Stephen Hawking disse que o homem deveria buscar outro planeta para viver, pois estamos destruindo a Terra a uma velocidade sem precedentes.
Recifes de corais sofrendo o processo de branqueamento (bleaching), ecossistemas inteiros ameaçados pelos desastres ambientais. Noticiou-se há pouco tempo que um vazamento de petróleo na Nigéria se estende já por cinquenta anos, totalizando dois bilhões de litros no período, o que torna a tragédia do Golfo do México quase uma brincadeira.
A Petrobrás tem cerca de meia dúzia de plataformas em risco - a P-33 e, pelo menos, mais quatro, segundo o Sindipetro -, e nessas condições ainda acha-se apta a sugar petróleo sete quilômetros abaixo do nível do mar!
Novamente no Golfo, outra plataforma marítima, da empresa Mariner Energy, pegou fogo no início de setembro, mas não podemos nos esquecer dos desastres de proporções menores, porém mais frequentes - quando não contínuos -, que indicam a alta probabilidade de nossa autodestruição. E há quem se preocupe com os arsenais atômicos...
Tudo isso dá razão a Hawking, mas o grande físico britânico conhece melhor que nós os obstáculos para a humanidade se mudar de "casa".
Quantas pessoas poderiam chegar, por exemplo, ao recém-descoberto sistema planetário HD 10180, com talvez sete planetas, a 127 anos-luz da Terra?
Uma nave viajando a 98% da velocidade da luz levaria mais de 130 anos para chegar lá, e a física mais básica ensina que a massa cresce com a velocidade, e só não sentimos isso porque voar a quase mil quilômetros por hora num jato comercial é nada comparado aos trezentos mil km/s a que percorre a luz.
Mas abramos uma exceção ao impossível, num assomo da mais fértil imaginação, e acreditemos que dá para cortar caminho no espaço-tempo através de uma maluquice quântica qualquer e consigamos chegar ao planeta três de HD 10180.
Haveremos de levar em altíssima conta o alerta do professor Hawking, para tomarmos cuidado com um possível encontro com alienígenas.
Mas... ora, todo ser intelectualizado gerado por meio de reprodução sexual tenderá a formar sua personalidade da mesmíssima maneira como nós o fazemos: influenciado pelos pais, irmãos, e, claro, as circunstâncias, o ambiente externo.
Talvez os extraterrestres é que devam se cercar de cuidados ao topar com algum terráqueo...
Não, a degeneração da Terra não poderá acabar com quase sete bilhões de seres; o mais provável é que alguma catástrofe aplique um freio de arrumação na espécie, reduzindo substancialmente a quantidade desses animais ditos pensantes.
A Teoria da Evolução das Espécies prevê essa capacidade de adaptação, ainda que ao custo de um duro aprendizado para a humanidade.
Mas adquirir conhecimento é mesmo custoso, e sabedoria, doloroso.
O conhecimento revela as causas; a sabedoria obriga a pesar as consequências. Donde se conclui que sobra à humanidade do primeiro o tanto que lhe falta da segunda.
Luiz Leitão é jornalista
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