O vento da história retira o lixo depositado sobre o túmulo de Stálin 66 anos após sua morte
O estudo da vida de Iossif Vissarionovitch Djugashvili Stálin, da sua trajetória revolucionária e do período em que dirigiu a URSS, caracterizados pela fidelidade e dedicação à causa do socialismo e do comunismo, até a sua morte, em 5 março de 1953, permite compreender o motivo do ódio mortal e eterno das potências imperialistas dedicados a ele, e do enorme investimento realizado na persistente e profícua campanha para a sua demonização e sepultamento histórico.
Por Paulo Oisiovici [1]
Foto: By Maria Ilyinichna Ulyanova - WWII database: Vladmir Lenin and Josef Stalin in Gorki, Library of Congress,LC-USZ62-111092, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=6903456
Stálin, cujos pais nasceram servos, se distingue de quase todos os outros grandes vultos da Revolução Russa de 1917, que em sua maioria vinham "de camadas sociais bastante diferentes: da pequena nobreza, da classe média, dos meios cultos". Ele foi o único dentre os mais destacados bolcheviques a experimentar a pobreza desde o berço. Numa das numerosas biografias de Stálin, o autor ressalta sua origem classe comparando-a com a dos demais líderes bolcheviques:
"Quando estudante, Lênin, levado por forte curiosidade intelectual, viu de perto a vida dos camponeses. Mas, como era filho de um inspetor escolar afidalgado, não tinha experiência direta dêsse tipo de vida. Trotski viu pela primeira vez a miséria e a espoliação, da janela da casa de um ambicioso proprietário rural judeu, de quem era filho. Zinoviev, Kamanev, Bukárin, Rakovski, Radek, Lunacharski, Chicherin e dezenas de outros conheciam, de uma distância ainda maior os males a que haviam declarado guerra. Para quase todos eles, a exploração capitalista e, com maior razão ainda, a servidão rural eram fórmulas sociológicas que podiam ser investigadas com maior ou menor grau de penetração; as realidades ocultas atrás das formas não faziam parte da vivência pessoal de nenhum deles. Alguns bolchevistas eminentes, como Kalinin, Tomski e Shliapnikov, eram operários e, como a maioria dos operários russos, ainda tinham raízes no campo. Mas, mesmo dentre estes, quase nenhum respirara o ar da servidão tão direta e dolorosamente como Djugashvili-Stalin" [2].
Stálin nasceu em 6 de dezembro de 1878 [3], na cidade georgiana de Gori, como filho de Vissarion Ivanovitch Dzhugashvilli, ex-servo, mais tarde humilde sapateiro com uma pequena oficina, que em 1875 abandonou a aldeia de Didi-Lilo, onde nascera, em direção à capital da Geórgia, para trabalhar numa fábrica de calçados com o objetivo de juntar dinheiro e colocar seu próprio negócio; e de uma empregada doméstica e costureira, também ex-serva, nascida na aldeia de Gambareuelli [4]. Fiel, legítimo discípulo e sucessor de Lênin, Stálin foi responsável pela construção e consolidação do primeiro e maior Estado socialista da história da humanidade.
Sua mãe, Ekaterina Gavrilovna Gheladze (Keke) [5], com sacrifício, garantiu-lhe o acesso à educação, "oportunidade que só era dada a meia dúzia de rapazes na cidade (Gori)". Revelou-se precocemente capaz de aprender rápido e que "já sabia o suficiente da língua para poder saltar a turma dos principiantes". Adorava literatura e foi influenciado primeiramente pelos escritores de seu país, a Geórgia. Devorou desde muito cedo "os clássicos nacionais, sobretudo a poesia épica do século XVIII, de Shota Rustaveli (que era venerado pelos georgianos como o seu Dante)", além, dentre outros, Alexander Qazbegi. O primeiro codinome que adotou por força da repressão política e da vida clandestina, foi Koba, herói da resistência nacional georgiana contra a dominação do Império Russo.
Durante a juventude, na companhia de dois amigos, Stálin assistiu ao enforcamento, em praça pública, de dois condenados pelo império czarista. Dada a popularidade dos condenados na cidade, as autoridades tentaram sufocar com o som dos tambores a leitura da sentença feita em russo. As acusações que antecederam a sentença lida, revelaram que os condenados não infringiram "o código de honra local", apenas protegendo aquilo que lhes pertencia, o que lhes tornavam em face do domínio russo, "heróis locais". Dentre a multidão visivelmente revoltada, concentrada na praça, uma pedra foi lançada contra o carrasco, não o atingindo por interferência de soldados. [6]
Os resultados dos exames prestados nos cursos iniciais em Gori, evidenciaram a inteligência e autonomia de raciocínio de Dzhughashivilli. Na continuidade dos estudos, no primeiro ano do seminário de Tbilisi, a capital, o jovem Stálin obteve a nota máxima (cinco) em todas as disciplinas (Literatura Russa, História Sagrada, História Secular, Matemática, Língua Georgiana, Latim), com exceção do Grego, cuja nota foi 4. Na ocasião já tinha seis de seus poemas, em sua maioria relacionados à natureza e à pátria, publicados no maior jornal da Geórgia. O pedagogo Yakob Gogebashvilli, reconhecendo a pureza linguística de seu poema "Manhã", o incluiu em seu manual escolar "Deda Ena" (Língua Materna).
A sua identificação com os trabalhadores foi manifestada desde muito cedo, numa obra dedicada a Rapael Eristav, em que escreveu como crítica ao status quo:
"Por alguma razão haveis sido glorificado,
Atravessareis o limiar das eras...
Oh, que o meu país se possa soerguer"
Durante todo o período em que cursou o seminário, Sosselo foi por várias e várias vezes punido com a solitária, pelo Reitor Germogen, por ser flagrado com literatura proibida que incluía "Noventa e Três" e "Os Trabalhadores do Mar", de Victor Hugo; "A Origem das Espécies", de Darwin; a primeira edição de "O Capital", de Marx, no russo, pelo que ele e outros colegas seminaristas pagaram cinco copeques cada um; textos de Plekhanov e Lênin. Já liderava um grupo de estudos clandestino dentro do seminário. O seu desenvolvimento intelectual e a profundidade analítica de seu raciocínio lhe permitia o ingresso na universidade. [7]
Em 29 de maio de 1899, aos dezoito anos, foi expulso do seminário de Tíflis, pouco mais de um mês após sua última punição, cujo registro data de 7 de abril do mesmo ano, quando se filiou a organização clandestina Messame Dassi, ou "O Terceiro Grupo", do qual se originou a social-democracia georgiana de cariz marxista [8]. Passou então a viver dando aulas particulares, até que em 28 de dezembro de 1899, seus amigos lhe conseguiram uma vaga de trabalho no Observatório de Física, seu último emprego regular até depois da Revolução de 1917. Foi nessa ocasião que adquiriu e leu a obra "Breve Curso de Ciência Econômica", de Alexander Bogdanov. Por conta própria realizou sua formação teórica e política, forjando-se um marxista erudito que fazia desse conhecimento uma ferramenta revolucionária. O conhecimento sólido do marxismo foi adquirido com estudo contínuo dos livros que abarrotavam seu quarto, valendo-se de rigorosa disciplina intelectual e de sua memória privilegiada.
Aos 21 anos, Stálin tornou-se um militante profissional, dedicando toda a sua vida ao ideal que assumira sem nunca recuar ou abdicar [9].
Desde quando começou a morar no principal observatório físico de Tíflis passou a reunir-se clandestinamente com os operários para preparar o 1º de maio no Cáucaso, comemorado dentro dos rigores de segurança exigidos pela repressão czarista. O registro num relatório do comissariado de polícia de Tíflis, de 23 de março de 1901 dá conta das relações estabelecidas entre Stálin e os operários, assim como sua vinculação ao Partido Operário Social-Democrata da Rússia. Nas buscas realizadas no observatório, foi encontrado o livro "O movimento operário no Ocidente", repleto de anotações e comentários relacionados a outras obras proibidas. Stálin passa a integrar a lista de suspeitos e perseguidos da polícia czarista, abandona o trabalho no observatório, cai definitivamente na clandestinidade, vivendo uma vida de repetidas prisões e constantes fugas, mais do que qualquer outro revolucionário de sua época [10]. Durante toda a sua vida de revolucionário foi preso e fugiu mais vezes do que comumente registra a versão oficial. Foram, na verdade, nove prisões, oito fugas e quatro detenções com penas curtas. [11]
Segundo Kandeláki, no dia 4 de janeiro de 1902, quando voltava para sua casa, em Batum, cidade de 30.000 habitantes, de maioria turca, junto ao mar Negro, e o maior centro petroleiro do Império Russo, viu fogo num dos depósitos da petrolífera dos Rothschild.
Por terem ajudado a apagar o fogo, os operários adquiriram o direito a um bônus acrescido nos salários. Stálin participou de uma reunião entre os operários e o diretor François Jeune, para a negociação do bônus. O diretor recusou pagar sob a alegação do incêndio ter sido criminoso. Stálin então rumou para Tíflis. Fora buscar com Suren Spandarian, cujo pai tinha um jornal, uma impressora, para a produção e distribuição dos panfletos convocatórios da greve que pressionaria o pagamento do abono negado aos operários.
Ao retornar e encontrar Batum em pé de guerra, a impressora foi rapidamente montada e as palavras de Stálin levaram os operários a uma greve que, em 17 de fevereiro de 1902, obrigou os Rothschild e os Nobel a capitularem quanto ao pagamento do bônus e atenderem à exigência de um aumento de 30% no salário. A vitória da greve levou à intensificação da vigilância policial contra Stálin.
A vingança dos Rothschild pela vitória da greve se deu com a demissão de 389 operários, no dia 26 do mesmo mês. Os operários, no mesmo dia, entraram novamente em greve. Sossó, que estava em Tíflis, avisado por companheiros de Batum que foram ao seu encontro, voltou então às pressas, reuniu-se com os líderes operários no apartamento de Lomdjária, decidiram pelo prolongamento da greve e por torná-la ainda mais vigorosa, com o fechamento de todo o terminal petroleiro. A greve radicalizou-se e a repressão policial não se fez esperar. Em 7 de março, Porfiro Lomdjária e os líderes grevistas foram presos. No outro dia, Stálin organizou uma manifestação em frente a delegacia, que obrigou a transferência dos presos para uma cadeia de passagem. Como alternativa a uma reunião proposta pelo governador, Stálin organizou uma marcha dos habitantes da cidade para invadir a cadeia e libertar os presos. Os cossacos tentaram impedir, mas os manifestantes avançaram. Durante a luta travada com os manifestantes, do lado de fora, os soldados foram obrigados a recuar e, do lado de dentro, os prisioneiros dominaram seus guardas. Mesmo com os portões cerrados, muitos escaparam. Sob uma forte artilharia, os manifestantes abandonaram a praça.
A repressão policial à greve, resultou em 14 mortos, mais de 500 presos e 54 feridos. O enterro dos mortos em 12 de março transformou-se numa manifestação com 7 mil pessoas. [12] Stálin é então preso, em Batum, a 5 de abril, e enviado, no outono do ano posterior, a 27 de novembro, para a Sibéria. Em 1903 acompanhou, da prisão, a cisão do Partido Operário Social-Democrata da Rússia em mencheviques e bolcheviques, posicionando-se ao lado dos bolcheviques.
N.Vyghbin, que participou da referida greve, afirma:
"Reforços vieram para os policiais - os cossacos. Nós não desistimos, rasgamos a calçada, pegamos pedras e continuamos a luta.
Os policiais nos atacaram violentamente. Lembro-me de Leontia Mamaladze arrastada pela calçada. Sua cabeça batia contra as pedras. Imediatamente, todo um grupo de trabalhadores foi espancado.
Eu não aguentei e agredi o policial com todas as minhas forças. Em seguida, vários policiais foram despejados em cima de mim e começaram a me chutar. Acordei na delegacia e vi, menos eu, mais de quarenta pessoas feridas" [13].
Em 1904, Stálin foge da prisão de Novaya Uda, em Irkutsk, na Sibéria, e retorna a Tbilisi. Na primeira tentativa de fuga, sem roupas adequadas, quase morreu congelado e acabou capturado. Na segunda tentativa, melhor planejada, foi bem sucedido. Com as roupas que Keké lhe enviou e um sabre, fugiu viajando sob a temperatura de -40ºC no trenó de um camponês [14]. No Cáucaso, integra-se ao grupo bolchevique daquela localidade na disputa com os mencheviques.
Sobre a fuga da Sibéria e a atividade revolucionária de Stálin em 1904, G. Lelashvili afirma que:
"No início de 1904, após sua fuga do exílio, o camarada Stálin retornou ilegalmente a Tbilisi. Ele dirigiu todo o trabalho partidário no Cáucaso. Ao mesmo tempo, o trabalho da imprensa subterrânea de Avlabarian, criado por iniciativa do camarada Stalin, foi desenvolvido.
No mês de agosto de 1904 era o aniversário da morte de Lado Ketskhoveli. Em 1º de setembro, na sétima edição do Brdzola, editada pelo camarada Stalin, foi colocado um artigo dedicado à memória de Lado Ketskhoveli com um retrato seu.
Eu estava trabalhando na gráfica subterrânea Avlabari. Esse artigo foi impresso em nossa gráfica. Ele, juntamente com as proclamações de Stálin, espalhou-se por todo o Cáucaso, inspirando as massas trabalhadoras a lutar contra o tzarismo" [15].
Após o Domingo Sangrento, em dezembro de 1905, participa do congresso clandestino do POSDR em Tammferfors, na Finlândia, quando se encontra pela primeira vez com Lênin. Em 1906 se reencontram em Estocolmo, no congresso do Partido, e posteriormente em Londres, num novo congresso, quando conheceu Trótski. Nestas, que foram suas primeiras breves viagens ao exterior, usava o codinome Ivanovitch. [16] Desde então, Stálin, que durante todo o período pré-revolucionário permaneceu no território russo, enfrentando todos os tipos de adversidades da vida de militante clandestino. Sob implacável perseguição, realizou diversas ações de expropriação, a exemplo da de 13 de junho de 1907, que garantiram o sustento dos outros líderes exilados na Europa. [17] Em 22 de novembro do mesmo ano morre Ketevan, sua mulher, o que lhe causou profunda dor e sensação de vazio na alma. [18] Isto lhe marcaria pelo resto da vida.
O mais tarde denominado "Ensaio Geral" da revolução, o "Domingo Sangrento", uma carnificina ordenada pelo "paizinho" Nicolau II, em janeiro de 1905, em São Petersburgo, que surpreendeu aos bolcheviques da capital russa e a Lênin, na Suíça, desencadeou inúmeras greves organizadas pelos sovietes, em todas as cidades, centros industriais e rebeliões camponesas por todo Império Russo, durante todo o ano. Palácios e bibliotecas dos senhores foram queimadas pelos camponeses e 3 mil mansões senhoriais destruídas. Segundo Kamó. um panfleto escrito por Stálin espalhou- se por toda a vastidão asiática do império, com a seguinte mensagem: "Eles nos pedem para esquecer o estalo do açoite, o zunido das balas, as centenas de nossos camaradas-heróis mortos e a ronda de seus gloriosos fantasmas que sussurraram-nos: 'VINGUEM-NOS!'" [19] Esse período foi de intensa atividade para Stálin que passou a comandar grupos armados que assumiram o controle do Cáucaso.
Em abril de 1917 Stálin estava entre os membros do partido que recepcionaram Lênin no seu regresso do exílio para lançar as Teses de Abril, que garantiriam a revolução bolchevique. Torna-se com a revolução, Comissário das Nacionalidades [20].
"Em 23 de fevereiro de 1913, Stálin foi preso em São Petersburgo. Desta vez, por suas repetidas fugas, ele foi exilado para a região distante deTurukhan no Círculo Polar, para a aldeia de Kureika, onde permaneceu até a Revolução de Fevereiro de 1917. Em 12 de março de 1917, ele já estava em São Petersburgo. Ao chegar à capital passou a atuar como membro Comitê Central do POSDR e editor do Pravda. Em 2 de abril de 1917, Lênin atravessou a fronteira finlandesa e foi recebido na estação de Beloostrov por Stalin, Kamenev, Kollontai, Raskolnikov. Em 4 de abril Lênin apresentou suas históricas Teses de Abril. Stálin estava presente" [21].
A participação de Stálin foi decisiva durante a Guerra Civil, para pôr fim às sabotagens promovidas por oficiais remanescentes do czarismo, garantir o abastecimento de trigo para a alimentação das tropas soviéticas, da população nas cidades, além da expulsão das tropas de 14 nações estrangeiras do território russo, sem o que teria sido impossível a sobrevivência e consolidação do recém-fundado Estado soviético [22].
Durante o período de crise que levou à adoção da NEP, Stálin conteve diversas tentativas de levantes contra o governo soviético.
Em 3 de abril de 1922 Stálin é eleito Secretário-Geral do Partido Comunista da URSS.
Após a morte de Lênin, os congressos do Partido Comunista da URSS mantiveram Stálin na direção e condução da consolidação do Estado soviético. Durante esse período Stálin implementa a planificação da economia, mecaniza e coletiviza a agricultura, garantindo o cumprimento e superação das metas estabelecidas pelos Planos Quinquenais que industrializaram a Rússia de forma acelerada, o que possibilitou a resistência à invasão das forças nazistas em 1941 e sua derrota definitiva em 1943, em Stalingrado.
Sobre o Relatório Kruschev, apresentado ao XXº Congresso do PCUS em 1956, que é uma das principais fontes utilizadas, de forma recorrente, na insistente e gigantesca campanha de demonização e ridicularização de Stálin, iniciada após sua morte, um dos maiores biógrafos de Stálin, anti-stalinista, diz:
"Também não aceito tôdas as "revelações" de Kruschev em seu valor aparente. Não aceito em particular, a afirmação de que o papel de Stalin na Segunda Guerra Mundial foi praticamente insignificante. Essa alegação não tinha evidentemente outro intuito senão o de enaltecer o próprio Kruschev à custa de Stálin, e não se coaduna com os depoimentos de muitas e fidedignas testemunhas oculares, de estadistas e generais do ocidente que não tinham motivo algum para exagerar o papel de Stalin, e de generais soviéticos que recentemente escreveram sobre êsse assunto com equilíbrio e objetividade" [23].
No prefácio ao "Kruschev Contra Stálin: A Denúncia de Kruschev no 20º Congresso do PC Russo" publicado em 1978 pela Golden Books, em Portugal, o editor afirma:
"Sem nunca ter sido publicado no nosso país, o Informe Secreto apresentado ao XX Congresso do PCUS impressiona, fundamentalmente, pela brutalidade dos termos utilizados por Kruschev contra o seu antecessor, Stalin. Trata-se, sem dúvida, de uma guerra desigual, de um vivo contra um morto" [24].
A obra "As Mentiras de Krhrushchev", de Grover Furr, a mais rigorosa, minuciosa e completa investigação realizada sobre as acusações contra Stálin contidas no Relatório de Kruschev, descrita pelo semanário russo Russkii Vestnik como "objetiva", "impressionante", e considerada "um valioso contributo para a escola " revisionista histórica " de estudos soviéticos e comunistas, é omitida, senão desconhecida, pela esmagadora maioria dos mais famosos historiadores do ocidente, autores de publicações sobre Stálin e a URSS.
Quanto a principal acusação contida no famoso discurso, que Stálin promoveu o culto a sua pessoa, usado para explicar "como pode cometer o resto dos seus chamados "crimes" com total impunidade", encontra-se nas memórias póstumas de Akaki Mgeladze, antigo Primeiro Secretário do Partido Comunista da Geórgia, morto em 1980, publicadas em 2003 sob o título "Stálin: como o conheci" várias referências a insistência de Stálin em combater e coibir qualquer bajulação, ou qualquer culto a si:
"Stálin teve mais êxito ao impedir que os outros membros do Politburo mudassem o nome de Moscou para "Stalinodar" ("presente de Stálin")".
"Malenkov propôs convocar o Pleno do Comitê Central para combater o "culto" em abril de 1953. No documento em que sustenta a convocação do Pleno Malenkov foi o suficiente honesto ao culpar a si mesmo e aos seus colegas, lembrando a todos que Stálin, inutilmente advertiu contra o "culto" em repetidas ocasiões". "O Pleno foi impossibilitado de acontecer pela ação de Kruschev no Presidium, pois isso impossibilitaria a existência e a apresentação do Discurso Secreto de Kruschev", uma vez que o "culto" seria a base para a explicação do que possibilitou Stálin de cometer todos os seus "crimes" impunemente e sem nenhuma oposição [25].
Em dezembro de 1934, Stálin se nega a permitir uma exposição para honrar o seu 55 º aniversário: "Sou contra, uma vez que estas iniciativas levariam à consolidação de um "culto à personalidade", o que é prejudicial e incompatível com o espírito do nosso Partido" [26].
O depoimento de por Joseph E. Davies, Embaixador dos EE.UU. na URSS, sobre Stálin não confirma a acusação de "culto a personalidade" feita por Kruschev:
"O que mais me impressionou na figura de Stálin foi sua extrema e natural modéstia. Esta constitue, para mim, um dos mais seguros indícios da sua estatura moral. Isso porque, na verdade, os grandes homens são modestos.
Tem-me sido perguntado muitas vezes se Stálin tem o mesmo poder pessoal de Hitler. Trata-se de dois tipos de homem diametralmente opostos. Hitler é um gênio paranóico. Possue idéias exageradas a respeito das coisas e tem mania de grandeza, acreditando-se um grande homem Stálin é um gênio que usa a razão para examinar os problemas. Deixa-se conduzir mais pelo cérebro do que pelas suas emoções. Stálin sente um grande prazer e tem grande orgulho de cumprir seus compromissos. Hitler não somente os desrespeita, como se jacta de o fazer" [27]
A biografia de Stálin publicada pelo PCUS afirma que:
"Embora tenha cumprido com grande brilho a tarefa de líder do povo e do partido, e merecido o apoio e a solidariedade de todo o povo soviético, Stálin jamais maculou seu desempenho com qualquer traço de vaidade ou orgulho e jamais cometeu um auto-elogio" [28].
O termo "vozhd" usado por Kruschev para se referir a Stálin numa tentativa de equiparação ao termo "füher" utilizado para designar Hitler, era o mesmo utilizado pelo povo para se referir a Lênin. O seu significado no russo é "Grande Líder do Proletariado", "líder" ou "guia" da revolução.
O próprio Nikita Kruschev que denunciou o culto a personalidade, alegando ter sido promovido por Stálin, foi o autor das seguintes palavras durante o julgamento público de Karl Radek, em 1937:
"Miseráveis pigmeus! Levantaram suas mãos contra o maior de todos os homens vivos, nosso sábio camarada Stálin. Nós asseguramos a você, camarada Stálin, que nós aumentaremos nossa vigilância stalinista ainda mais e cerraremos nossas fileiras em volta do Comitê Central Stalinista e do grande Stalin" [29].
Em discurso aos membros do partido ainda em 1937, Kruschev disse:
"Stálin é nossa esperança. Stálin é nossa certeza. Stálin é um farol a iluminar o progresso da Humanidade. Stálin é nossa bandeira. Stálin é nossa vontade. Stálin é nossa vitória" [30].
Ainda com relação à acusação de culto a personalidade feita a Stálin por Kruschev, reproduzida e ironizada com o objetivo de não só ridicularizar Stálin, mas também, o povo russo, o relato do escritor brasileiro, Graciliano Ramos, sobre o que testemunhou em sua viagem a URSS, no período de Stálin, contribui para pôr luz sobre a questão:
"A cidade estava cheia de retratos de Stálin - e isto provocou a observação indiscreta de um de nossos companheiros: a demonstração de solidariedade irrestrita não impressionava bem o exterior.
A senhora Nikolskaya ouviu com paciência a crítica azeda, julgou-a, cortêsmente, leviana e absurda: nenhum russo admitia que as coisas se passassem de outra maneira. [...] Estávamos diante de um fato, e condená-lo à pressa, ao cabo de alguns passeios na rua, parecia-me ingenuidade. Com certeza ele era necessário, e devíamos, antes de arriscar opinião, investigar-lhe a causa. [...]
Mas não se trata de nenhum culto [...] a massa tem confiança absoluta nêle - e manifesta a confiança impondo-lhe a obrigação de admitir as ruidosas aclamações e os retratos. Êsse dever torna-se em pouco tempo uma rotina desagradável. O prazer consiste em realizar a obra sem par na maior revolução da história; receber agradecimentos e louvores miúdos por isto é uma redução a que o grande homem se submete. Agradecimentos e louvores palpitam na alma da multidão, e recusá-los seria uma ofensa, um êrro que nenhum político bisonho cometeria. Na opinião da senhora Nikolskaya, as coisas não poderiam ser de outro modo. Ela deve conhecer o seu povo" [31].
Em correspondência enviada a A.P. Smirnov, Comissário do Povo para a Agricultura, em 30 de dezembro de 1926, Stálin escreveu:
"Um pedido: não me elogie em letras, não me dê títulos de todos os tipos - tudo supérfluo e não é bom - escreva, se houver uma caçada, com palavras simples, sem enfeites" [32].
Uma outra "inconsistência do relato" de Khruschev é a o fato de confundir, ou "trocar o nome de Ezhov por Beria". As acusações de delitos e repressões atribuídas a Beria, os documentos comprovam serem praticados por Ezhov. Beria "não foi mais que um Primeiro Secretário Regional até 1938". Os documentos comprovam ainda que "o terror policial começou a diminuir depois que Beria assumiu o cargo em lugar de Ezhov" [33].
O autor de "As Mentiras de Krhrushchev", doutor em literatura comparada pela Universidade de Princeton e professor da Universidade da Montclair State University é taxativo em sua conclusão:
"Como já suspeitava, uma investigação séria, à luz dos numerosos documentos dos antigos arquivos secretos soviéticos agora disponíveis, poderia descobrir outras "revelações" sobre Stálin também falsas.
