A busca por fontes alternativas de energia tornou-se preocupação mundial nas últimas décadas e os biocombustíveis, especialmente o etanol brasileiro, passaram a ser elementos importantes para a política externa brasileira. Uma política energética para a América Latina, por exemplo, contribuiria para uma maior integração da região, afirma o ministro André Corrêa do Lago, diretor do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores (MRE). O tema insegurança energética é o sétimo da série de Política Externa desenvolvido pelo MRE a ser tratado no Em Questão
As mudanças climáticas e o alto preço da energia têm levado a maioria dos países a buscar fontes mais baratas e também mais limpas. Com isso, a eficiência energética tomou espaço nas agendas dos organismos multilaterais, mas ainda não possui uma instituição, na estrutura das Nações Unidas, com mandato específico para tratar de suas questões. Energia ainda é um tema órfão, diz Corrêa do Lago. Para ele, o Brasil tem, no cenário mundial, uma das posições mais confortáveis porque possui fontes diversas de energia hidrelétrica, petróleo, etanol e outros biocombustíveis e um passado bem-sucedido. O uso do álcool como resposta ao choque do petróleo deu projeção internacional ao País e respeitabilidade sobre nossa capacidade produtiva, diz o diplomata.
Apesar do esforço do governo brasileiro na ampliação do uso de biocombustíveis, Corrêa do Lago diz que ainda há grande resistência por parte da comunidade internacional, especialmente pelos produtores de petróleo e de itens de alimentação, que temem o aumento dos preços das commodities. Entre as críticas estão questões sociais (condições de trabalho), ambientais (questionamentos sobre a emissão de gás do efeito estufa durante a produção, impactos sobre a biodiversidade) e econômicas (argumento de que se gasta mais energia na produção do que se obtém). O desafio do Itamaraty é vencer essa onda negativa, afirmou Corrêa do Lago.
Fórum Por iniciativa do Brasil, em março do ano passado foi criado o Fórum Internacional de Biocombustíveis, do qual fazem parte também a África do Sul, China, Estados Unidos, Índia e a União Européia. O objetivo do fórum é estruturar o diálogo entre grandes produtores e consumidores de biocombustíveis interessados em promover a criação de um mercado internacional para esses produtos. Com isso, pretendemos eliminar dúvidas e assegurar que países poderão importar de outros países e não ficarão dependentes de um único produtor, explica o diplomata.
Em 2007, Brasil e Estados Unidos também assinaram um memorando de entendimento para realizar pesquisas na área de biocombustíveis e apoiar sua produção em outros países, entre os quais o Haiti, a República Dominicana e El Salvador.
Vizinhos O Brasil possui acordos de cooperação na área de energia com os demais países da América do Sul. Não interessa ao Brasil ser autônomo na produção de energia e dar as costas para os vizinhos. Nosso entendimento com outros países da América Latina é peça-chave para a segurança energética do Brasil e da região, disse Corrêa do Lago, acrescentando, ainda, que as discussões sobre a integração da região constituem prioridades da política externa.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
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