Nunca é tarde para desenhar: como resgatar a criatividade na vida adulta

Psicólogos e artistas explicam como voltar a desenhar na fase adulta, mesmo sem prática

Quando foi a última vez que você desenhou algo? Se você respondeu “na escola”, não está sozinho. A maioria dos adultos abandona o desenho como forma de expressão ainda na adolescência — muitas vezes por vergonha, autocrítica ou a crença de que “não tem talento”. Mas especialistas em criatividade e psicologia afirmam: desenhar é para todos, em qualquer idade.

Segundo o artista e educador visual Leo Matsuda, o bloqueio com o desenho raramente é técnico. “A maioria das pessoas não deixa de desenhar por falta de habilidade, mas por medo de julgamento. Somos ensinados a valorizar o ‘certo’ e o ‘bonito’, e esquecemos que desenhar é, antes de tudo, um processo”, afirma.

Do ponto de vista neurológico, desenhar ativa múltiplas áreas do cérebro — desde a coordenação motora fina até funções de imaginação, linguagem e tomada de decisões. Estudos mostram que a prática regular de desenho pode reduzir o estresse, melhorar a concentração e até aliviar sintomas de ansiedade.

Para quem deseja recomeçar, o primeiro passo é abandonar o perfeccionismo. “Não comece desenhando algo ‘realista’. Comece com rabiscos, formas soltas, cópias de referências simples. E se possível, desenhe sem mostrar para ninguém no início — só para você”, recomenda a terapeuta artística Gabriela Leme.

Outro recurso valioso são os desenhos automáticos — rabiscar sem pensar ou planejar, deixando que a mão conduza o traço. Essa prática, além de libertadora, ajuda a resgatar o prazer de criar sem julgamento. Cadernos de esboço, desafios de 5 minutos por dia e até aplicativos de desenho digital podem funcionar como ferramentas de motivação.

O mercado também oferece cursos voltados especificamente para iniciantes adultos, com abordagens não técnicas e foco no processo, e não no resultado. Plataformas como Domestika e YouTube reúnem milhares de vídeos gratuitos com exercícios simples e inspiradores.

Como ressalta o portal Artsy, a arte não é privilégio de quem “sabe”. É um direito de quem sente. E talvez, em um mundo cada vez mais automatizado, pegar um lápis e simplesmente desenhar seja um dos atos mais humanos que podemos retomar.

Seu desenho não precisa ir para a parede. Mas talvez precise voltar para sua vida.

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Author`s name Olesya Kireeva