Nenhuma das "revelações" concretas que Kruschev fez sobre Stálin ou Beria se comprovou certa. Entre as que se poderia comprovar com dados, todas eram falsas. Resulta que Kruschev não só "mentiu" sobre Stálin e Beria, como não fez senão outra coisa. Todo o seu Discurso Secreto está elaborado com mentiras" [34].
A abertura dos arquivos e a consulta aos documentos, comprovou dentre outros fatos, o das condenações e execuções terem diminuído, "depois de Lavrenti Beria se ter tornado comissário do NKVD", conforme assinala Lewis Siegelbaum [35].
Em seu famoso relatório, Kruschev para justificar sua acusação a Stálin, de vaidade e exagero artificial da dimensão dos erros de Tito e Kardelj, imputando-lhe a responsabilidade pela ruptura nas relações entre a Iugoslávia e a URSS, sem explicitar quais os erros cometidos pelos referidos dirigentes iugoslavos, nem o conteúdo da carta enviada a Tito que, segundo ele, lhe foi mostrada por Stálin [36]. A leitura da referida carta enviada a Tito por Stálin revela que os dirigentes iugoslavos incorreram em erros de princípios que comprometiam a edificação do socialismo naquele país. Ao contrário do que alega Kruschev em seu relatório de 1956, a referida carta demonstra a inércia do Birô iugoslavo quanto ao crescimento de kulaks, possibilitando a via de retorno progressivo ao capitalismo, o que ficou posteriormente confirmado com a adesão da Iugoslávia ao Plano Marshall. Os "problemas que apresentava o "caso Iugoslávia", não "poderiam ser solucionados por meio de conversações entre os partidos" em decorrência da irredutível insistência da negação dos fatos por Tito e Kardelj, além da proposta por eles apresentada, respondida por Stálin, nos seguintes termos:
"Os camaradas Tito e Kardelj propõem em sua carta que um representante do CC do PC (bolchevique) seja enviado à Iugoslávia para examinar lá a questão do desacordo soviético-iugoslavo. Consideramos que essa via não é boa, visto que não se trata da verificação de certos fatos, mas de divergências de princípios.
Os Comitês Centrais dos nove partidos comunistas que possuem seu Birô de Informação já tomaram conhecimento do problema do desacordo soviético-iugoslavo. Seria injusto excluir os outros partidos dessa questão" [37].
Não fechando questão, conclui Stálin sua carta datada de 4 de maio de 1948:
"Propomos por isso que este assunto seja debatido na próxima reunião do Birô de Informação" [38].
A justeza da crítica e advertências de Stálin dirigidas a Tito e Kardelj quanto aos erros de princípios em que incorreram no final da década de 40 do século passado, acabou por se confirmar com a degeneração do socialismo e a divisão da Iugoslávia. Tais erros foram reconhecidos por seu filho Josip Broz Tito, numa entrevista ao jornal brasileiro Folha de S. Paulo, em 18 de setembro de de 1994:
"É difícil falar no principal erro de meu pai. [...]
[...] a idéia do socialismo iugoslavo, baseada na autogestão das empresas pelos trabalhadores, não foi bem aplicada.
Acabamos numa profunda crise econômica" [39].
No seu esforço em "liquidar Stalin sobre todos os aspectos", construindo, através de seu relatório, a representação de Stálin como um ser "desprezível tanto no plano moral como no plano intelectual", um "déspota desapiedado", "responsável por crimes horrendos" e "também risível", cujo conhecimento do país e da sua realidade agrícola se dava apenas por meio de filmes que a distorciam "ao ponto de torná-la irreconhecível" [40], Kruschev sugere ser seu antecessor o responsável pelo assassinato de Kirov, em 1934, como pretexto para "acusar desse crime e liquidar um após outro os opositores, reais ou potenciais, verdadeiros ou imaginários" [41]. Vários autores ocidentais reproduziram e reproduzem tal versão, a exemplo de Thurston [42]. A chocante narrativa de Kruschev, sugerindo um complô de Stálin para liquidar Kirov, apesar de sua carga psicológica, rui quando confrontada com os fatos. Nos arquivos não se encontra absolutamente nada que confirme qualquer disputa ou discordância política entre eles. Uma pesquisa da historiadora russa Alla Kirilina revela que a aversão de Kirov a "intriga", a "mentira" e o "engano" era apreciada por Stálin e fortalecia a relação de amizade entre os dois. Kirov podia "fazer objeções" a ele e "abrandar o seu espírito". O nível de confiança estabelecido entre Stálin e Kirov era tal, que Stálin "o convidou muitas vezes a fazer sauna com ele, "honra" que concedia apenas a outro mortal, o general Vlassik, chefe da sua guarda pessoal" [43].
Em 06 de março de 1929, Stálin escreve a Kirov pedindo que ajudasse G. Radchenko, especialista em mineração, nomeado presidente do Comitê Geológico, e se despede com palavras que revelam intimidade que não permitia a qualquer outro camarada:
"[...] ajude ele, meu Kirych.
Eu aperto suas mãos.
I. Stalin" [44].
A acusação proferida por Kruschev, em seu discurso durante o XX Congresso do PCUS(b), de que Stálin organizou o assassinato de Kirov, tem por base o mito de que os delegados no XVII Congresso tentaram elegê-lo "como secretário geral e até votaram por ele, e Stálin recebeu muitos votos "contra", não sendo derrotado, no entanto, por ter falsificado o resultado da votação, recebendo por isso o apelido "Congresso do tiro". Mas, na verdade, "imediatamente antes do assassinato, Stálin propôs oficialmente eleger Kirov como secretário do Comitê Central e libertá-lo de seu trabalho em Leningrado, explicando isso pelo seu estado de saúde e idade (nos arquivos existe um protocolo do Politburo)!" [45].
Sobre a acusação recorrente à Stálin, nas publicações ocidentais, de coletivização da agricultura imposta à força, inclusive com a imposição da fome a milhões de camponeses para obrigá-los a integrarem-se às fazendas coletivas, a jornalista, Anna Louise Strong, correspondente estrangeira para diversos jornais dos EUA, incluindo o The Nation, The Atlantic Monthly e Harper's, que viveu na Rússia no referido período e viajou por todo o enorme país incluindo a Ucrânia , Kuznetsk , Stalingrado , Kiev , Sibéria , Ásia Central , Uzbequistão, reuniu seus inúmeros registros do que viu em um de seus livros, intitulado " The Soviets Conquer Wheat" (Os soviéticos Conquistam Trigo):
"Na América muitas vezes sobre o sistema das fazendas coletivas como de uma obrigação imposta por Stálin, chegando-se a dizer que ele fez, deliberadamente, milhões de camponeses morrerem de fome para obrigá-los a entrarem nas fazendas coletivas. Tudo isso é falso. Viajei longamente pelos campos soviéticos durante todo aquele período e vi, com meus próprios olhos, como se desenrolavam os fatos. Na verdade Stálin apoiou a transformação e serviu-lhe de guia. Mas a tendência ao sistema coletivo desenvolveu-se muito mais rápido do que Stálin calculava: cedo não havia número suficiente de máquinas para as novas fazendas, nem quadros administrativos e técnicos que lhes suprissem as necessidades" [46].
O testemunho ocular de Anna Louise Strong, publicado em vários jornais dos EUA, à época, desmente e desconstrói a versão simplificada, inverídica e demonizadora de Stálin, da Revolução Russa e da experiência de implantação e consolidação do socialismo na URSS, assumida e reproduzida pelos manuais escolares brasileiros e portugueses, sem oferecerem aos estudantes, uma abordagem multiperspectiva dos fatos como recomenda a UNESCO [47] e, sequer um único documento dos arquivos soviéticos que comprovem a única versão apresentada, baseada apenas em obras do ocidente como as Robert Service,
Moshe Lewin, Paulo Vizentini, Louis Morton, José Arbex Júnior, Luiz Arnaut, Winston Churchill, Eric Hobsbawm, Peter Kenez, Bernard Droz, Orlando Figes, Hannah Arendt, Robert Conquest [48].
Uma das muitas acusações recorrentes contra Stálin é a de que ao celebrar o Pacto Germano-Soviético, também denominado Pacto Ribbentrop-Molotov, realizou uma aliança com Hitler e o nazismo. Tal acusação chega se configurar numa estereotipia grosseira na maioria das publicações sobre Stálin e a URSS durante a 2ª Guerra Mundial, como no caso de praticamente todos os manuais escolares de História do ensino básico no Brasil e em Portugal, que ao abordarem o fato, trazerem acompanhando o texto uma famosa caricatura em que Hitler e Stálin aparecem de braços dados trajes de casamento a caminho do altar, o líder nazista na condição de noivo e o líder soviético como sua noiva, ambos apaixonados [49].
