ano, interrompendo dez trimestres consecutivos de taxas positivas.

Nos confrontos com iguais períodos do ano anterior, os resultados continuaram positivos: 4,1% no indicador mensal, 4,3% no quarto trimestre e 6,0% no acumulado no ano.

O indicador mensal da folha de pagamento real cresceu 4,1%, assinalando a trigésima terceira taxa positiva consecutiva. Para este resultado contribuíram doze dos quatorze locais pesquisados, cabendo a São Paulo (6,0%) a maior pressão positiva, em função, principalmente, de meios de transporte (8,3%), máquinas e equipamentos (8,2%) e produtos de metal (14,4%). Em seguida, vale citar Minas Gerais (4,1%) e Paraná (5,4%). Estes locais apresentaram, respectivamente, os principais ganhos salariais em meios de transporte (31,6%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (24,9%); e máquinas e equipamentos (15,3%) e alimentos (8,4%). Por outro lado, somente Rio Grande do Sul (-1,1%) registrou perda, por conta, principalmente dos setores de alimentos e bebidas (-12,9%) e calçados e artigos de couro (-4,3%).

Setorialmente, ainda no indicador mensal, o valor da folha de pagamento real aumentou em quinze dos dezoito setores fabris. As maiores influências positivas vieram de meios de transporte (10,5%), máquinas e equipamentos (8,2%), produtos de metal (10,2%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (7,1%). Em sentido oposto, as principais retrações foram verificadas em vestuário (-14,0%) e madeira (-9,9%).

Na análise trimestral, o valor real da folha de pagamento industrial sustenta taxas positivas há vinte períodos consecutivos, na comparação com igual trimestre do ano anterior, mas desacelera entre o terceiro (7,1%) e o quarto (4,3%) trimestres de 2008. Doze locais e treze ramos reduziram o ritmo de crescimento da folha real entre os dois períodos, com destaque para produtos químicos, que passou de 17,8% para 3,5%, meios de transporte (de 12,4% para 7,7%) e metalurgia básica (de 15,0% para 8,1%), entre os setores; e Paraná (de 10,0% para 6,0%), Minas Gerais (de 11,9% para 8,2%) e São Paulo (de 8,4% para 4,8%), entre os locais.

O indicador acumulado no ano fechou em 6,0%, com incremento da folha de pagamento real em todos os locais pesquisados. Os maiores impactos positivos vieram de São Paulo (7,0%) e Minas Gerais (9,0%), sobressaindo, respectivamente, os aumentos de meios de transporte (11,2%) e produtos químicos (15,1%); e meios de transporte (17,8%) e minerais não-metálicos (19,1%). Em termos setoriais, das treze atividades que registraram expansão na massa salarial, meios de transporte (11,7%), máquinas e equipamentos (8,1%) e produtos de metal (13,0%) exerceram as principais influências. Do lado negativo, as principais pressões vieram de calçados e artigos de couro (-6,1%) e papel e gráfica (-2,4%).

Prof. Dr. Ricardo Bergamini

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey