O escritor português António Lobo Antunes, 64 anos, é o vencedor da 19ª edição do Prêmio Camões, considerada a mais importante distinção literária em língua portuguesa, criada em 1988 pelos governos de Portugal e Brasil para estreitar os laços culturais entre os vários países lusófonos .
Um dos mais conhecidos autores do país, que já foi cotado para receber o Nobel de Literatura, receberá 100 mil euros (cerca de R$ 270 mil) pela premiação.
Reagindo à distinção, o autor afirmou: "É um prazer lembrarem-se do meu nome", disse, citado por Rui Breda, porta-voz da D.Quixote, a editora que representa o autor desde 1983.
Inúmeras reacções à atribuição do prémio a Lobo Antunes surgem de todos os cantos da lusofonia, reconhecendo-se a "mestria" e "originalidade" do escritor português e a sua "influência".
A escritora brasileira Guiomar de Grammont, coordenadora do Fórum das Letras de Ouro Preto, considera, cita a Lusa, o vencedor do Prémio Camões 2007, o "maior escritor vivo da língua portuguesa".
O júri do galardão, por seu lado, justifica que Lobo Antunes é um "autor lúcido e crítico da realidade literária", que utiliza a Língua Portuguesa com mestria. Reunido na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, o júri deste ano foi constituído por Francisco Noa (Moçambique), João Melo (Angola), Fernando J.B. Martinho (Portugal), Maria de Fátima Marinho (Portugal), Letícia Malard (Brasil) e Domício Proença Filho (Brasil).
António Lobo Antunes tem 64 anos (nasceu a 1 de Setembro de 1942). "Memória de Elefante", o seu primeiro romance, e provavelmente a mais autobiográfica das suas obras, foi publicado em 1979. Seguiu-se os "Cus de Judas".
Licenciado em Medicina, especializou-se em Psiquiatria, exercendo, até há bem pouco tempo, clínica no Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa.
Além dos dois romances referidos, da sua obra fazem parte títulos como Conhecimento do Inferno, Explicação dos Pássaros, Fado Alexandrino, Auto dos Danados (Grande Prémio de Romance e Novela em 1985), As Naus, Tratado das Paixões da Alma, A Ordem Natural das Coisas, A Morte de Carlos Gardel, O Manual dos Inquisidores, O Esplendor de Portugal, Livro de Crónicas e Exortação aos Crocodilos que, com mais de 30 mil exemplares vendidos, venceu o Grande Prémio de Romance e Novela em 1999.
Idêntico êxito junto do público, obteve também "Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura", publicado em 2000, marcando o início de uma nova era para o escritor. Desde então, publicou "Que Farei Quando Tudo Arde?", "Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo" e "Eu Hei-de Amar Uma Pedra".
Consta ainda da sua bibliografia, três livros de crónicas e um pequeno livro de letras para canções denominado "Letrinhas de Cantigas".
Já em 2006, publicou o "Terceiro Livro de Crónicas" e o seu último romance "Ontem Não Te Vi em Babilónia".
Com o prêmio a Lobo Antunes chega a nove o número de autores portugueses vencedores. Os brasileiros levaram sete vezes, com João Cabral de Mello Neto (1990), Raquel de Queiroz (1993), Jorge Amado (1994), Antônio Cândido (1998), Autran Dourado (2000), Rubem Fonseca (2003) e Lygia Fagundes Telles (2005).
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