A referida abordagem simplista e estereotipada do Pacto Ribbentrop-Molotov, adotada pelos manuais escolares de Brasil e Portugal desconsideram, ignoram e contrariam a orientação da UNESCO segundo a qual,
" [...] é preciso efectuar a necessária revisão dos manuais escolares para remover estereótipos negativos e visões distorcidas do "outro". [...] Os manuais escolares devem oferecer diferentes perspectivas sobre um assunto e tornar claro o contexto nacional ou cultural em que foram escritos. O seu conteúdo deve basear-se em factos científicos".
"[...] Isto pode ser feito através da inclusão de várias perspectivas e vozes" [50].
Ao adotarem essa narrativa simplificada, estereotipada, falsificada e mutilada do Pacto Ribbentrop-Molotov, a maioria dos manuais escolares de Brasil e Portugal exercem uma influência deletéria nos jovens estudantes ao cederem e atenderem às imposições um sistema educativo enganador, manipulador. A referida estereotipia chega a comparar Stálin a Hitler. Segundo Joseph E. Davies, ex- embaixador dos EE.UU. na URSS e autor do livro "Missão em Moscou",
"Trata-se de dois tipos de homem diametralmente opostos. Hitler é um gênio paranóico. Possui ideias exageradas a respeito das coisas e tem mania de grandeza, acreditando-se um grande homem [...]
Stálin é um gênio que usa a razão para examinar os problemas. Deixa-se conduzir mais pelo cérebro do que pelas suas emoções [...]
Stálin sente um grande prazer e tem grande orgulho de cumprir seus compromissos. Hitler não somente os desrespeita, como se jacta de o fazer" [51].
O diálogo entre Stálin e Churchill em agosto de 1942, quando o primeiro-ministro inglês esteve em Moscou a convite do líder soviético para discutir uma ação militar conjunta (o ataque dos aliados em duas frentes) demonstra que, descumprir compromissos é uma das características comuns a Hitler e aos líderes das "democracias" ocidentais:
"Churchill: (...) chegamos à conclusão...
Acho difícil falar disto, mas...
Stalin: Não há ninguém aqui de nervos fracos, Primeiro-Ministro.
Churchill: A invasão da Europa é impossível este ano...
Stalin: Isto quer dizer que os líderes inglêses e norte-americanos renunciam à promessa solene que nos foi feita na primavera...
Churchill: Propomos uma invasão da Sicília.
Stalin: Esta será uma frente mais política que militar...
Churchill: (assegura que a invasão da Europa ocidental ocorrerá em 1943).
Stalin: Onde está a garantia de que a promessa solene também não será descumprida?" [52]
A acusação a Stálin de aliar-se ao nazismo num tratamento simplista e descontextualizado do fato histórico em questão, tem como escopo omitir que as potências imperialistas empenharam-se na destruição do Estado socialista soviético durante a 2ª Guerra Mundial ao isolá-lo para que tivesse que enfrentar sozinho a Alemanha nazista, negando-se a formarem uma aliança com a URSS para impedir o avanço das conquistas germânicas, conforme comprovam as correspondências oficiais enviadas pelo embaixador dos EUA na União Soviética, Joseph E. Davies, ao Departamento de Estado do seu país no período de janeiro de 1939 a 23 de junho de 1941 [53].O que prova definitivamente a mentira histórica em que consiste a versão hegemônica sobre o Pacto Ribbentrop-Molotov, é a correspondência datada de 20 de agosto de 1939, do chefe da delegação inglesa em relação ao pedido do marechal Voroshilov de "uma resposta rápida às propostas soviéticas", na qual afirma:
"Lamentamos ter que informar que, até agora, as delegações inglesa e francesa não receberam resposta alguma para a questão política que o senhor solicitou que transmitíssemos aos nossos governos.
Em vista do fato de que devo presidir a próxima sessão, sugiro que nos encontremos às 10h de 23 de agosto, ou mesmo antes, se uma resposta chegar nesse meio tempo.
Atenciosamente
Drax, almirante chefe da delegação inglesa" [54].
Stálin insistira desde abril de 1939, até o último instante, na tentativa de uma aliança militar com a Inglaterra e a França contra a Alemanha.
As tentativas se esgotaram com uma última reunião realizada em 23 de agosto, com as mesmas delegações então compostas por membros diferentes. No final "do verão de 1939", "com a Alemanha nazista a oeste e o Japão militarista a leste", Stálin, sem outra opção, sem "tempo para considerar o que as futuras gerações diriam", recorreu à oferta de Berlim. Era preciso ganhar tempo para se preparar e derrotar posteriormente o inimigo com o qual fora empurrado a assinar um pacto de não agressão.
"[...] o anticomunismo e a falta de vontade inglesa e francesa para seguir uma política de segurança coletiva abriram as comportas para a agressão por parte do pacto anti-Comintern. Londres e Paris pareciam cegas para o perigo real, movida pelo interesse próprio e pelo ódio ao socialismo. Políticos míopes diziam: deixemos que Hitler faça sua cruzada anticomunista no Leste. Para eles, Hitler era o mal menor" [55].
O mercenarismo acadêmico se vale em seu trabalho de falsificação e simplificação histórica, vendido como ciência, da omissão de diversos fatos sobre a era stalinista, além da divulgação pelos meios de comunicação de massa, da preguiça e comodidade de historiadores ocidentais, ditos de esquerda, que, em maior número, se dedicam a apenas reproduzir a versão hegemônica, sem qualquer avaliação de seu rigor deontológico.
Como a afirmação contida na obra de N. Zenkovitch, "Século XX. O Supremo Generalato nos Anos da Crise", Olma-Press, 2005, "Agora pintam tudo de negro... Rejeita-se tudo aquilo que se passou no país depois da Revolução de Outubro... Sim, houve Estaline, houve o estalinismo. [...] Mas é preciso estudar e avaliar isso com objetividade e com justiça" [56].
O balanço das análises nos 100 anos da Revolução de Outubro e da história da URSS, realizado pelo historiador português Mário Machaqueiro [57] revela que a maioria das afirmações publicadas, apesar de reivindicarem-se verdadeiras, sob a alegação de se sustentarem em documentos dos arquivos russos desclassificados, não são acompanhadas dos respectivos documentos para a comprovação da veracidade alegada e, geralmente, quando os autores se utilizam da fundamentação documental, intercalam grifos, acréscimos, nas transcrições, de tal forma, que os sugestionam como parte do texto original, além de sua apresentação se dar acompanhada de "interpretações falaciosas" que comprometem o real conteúdo, em benefício de conveniências ideológicas. "Um exemplo eloquente" de tais falsificações possibilitadas e utilizadas a partir da "abertura de certos arquivos soviéticos", é o da fraude científica praticada pelo historiador norte-americano de origem polonesa, Richard Pipes, ao transcrever parte do Relatório Político do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, com a pretensão de provar definitivamente as "intenções expansionistas dos bolcheviques" ao, segundo ele, invadir a Polônia não só para sovietizá-la, como avançar "sobre a Alemanha e, possivelmente sobre a Inglaterra", a partir da compreensão de Lênin de que os referidos países estavam "sob o domínio de uma revolução do gênero da de 1917" [58]. A transcrição feita por Pipes, da parte citado documento, revela a discrepância de sua afirmação:
" 'O período defensivo da guerra com o imperialismo mundial tinha terminado, e nós podíamos e tínhamos a obrigação de explorar a situação militar para lançar uma guerra ofensiva' - não só contra a Polônia, um peão nas mãos dos Aliados, mas contra a Europa"
A parte após o travessão, não é de "Lénine". É um excerto implantado no documento por Pipes, em substituição à parte que suprimiu do texto ao transcrever, dissimulando convergência com sua interpretação. Eis a continuação original suprimida do trecho, e substituída pelo excerto de Pipes, ao transcrever: "Derrotámo-los quando avançaram contra nós; tentaríamos agora avançar contra eles de maneira a auxiliar a sovietização da Polônia". É, portanto, totalmente diferente e divergente do excerto implantado por Pipes em proveito de sua conveniência ideológica [59].
Outro caso de discrepância interpretativa de Pipes, foi detectado por Dominique Colas. O mesmo historiador norte-americano apresentou "uma carta de Lénine" como "prova documental de como os bolcheviques estavam a ser financiados pelo governo alemão em 1918". Segundo Colas, o conteúdo do documento apresentado por Pipes é apenas uma "directiva aos militantes" alemães, de uma primeira organização internacional comunista [60].
