Você acha que está no controle — mas o algoritmo é quem manda

Especialistas explicam como o algoritmo do TikTok prende sua atenção e afeta sua mente

Você abre o aplicativo “só para ver um vídeo” e, quando se dá conta, já se passaram 40 minutos. Sons, movimentos, cortes rápidos, frases de impacto. Parece mágica, mas é engenharia comportamental. O algoritmo do TikTok é projetado para prender sua atenção com precisão quase cirúrgica — e os efeitos vão muito além do entretenimento.

Diferente de outras redes sociais que priorizam conexões entre pessoas, o TikTok entrega conteúdo com base no seu comportamento, não em quem você segue. Isso significa que a plataforma coleta dados em tempo real — tempo de visualização, curtidas, deslizes, pausas — e refina a cada segundo o que te mantém engajado.

Segundo análise do Wall Street Journal, a força do TikTok está na capacidade de entender não só o que você diz que gosta, mas o que seu cérebro demonstra gostar. Mesmo sem interação explícita, ele detecta padrões de curiosidade, excitação e atenção e começa a empurrar mais do mesmo — criando bolhas personalizadas e difíceis de escapar.

Psicólogos alertam que esse sistema ativa circuitos de recompensa no cérebro, liberando dopamina a cada novo conteúdo envolvente. O problema? Essa recompensa instantânea pode reduzir a tolerância ao tédio, prejudicar a concentração e até interferir na regulação emocional — especialmente entre adolescentes.

“É como um cassino portátil”, resume o neurocientista Pedro Sousa. “O feed é infinito, o estímulo é constante e a sensação de controle é ilusória.” O TikTok não apenas oferece conteúdo: ele te observa, te estuda e molda sua experiência para que você não consiga parar.

O impacto vai além do indivíduo. Tendências virais moldam comportamento coletivo, consumo e até discurso político — muitas vezes sem espaço para reflexão crítica. A transparência sobre o funcionamento do algoritmo ainda é limitada, e os pedidos por regulamentação aumentam.

Consumir entretenimento não é o problema. Mas entender quem está controlando o quê talvez seja o primeiro passo para retomar o comando do próprio tempo e da própria atenção.

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Author`s name Aleksandr Shtorm