O Centro Lusófono Camões da Universidade Pedagógica Estatal de Hertzen, de São Petersburgo (Rússia), com o apoio financeiro do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e da Embaixada brasileira em Moscou, acaba de lançar mais um livro de Machado de Assis (1839-1908) em edição bilingüe (russo-português), com prefácio do jornalista e escritor Adelto Gonçalves, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo e professor de Jornalismo da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), de Santos-SP.
Machado de Assis contos escolhidos reúne 13 contos, que foram traduzidos por especialistas russos sob a supervisão do professor Vadim Kopyl, diretor do Centro Lusófono Camões. Os contos são Teoria do medalhão, O segredo do bonzo, O anel de Polícrates, Mariana, O diplomático, Verba testamentária, Conto de escola, A cartomante, Evolução, Trio em lá menor, Conto alexandrino, O cônego ou metafísica do estilo e O dicionário. Em 2006, o Centro Lusófono Camões já havia lançado Machado de Assis: contos, reunindo outros 12 textos machadianos, também com prefácio do professor Adelto Gonçalves.
No prefácio Machado de Assis: ironia e sedução, o professor Adelto Gonçalves faz uma aproximação do autor brasileiro com o romancista russo Dostoievski (1821-1881), afirmando que ambos refletem o pensamento pessimista do século XIX, de que nada de grandioso se poderia esperar do homem. Olhando agora para o que foi o século XX, de fato, esse pessimismo não era nada fortuito, observa o autor do prefácio, lembrando que é pouco provável que Dostoievski tenha exercido qualquer influência sobre Machado de Assis, ainda que este o tenha citado numa crônica de 1889.
Ao explicar o interesse despertado tanto por Machado de Assis como por Dostoievski nos dias hoje, o prefaciador diz que ambos tratam de temas de uma atualidade surpreendente e permanente. São tratados de psicologia que ninguém pode deixar de ler sem que faça um exame da própria consciência, diz.
Ao se referir a Conto alexandrino, o professor observa que Machado de Assis nesse texto antecipa, de modo premonitório, o terror nazista e as experiências do médico alemão Joseph Mengele (1911-1979) no campo de extermínio de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial.
O convite a Adelto Gonçalves para participar da edição partiu de Dário Moreira de Castro Alves, embaixador do Brasil em Portugal nos anos 80 e secretário cultural da Embaixada brasileira em Moscou na década de 1960, que lançou recentemente em São Petersburgo a tradução para o português do romance em versos Eugenio Onegin, de Alexandr.Pushkin (1799-1837).
Adelto Gonçalves, 55 anos, é professor de Jornalismo da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte). É ainda mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana pela USP e autor de Fernando Pessoa: a Voz de Deus (Santos, Editora Universidade Santa Cecília, 1997), Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002) e Bocage: o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003), entre outros.
É colaborador especial do suplemento Das Artes Das Letras do jornal O Primeiro de Janeiro, do Porto, do Diário dos Açores, de Ponta Delgada, e das revistas Vértice e Colóquio/Letras, de Lisboa, Forma Breve, da Universidade de Aveiro, Cultura: Revista de História e Teoria das Idéias, da Universidade Nova de Lisboa, e Letteratura-Tradizione, da Universidade de Perugia, Itália.
No Brasil, escreve em publicações acadêmicas como Metamorfoses, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Revista do Centro de Estudos Portugueses, da Universidade Federal de Minas Gerais, e nos jornais A Tribuna, de Santos, A Tarde, de Salvador, Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, Gazeta Mercantil, de São Paulo, e Jornal Opção, de Goiânia, entre outros. Foi redator e editor durante dez anos de O Estado de S.Paulo, tendo trabalhado ainda na Editora Abril, Empresa Folha da Manhã e A Tribuna, de Santos. É sócio-correspondente da Academia Brasileira de Filologia.
Adelto GONÇALVES
BRASIL
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