Uma das formas de manipulação ideológica recorrentes na atualidade, é a equiparação do socialismo, ou comunismo, ao nazismo, que tem por objetivo produzir aversão aos dois primeiros conceitos e, assim, impedir o acesso dos trabalhadores às lições geradas pelas conquistas alcançadas com a experiência da URSS, e sua utilização para a satisfação de carências de orientação temporal, ou seja, para a formação de sua consciência histórica a partir da crítica do repositório experiencial do passado [61]. A referida manipulação ideológica, muito utilizada pelos meios de comunicação de massa, publicações acadêmicas e manuais escolares, consiste no desprestígio do comunismo ao associá-lo ao nazismo, emprestando-lhe a semântica substantivadora do regime responsável pelo mais hediondo genocídio praticado pela humanidade, para desta forma afastar o socialismo e o comunismo das palavras talismã [62] "liberdade" e "democracia" - uma velha estratégia de marketing.
Os discursos utilizados nos artigos divulgados pelos meios de comunicação de massa, manuais escolares e publicações acadêmicas, na construção de representações negativas de Stálin, do socialismo, do comunismo e da URSS, se comparados às afirmações de Hitler em seu livro "Mein Kampf", revelam uma coincidente similaridade que beira o plágio!
A mesma técnica de manipulação ideológica a partir da comparação ou equiparação do socialismo com o nacional-socialismo, foi utilizada pelos nazistas na década de 20 do século passado, e chegou a confundir a opinião pública e a própria burguesia alemã, como afirmou Hitler, de forma desdenhosa:
"Só a cor vermelha de nossos cartazes fazia com que eles afluíssem às nossas salas de reunião. A burguesia mostrava-se horrorizada por nós termos recorrido à cor vermelha dos bolchevistas, suspeitando de atrás disso haver algum significado ambíguo. [...] cochichavam uns aos outros a mesma suspeita, de que, no fundo, não éramos senão uma espécie de marxistas, talvez apenas marxistas mascarados ou, melhor, socialistas" [63].
Os efeitos causados pela estratégia da propaganda nazista tornaram-se risíveis a Hitler, que, ridicularizando os que acreditaram, completou:
"Quantas boas gargalhadas demos à custa desses idiotas e poltrões burgueses, nas suas tentativas de decifrarem o enigma da nossa origem, as nossas intenções e a nossa finalidade!
A cor vermelha dos nossos cartazes foi por nós escolhida, após reflexão exacta e profunda, com a intenção de excitar a esquerda, de revoltá-la e induzi-la a frequentar as nossas assembleias; isso tudo nem que fosse só para nos permitir entrar em contacto e falar com essa gente" [64].
Dentre os vários que fazem uso da simplificação da história e a falsificam de forma grosseira para a perpetuação do status quo, como forma de lhes garantir suas vantagens e conveniências pessoais através desse trabalho sujo, que nada possui de ciência, tem se destacado atualmente, em Portugal, José Milhazes, jornalista travestido de historiador da Rússia pela Universidade Estatal de Moscou (Lomonossov) e pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que aprovou por unanimidade sua tese "Influência das ideias liberais espanholas e portuguesas na Rússia". José Milhazes é autor de "As Minhas Aventuras nos País dos Sovietes" (2017), dentre uma série de obras difamatórias do socialismo, do comunismo com foco na experiência soviética, publicadas e amplamente divulgadas pela indústria editorial portuguesa como best-sellers.
O referido autor, iguala o comunismo ao nazismo, em artigo na sua coluna do jornal "Observador", datado de 11 de abril de 2015, de forma simplista, baseando-se apenas na sua titularidade acadêmica, sem apresentar uma única fonte capaz de dar sustentação ao que afirma, conclui o texto com as seguintes palavras:
"Afinal, qual era a principal diferença entre nazismo e comunismo? A minha opinião é que a diferença consistia apenas em que o primeiro matava pela raça, o segundo pela origem social. Venha o diabo e escolha" [65].
Segundo o historiador brasileiro, Leandro Karnal, numa palestra realizada na UNICAMP, em 12.09.2017, sob o tema "desafios do Historiador em 2017", equiparar, ou igualar, o comunismo ao nazismo, "das idiotices que o mundo nos oferece esta é reluzente". O referido historiador afirmou que "colocar um regime essencialmente anti-comunista, inimigo da esquerda e que inaugura campos de concentração com comunistas, depois do incêndio do Reichstag", como idêntico ao comunismo, é algo sem a mínima sustentação em fontes, baseando-se, inclusive, no nominalismo histórico, de que o partido nazista era nacional-socialista, o que para o palestrante também não se sustenta, pois, conforme alerta, "peixe-boi não é peixe e não é boi, cavalo-marinho não é cavalo, nacional-socialismo não é socialismo" e muito menos comunismo [66].
Para Izidoro Blikstein, professor de Linguística e Semiótica da USP, especialista na análise do discurso nazista e totalitário, "isso é uma grande ignorância da História e de como as coisas aconteceram" [67]. A ignorância a que se refere Blikstein, ao se comparar o socialismo, ou o comunismo ao nazismo, se confirma pelo fato, dentre outros, de que Hitler já tinha como objetivo, desde antes da Revolução de 1917, o aniquilamento do marxismo: "Nos anos de 1913 e 1914 manifestei a opinião, em vários círculos que hoje, em parte, estão filiados no movimento nacional-socialista, de que o problema futuro da nação alemã devia ser o aniquilamento do marxismo" [68].
Millhazes, no afã de igualar o comunismo ao nazismo, omite, esquece - ou simplesmente desconhece - que durante o regime nazista a propriedade privada não foi abolida e que o Partido Nacional-Socialista e o Reich foram financiados por diversas empresas alemãs e multinacionais dos mais diversos setores, utilizaram-se de mão-de-obra escrava dos campos de concentração obtendo fabulosos lucros. A jornalista Cláudia de Castro Lima revela, em seu artigo "Aliados do Nazismo: quem contribuiu e lucrou com os horrores da guerra" [69], que "muitos empresários trabalharam com os nazistas e se uniram ao partido, sem falar que produziram armamentos, demitiram os funcionários judeus e, ainda pior, os usaram como mão de obra escrava. Inúmeras dessas corporações - como laboratórios, montadoras de veículos e gigantes das telecomunicações - continuam ativas até hoje, e nós estamos rodeados por produtos, serviços e tecnologias oferecidos por elas". Dentre as principais empresas privadas alemães e multinacionais que colaboraram e lucraram com o nazismo, estão: Kodak, Hugo Boss, Volkswagen, Bayer, Siemens, Coca Cola, Ford, IBM, BMW, General Eletric, Nestlé, Kellogg's, Puma, Adidas, Novartis, Allianz, ThyssenKrupp [70].
Num outro artigo publicado na sua coluna, no mesmo jornal, em 13 de janeiro de 2017, intitulado "Seria diferente se Trotski tivesse vencido Estaline na URSS?" [71] o referido jornalista baseando-se em falsificações e simplificações que faz da história da Revolução Russa de 1917, faz afirmações idênticas (quase plágio!) às que fez Hitler em seu livro "Mein Kampf" [72]:
Milhazes: "Foi este pluralismo (o produzido pela Revolução de Fevereiro de 1917), por exemplo, que permitiu o regresso de Vladimir Lenine e Lev Trotski à Rússia e deixou escapar o poder para as mãos dos bolcheviques" (Id. Ibid.).
Hitler: "A democracia do ocidente é a precursora do marxismo, que sem ela seria inconcebível. Ela oferece um terreno propício, no qual consegue desenvolver-se a epidemia" (Ibid., p. 86).
Milhazes: "O regime comunista foi construído com base em princípios que apenas podiam conduzir à violência e à repressão: a não tolerância do pluralismo político no país e o princípio do "centralismo democrático" no interior do partido. Por isso, todas as experiências comunistas no século XX terminaram sempre em ditaduras cruéis" (Id. Ibid.)
"É preciso não esquecer nunca que os dirigentes da Rússia atual são sanguinários criminosos vulgares e que se trata, no caso, da borra da sociedade, que, favorecida pelas circunstâncias, em uma hora trágica, derrubou um grande Estado e, na fúria do massacre, estrangulou e destruiu milhões dos mais inteligentes de seus compatriotas e agora, há dez anos, dirige o mais tirânico regime de todos os tempos. Não devemos esquecer que muitos deles pertencem a uma raça que combina uma rara mistura de crueldade bestial e grande habilidade em mentir e que se julga especialmente chamada, agora, a submeter o mundo todo à sua sangrenta opressão" (Ibid., p. 488)
A espantosa semelhança entre as afirmações de Milhazes e Hitler, além de revelar a verdadeira causa de seu zelo na difamação do socialismo e do comunismo, a revelia da verdade histórica, torna flagrante sua falta de conhecimento sobre o período da história da Rússia acerca do qual se atreve a escrever, assim como seu charlatanismo intelectual e a natureza mercenária de sua práxis.
