Num ritmo quatro vezes superior do que o da Terra, a mudança climática também poderá afetar Marte devido à interação de dois fenômenos: a poeira levantada por ventos fortes e as mudanças na absorção dos raios solares refletidos na superfície do planeta.
A informação faz parte de um novo estudo que será publicado na edição desta quinta-feira da revista científica britânica Nature.
Cientistas analisaram a correlação entre as temperaturas oscilantes do planeta e o grau de escuridão ou luminosidade nas extensões da superfície.
A resposta está na poeira brilhante espalhada pelo solo marciano, que reflete a luz do sol e devolve calor ao espaço, um fenômeno denominado albedo.
Mas, quando a poeira avermelhada é levantada por ventos violentos, a superfície afetada perde sua capacidade de reflexão. Assim, a atmosfera marciana passa a receber mais calor e, portanto, as temperaturas aumentam. O estudo mostra pela primeira vez que estas variações não só resultam das tempestades, mas também contribuem para criá-las.
E sugere, ainda, que a mudança climática ocorre neste momento no planeta vermelho a um ritmo inclusive mais rápido do que se observa na Terra.
Os autores do estudo, chefiados por Lory Fenton, cientista da Nasa, agência espacial americana, descrevem o fenômeno como um sistema de "feedback positivo", em outras palavras, um círculo vicioso no qual as mudanças de albedo fortalecem os ventos, que, por sua vez, levantam mais poeira, provocando uma elevação das temperaturas. O fenômeno é comparável ao efeito da mudança climática em regiões nevadas da Terra.
Quando a neve derrete, a luz refletida diminui, a atmosfera absorve mais radiação solar e a temperatura sobe. Quando volta a nevar, as novas camadas de gelo permitem o resfriamento. Na Terra, a mudança climática está associada, sobretudo, à atividade humana, em particular à emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, que provocam uma maior absorção de luz solar.
Para medir as mudanças no comportamento da luz refletida, Fenton e sua equipe compararam as imagens térmicas de Marte captadas pela missão Viking da Nasa no fim dos anos 1970 com outras semelhantes capturadas mais de 20 anos depois pelo Global Surveyor.
Fonte AFP
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