É possível estar ao lado de alguém todos os dias — e ainda assim se sentir sozinho. Essa sensação desconcertante, embora silenciosa, afeta milhões de pessoas em relacionamentos estáveis. Mas por que isso acontece? E o que, de fato, pode ser feito?
Psicólogos afirmam que a solidão relacional não tem a ver com presença física, mas com ausência de conexão emocional. Em muitos casos, os parceiros dividem a rotina, as tarefas e até a cama — mas não compartilham mais seus sentimentos, desejos e angústias. Quando isso se prolonga, instala-se um sentimento de isolamento dentro da própria relação.
Especialistas apontam alguns fatores frequentes: a correria da vida cotidiana, a falta de comunicação profunda, o uso excessivo de tecnologia e a idealização do parceiro. “Esperamos que o outro nos complete, mas esquecemos que conexão exige construção mútua”, explica a psicóloga Ana Paula Ribeiro.
Além disso, muitos casais evitam conversas desconfortáveis por medo de conflito. Esse silêncio aparente, no entanto, acumula frustrações que vão corroendo o vínculo. Um artigo informa que pessoas em relacionamentos insatisfatórios se sentem mais solitárias do que solteiros bem resolvidos.
O primeiro passo é reconhecer o sentimento — e validá-lo. Falar sobre a solidão com o parceiro não é acusar, mas abrir espaço para um novo tipo de escuta. Práticas como a escuta ativa, o diálogo empático e momentos de presença verdadeira (sem celular, sem distrações) ajudam a restaurar a intimidade emocional.
Outra estratégia é buscar atividades conjuntas que despertem prazer e novidade. A neurociência mostra que experiências compartilhadas geram liberação de dopamina e fortalecem o vínculo. Em casos mais delicados, a terapia de casal pode ser um caminho eficaz para resgatar o vínculo perdido.
Estar junto não é garantia de estar conectado. Mas é possível reconstruir pontes — mesmo sobre terrenos que pareciam distantes.
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