Num outro artigo, no mesmo jornal, em 20/4/2017, ano do centenário da Revolução de Outubro de 1917, Milhazes afirma sobre as Teses de Abril de Lênin:
"Mas, neste artigo, é da mais primordial importância reparar em qual foi a táctica defendida por Lénine para impor a "ditadura do proletariado", em concreto aproveitar-se da existência de grandes liberdades e da ausência de repressão na Rússia saída da Revolução de Fevereiro". A desonestidade intelectual e o total desconhecimento de Milhazes acerca da Revolução Russa de 1917, são revelados ao omitir a perseguição aos bolcheviques, após os denominados "dias de julho", de forma especial a Lênin e a Zinoviev, acusados de serem "espiões pagos pela Alemanha. O Comitê Central do Partido Bolchevique, ciente de que Governo Provisório vinha fomentando "uma histeria anti-bolchevista", e de que, caso Lênin e Zinoviev se entregassem às autoridades, os soldados que os levassem "para a prisão, ou da prisão para o tribunal", resolvessem, por "heroísmo patriótico", executá-los, decidiu que deveriam se esconder. Em 8 de julho Lênin se refugiou na casa de Aliuliev, antigo amigo de Stálin e, em 11 de julho, sob a proteção de Stálin e Aliuliev, dirigiu-se à Estação Marítima e "embarcou, primeiro para as aldeias nas imediações da capital e depois para a Finlândia" (DEUTSCHER, Id. Ibid., p. 135-136). Após alguns dias Kamanev foi preso. Desde aquela data, até a eclosão da Revolução de Outubro, Lênin, exilado com Zinoviev, dirigiu o partido do exterior, cabendo a Stálin a liderança do movimento na Rússia.
Naquele período (entre maio e junho), o do governo provisório, a que se refere Milhazes,
"As eleições municipais da capital (à época, São Petersburgo) revelaram a fraqueza dos democratas constitucionais (cadetes) de Miliukov (partidário da manutenção da monarquia, o partido predominante no governo. Os socialistas moderados conquistaram metade dos votos, deixando os dois partidos extremistas, cadetes e bolchevistas, como minorias influentes. O governo dominado pelos cadetes cedeu lugar a uma coalizão de cadetes, menchevistas e social-revolucionários. Mas, ao tentar enfrentar os problemas que surgiam, o nôvo governo não pôde mostrar grande força" (Id. Ibid. p.131).
Dentre as diversas omissões de que se vale Milhazes para realizar sua difamação à Revolução Russa de Outubro, ao socialismo, ao comunismo, a Lênin e Stálin., inclui-se a de que:
"Em finais de julho, formou uma segunda coligação que defendia a intervenção do Estado na economia e a paz sem indenizações nem anexações [...] abandonou gradualmente o compromisso com uma democracia parlamentar e, ao invés, procurou basear a sua legitimidade em assembleias pseudoparlamentares" (ORLOVSKY, in FREEZE, 2017: 310).
Na mesma primeira quinzena de agosto de 1917, quando Kerensky convoca com toda a pompa cerimonial a "Conferência de Estado" em Moscou, com a maioria de "representantes dos interesses corporativos tradicionais, ignorando todas as reivindicações da população, "a declaração da esquerda de 14 de agosto reafirmava os compromissos de julho" (Id. Ibid.).
Em 26 de agosto, Kerensky dobra o preço do trigo e, consequentemente, do pão, em atendimento aos proprietários de terra gerando enormes protestos, greves e agitações.
No fim de agosto do mesmo ano, quando o general Lavr Kornilov, nomeado comandante-em-chefe do exército russo por Kerensky, responsável pela restauração de castigos físicos e a pena de morte, tentou o golpe de Estado, ordenando a marcha sobre Petrogrado para derrubar o governo provisório instaurado pela Revolução de Fevereiro; os sovietes de operários e soldados conhecidos "como os Guardas Vermelhos foram rapidamente mobilizados para repelir a "contrarrevolução" e, sem grande derramamento de sangue, detiveram Kornilov e desarmaram sua tropa" (Id. Ibid., p. 311)
Com a tentativa de golpe de Kornilov, logo foi revelada, inclusive através do acesso ao conteúdo das correspondências ambíguas trocadas com Kornilov, a traição de Kerensky aos compromissos assumidos na Revolução de Fevereiro, o que "erodiu ainda mais o apoio" ao seu governo "e facilitou a tomada do poder pelos bolcheviques" (Id. Ibid., p.312).
O antissemitismo é uma das mais conhecidas e recorrentes acusações feitas contra Stálin, a revelia dos fatos, embasadas por grosseira falsificação histórica, de que se servem charlatães diplomados por famosas universidades do Ocidente e os seus meios de comunicação.
Segundo o escritor E. Radzinsky e o doutor em ciências históricas, Murat Karaketov (*), Stálin era judeu. O mesmo se diz sobre Vissarion Dzhugashvili. Na Geórgia, havia quase um milhão de comunidades judaicas. Os judeus na Geórgia eram, em regra, pequenos comerciantes, alfaiates, emprestadores e sapateiros. Eles também dizem que o nome de Dzhugashvili vem da palavra Ossetian "dzugut" (judeu). Os áspeus têm nomes que se referem à origem judaica: Sinait-Sinaev, Dzugutov ("dzugut" - judeu), Dzotov ("dzott" em Digorsk - Judeu), Jute, Dzhuhud (em Kabardin), etc. Stalin teve três esposas, todas judias. A primeira foi Ekaterina Svanidze que deu à luz a um único filho, Jacob. Sua segunda esposa foi Kadya Allevijah. Com ele, ela gerou um filho, Vassili, e a uma filha, Svetlana. Sua segunda esposa morreu por suicídio. Sua terceira esposa foi Rosa Kaganovich, a irmã de Lazar Kaganovich, o chefe da indústria soviética. A filha de Stálin (que em 1967 fugiu para os EUA) casou então com o filho de Lazar, Mihail, o sobrinho de sua madrasta. Svetlana filha de Stálin teve um total de quatro filhos, três deles judeus. O vice-presidente de Stálin, Molotov, também era casado com uma judia, cujo irmão, Sam Karp, dirigia um negócio de exportação em Connecticut. Só para complicar as coisas ainda mais, a filha (meio judia) de Molotov também chamada Svetlana noivou-se com o filho de Stalin Vassili (http://www.aleksandrnovak.com/content/1882.html).
Os judeus sempre, desde 1919, ocuparam mais de 80% de todos os altos cargos do governo Bolchevique, apesar de serem 1,5% da população: 384 comissários, incluindo 2 negros, 13 russos, 15 chineses, 22 armênios, e mais de 300 judeus (SCHUYLER, 1919). Foi igualmente grande a participação dos judeus no governo soviético durante o período em que Stálin liderou a URSS.
Lev Landau, pai da bomba atômica soviética, era judeu.
Stálin era um verdadeiro internacionalista e conhecia bem a questão nacional. Ele não gostava do antissemitismo e amava o povo russo, que o considerava justamente como "o primeiro entre os iguais" na URSS. Stálin é odiado por todos os nacionalistas atuais, sionistas, fascistas, racistas - que tentam resolver seus problemas à custa de outras nações (http://topnewsrussia.ru em 25/08/2017).
Há mais de meio século a hegemônica versão falsificadora da história do legítimo herdeiro de Lênin, "que sempre colocou acima de tudo seu credo revolucionário", tem omitido o fato de que "o arroubo e a admiração despertados pela URSS e seu líder carismático nos anos de 1930 e 1940" tem "outras explicações que não a enganação, a mentira, o medo e a manipulação". Foi o período "de uma realidade inédita" em que "O Estado inovador fascinava" e "o voluntarismo, transformado em valor fundamental, era contagiante". A maioria das obras até hoje publicadas e reeditadas sobre Stálin e a União Soviética, à exceção de algumas escritas por historiadores que primam pelo rigor científico, com base em documentos dos arquivos soviéticos parcialmente abertos, "escapa a qualquer rigor deontológico" (MARCOU, Op. Cit., p.12), caracteriza-se por estereótipos construídos e divulgados sobre Stálin, pelo anticomunismo, pela falsificação e manipulação da história.
A leitura de tais obras serve apenas para, no melhor dos casos, se escrever a história do anti-stalinismo, do anticomunismo, do mercenarismo e da falsificação da história, do que para se ter acesso uma biografia contextualizada de Stálin, ou se conhecer a história da URSS. Seus autores, confundem a "liberdade de expressão [...] com o direito de falar qualquer coisa" (MARCOU, Id. Ibid.).
