O príncipe británico Charles quer ser um rei "multirreligioso" e que sua esposa Camilla se converta em rainha. O filho da rainha Elizabeth II quer com isso começar uma nova era da Realeza e reconhecer que a Grã-Bretanha mudou como sociedade desde que sua mãe foi coroada em 1953.
Os planos que eram secretos foram revelados pela revista política The Spectator . Segundo revist a a coroação de Charles na Igreja Anglicana, da qual se tornará líder automaticamente ao subir ao trono, será seguida de outra, em data posterior, que terá a participação de católicos, muçulmanos, judeus, hindus, siques e budistas.
A cerimônia anglicana ocorrerá na Abadia de Westminster, onde será proclamado rei "pela graça de Deus", enquanto a segunda, de caráter ecumênico, seria realizada no Palácio de Westminster.
O príncipe de Gales quer essa dupla cerimônia, segundo as fontes, para marcar o início de uma nova era e reconhecer as mudanças ocorridas na sociedade britânica desde que sua mãe foi coroada rainha. Uma pessoa próxima a Charles afirma que o príncipe está mais determinado do que nunca a fazer as duas cerimônias, após a polêmica surgida nas últimas semanas em torno do véu muçulmano e do crucifixo cristão.
Segundo a revista, Charles está preocupado por ver seus futuros súditos atacarem uns aos outros com base em suas respectivas convicções religiosas e quer dar o exemplo.
Em 1952, a rainha se comprometeu solenemente a fazer tudo o possível para manter a Igreja Anglicana - estabelecida por lei - no Reino Unido.
Seu filho, no entanto, quer cumprir a promessa que fez a seu biógrafo, Jonathan Dimbley, em um documentário para a televisão: quer ser considerado o defensor da fé em geral, em vez de defensor especificamente da fé anglicana.
A revelação dos supostos planos do herdeiro do trono gerou críticas de parlamentares conservadores. Philip Davis, deputado do partido de oposição, advertiu Charles de que era "um jogo perigoso".
"Este país é um país cristão. É nossa herança e deveríamos defendê-la", disse Davis, acrescentando que essa ânsia de agradar outras religiões não o impressiona, nem vai "impressionar pessoas de outras crenças".
À margem da defesa do multiculturalismo, no momento em que o próprio Governo trabalhista o coloca em xeque, Charles tem outro motivo muito pessoal para essa opção, segundo a "The Spectator".
O herdeiro do trono se enfureceu há dois anos, quando lhe informaram de que, segundo o protocolo real, era "inadequado" que Camilla Parker Bowles - hoje, sua esposa -, atual duquesa da Cornualha, sentasse junto com ele em uma catedral para assistir ao casamento de dois aristocratas relacionados a sua família.
Na época, Charles decidiu que ele também não assistiria ao casamento e - segundo a "The Spectator", que cita como fonte a escritora Sarah Bradford, autora de várias biografias sobre a monarquia inglesa - decidiu finalmente se casar com Camilla para não fazê-la passar por "semelhante humilhação" outra vez.
Charles está tão determinado como na época do ocorrido, diz a "The Spectator", a que, no dia de sua coroação, sua esposa esteja a seu lado e se transforme em rainha.
Em nenhum caso permitirá que sua esposa seja considerada simplesmente "princesa consorte", segundo a revista.
Charles também quer que sua esposa Camilla seja Rainha da Inglaterra e não princesa consorte, como as autoridades do palácio prometeram antes do casamento, em abril de 2005.
"Sua Majestade (Elizabeth II) cumpriu suas responsabilidades ao pé da letra durante sua vida e planeja fazê-lo até seus últimos dias. Mas reconhece que não poderá exercer nenhuma influência depois de seu funeral", afirmou uma fonte.
O príncipe quer que sua coroação seja transmitida ao vivo por vários canais de televisão do país e do mundo, diferentemente de sua mãe, que pediu que as câmaras não exibissem imagens durante os momentos mais sagrados da cerimônia religiosa.
Uma fonte da residência real Clarence House em Londres se recusou falar sobre o assunto.
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