Na casa de Wolfgang Priklopil, em Strasshof, a 25 km ao norte de Viena, no local de cativeiro da jovem Natasha Kampusch, os investigadores da polícia austriaca concluíram ontem o recolhimento de provas biológicas, como fios de cabelo, para análise de DNA, assim como outros materiais para serem examinados, declarou à AFP um porta-voz da polícia judiciária federal, Helmut Greiner. Os investigadores também encontraram o livro ou o vídeo baseado na primeira obra, do escritor britânico John Fowles (1926-2005).
Greiner não especificou se a polícia encontrou o livro ou o vídeo mas admite que "poderia haver paralelismos com a realidade". Trata-se de "O Colecionador", escrito em 1963, relata a história do seqüestro de uma jovem, Miranda Grey, por um homem, Frederick Clegg, com o propósito de colecionar algo diferente de borboletas como vinha fazendo. O romance foi levado ao cinema em 1965 com o mesmo título.
Tanto no romance como no filme, depois de haver reunido uma pequena fortuna, Clegg comprou uma furgoneta e uma casa de campo reformando o sótão, transformado numa espécie de apartamento. Passa a vigiar a futura vítima e, depois do seqüestro tenta seduzir Miranda, mimando-a com presentes, entre eles discos de Mozart. A jovem tenta fugir várias vezes.
Segundo a polícia, o técnico meticuloso planejou seu crime durante meses, construindo em sua garagem uma espécie de cela de oito metros quadrados que isolou acusticamente.
O psicopata tenha procurado, assim, o controle absoluto sobre a realidade, movido talvez por uma intensa angústia ante um fracasso sexual. Sua vítima pôde desenvolver uma relação afetiva ao vê-lo "como um pai, um educador, um amigo e, o melhor, um amante", declarou o psiquiatra Reinhard Haller à revista News.
Existe, no entanto, uma grande diferença entre o romance, no qual Miranda morre devido a uma doença, e Clegg que pensa em suicídio, sem concretizar o ato, e a realidade - na qual Natasha Kampusch conseguiu fugir no dia 23 de agosto do seqüestrador de 44 anos, que se atirou sob um trem.
AFP
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