Um certo número de obras, escritas por autores famosos sobre a URSS, chegam a despertar interesse em virtude da documentação de que fazem uso, porém, na maior parte delas as conclusões chegam a falsear o conteúdo das fontes citadas, buscando satisfazer a conveniências ideológicas. "Por exemplo, R. Conquest, num livro traduzido em francês com o título "O Grande Terror", parte de factos exactos para chegar a conclusões romanceadas que devem muito mais a James Bond do que a Clio" (ELLEINSTEIN, 1973:11).
Robert Conquest, autor de "O Grande Terror", publicado pela primeira vez em 1968 que, assim como o Relatório Kruschev, até hoje, se constitui numa das principais fontes da versão hegemônica sobre Stálin, reproduzida pelos manuais escolares de história em Portugal e Brasil, foi um agente do serviço secreto britânico, que trabalhou até meados da década de 50 para o Information Research Department (Departamento de Pesquisa de Informação), um organismo secreto do Foreign Office (Ministério dos Negócios Estrangeiros) criado em 1948 para estudar o comunismo e combater ativamente a sua influência interna e externamente. Conquest, que radicou-se nos EUA, integrou os quadros da CIA e apoiou a invasão do Iraque, foi um admirador e colaborador de Ronald Reagan, Margaret Thatcher (sua amiga pessoal, para quem chegou a preparar discursos) e, mais recentemente, de Condoleeza Rice. O livro de Conquest intitulado "Que Fazer Quando os Russos Vierem" (What to Do When the Russians Come: A Survivor's Guide, 1984), uma obra revivalista do clima de 'pavor dos vermelhos' ("Red Scare") dos anos 40-50, foi uma preciosa peça de propaganda em apoio da política de rearmamento de Ronald Reagan, contribuindo para a sua reeleição nesse mesmo ano. Robert Conquest, morto em 3 de agosto de 2015 em Stanford, EUA, foi condecorado por George W. Bush, em 2005, com a Medalha Presidencial da Liberdade.
Qualquer historiador sério, dotado de competência metodológica, sabe, e tais obras comprovam, que "não basta consultar uma infinidade de documentos. É preciso sobretudo, ter a mente aberta para submete-los ao método científico de análise e interpretação histórica", além de "não se ter interesses que estejam em contradição com esse método", pois para se atingir a objetividade, "é preciso, antes de tudo, estar disposto a conhecer a verdade, qualquer que seja ela". Caso contrário, quanto maior, quanto maior é a quantidade de fontes consultadas", mais se se afasta da realidade dos fatos (CAMPOS, 1992:1-2).
Robert Conquest em seu livro de propaganda anti-soviética, "O Grande Terror", reivindicado como obra historiográfica, referendado pela tutela da prestigiada Universidade de Harvard, simplesmente desconsidera a premissa imprescindível à pesquisa científica, de que os enunciados resultantes se baseiem em dados precisos, verificados, verificáveis, comprovados por procedimentos experimentais e por diferentes fontes devidamente cruzadas, criticadas e referenciadas. Na referida obra, o autor, agente dos serviços secretos britânico e estadunidense, reconhece que:
"Ainda não é possível apresentar o número exato de vítimas do Grande Expurgo [...] Os cálculos apresentados no Capítulo 10 são os que, por várias razões, pareceram razoáveis ao autor. Na verdade, [...] evidentemente os números não serão exatos até que exista a possibilidade de se realizar um levantamento nos arquivos da NKVD" (CONQUEST, 1979:519).
Após a abertura dos arquivos soviéticos e, portanto, o maior acesso aos documentos da era stalinista e aos resultados de novas investigações na Rússia e no Ocidente, ficou comprovado que o número "de pessoas detidas e mortas pela NKVD foi, na verdade, muito menor que o registrado e divulgado anteriormente - "por exemplo, Robert Conquest dizia haver sete milhões de pessoas nos campos em 1938" - e revelou que "as publicações de Conquest e de Roi Medvedev" de finais dos anos 60 e "inícios dos anos 70 do século XX acrescentaram mais nomes, sobretudo das repúblicas não-russas (FREEZE, 2017: 389).
Os acadêmicos e a imprensa ocidental ainda repetem a exaustão sempre a mesma versão de "dezenas de milhões de pessoas mortas" durante o "terror stalinista". Para se desmascarar o mito mortos durante o período de Stálin é preciso, antes de tudo, conhecer a população da URSS. Segundo m 1926 na URSS havia 147 milhões de habitantes, em 1937 - 162 milhões, e em 1939 - 170,5 milhões. Além disso, a "repressão stalinista" incluiu apenas sentenças sob o art. 58 sobre crimes contra-revolucionários e outros crimes estatais especialmente perigosos (banditismo, roubo, etc.). Essas sentenças são do mais alto grau ou são presas no campo.
Os estudos realizados por Yúri Zhukov nos arquivos soviéticos revelam que as vítimas não foram dezenas de milhões, mas um milhão e meio, o que coincide com os resultados a que chegou seu colega em ciências históricas, Zemskov. Os resultados das pesquisas realizadas nos arquivos por Zemskov, Dugin e Klevnik, sobre o número das vítimas da repressão stalinista publicados em revistas científicas pouco conhecidas, a partir de 1990, contradizem todos os números canônicos divulgados até então pela imprensa ocidental e pelo atual regime neoliberal russo.
A cooperação estabelecida entre pesquisadores de diversos países levou por fim à refutação dos números hiperbólicos divulgados por Robert Conquest, cuja obra se tornou cânone científico entre os acadêmicos ocidentais incapazes de rigor metodológico e descomprometidos com a busca pela verdade histórica e movidos apenas pelo mercenarismo e paixão ideológica. O número total de prisioneiros em 1939 foi de quase 2 milhões, dos quais 454 mil foram condenados por crimes políticos. Mas não 9 milhões, divulgados por Conquest. Os mortos em campos de trabalho de 1937 a 1939 foram 160 mil, e não os 3 milhões do manual de História do agente do serviço secreto britânico, e posteriormente da CIA, diplomado por Oxford. Em 1950, havia 578 mil presos políticos em campos de trabalho, e não os 12 milhões alardeados.
Ao contrário da crença popular, a maioria dos condenados por crimes contra-revolucionários estava nos campos do Gulag não em 1937-38, mas durante e depois da guerra. 104.826 desses condenados em campos em 1937 e 185 324 pessoas em 1938. Restou provado por I. Pykhalov que durante todo o período do governo de Stálin, o número de prisioneiros nunca ultrapassou 2.760.000, não inclusos alemães, japoneses e outros prisioneiros de guerra. Um memorando de fevereiro de 1954, dirigido a Kruschev, assinado por Rudenko informa um número de 642.980 pessoas sentenciadas à pena de morte no período de 1921 a fevereiro de 1954. O número de 642.980 pessoas condenadas à pena capital de 1921 a 1954 permanece nos livros de história a revelia dos resultados das pesquisas dos especialistas nos arquivos. Os documentos do "Arquivo Histórico Militar" (nº 4 (64) de 2005) mostra que durante os anos 1937-1938, 1.355.196 pessoas foram condenadas por todos os tipos de crimes e órgãos judiciais, dos quais 681.692 presos pelo CPS. Em 1956, 688.238 pessoas que haviam sido executadas por condenação a pena capital. Dentre estes estavam os presos por atividades anti-soviéticas apenas no período 1935-40. No mesmo ano, a comissão de Pospelov nomeou um número de 688.503 executados no mesmo período. Em 1963, no relatório da Comissão Shvernik, um número foi apresentado o número de 748.146 condenados pelo período de 1935-1953, à Marinha, dos quais 631.897 - em 1937-38, por decisão de órgãos extrajudiciais. Em 1988, segundo certificado da KGB da URSS, apresentado a Gorbachev, 786.098 foram executados em 1930-55. Finalmente, em 1992, em documento assinado pelo chefe do departamento de registro e formulários de arquivo da MBRF para 1917-90 aparece o registro de 827.995 condenados à pena de morte por crimes estatais e semelhantes [73].
Krasnov, num artigo de sua autoria afirma que:
"de acordo com o certificado fornecido pelo Procurador Geral da URSS Rudenko, o número de condenados por crimes contra-revolucionários de 1921 a 1º de fevereiro de 1954 pelo Colégio OGPU, a" troika "do NKVD, a Reunião Especial, o Colégio Militar, tribunais e tribunais militares 777.380 pessoas, incluindo a pena de morte - 642 980. Zemskov dá números ligeiramente diferentes, mas eles não mudam fundamentalmente o quadro: "No total nos campos, colônias e prisões em 1940 havia 1.850.258 prisioneiros ... sentenças de execução para tudo o tempo foi de cerca de 667 você Como ponto de partida, ele aparentemente recebeu o certificado de Beria fornecido a Stalin, de modo que o número é dado a uma pessoa, e "cerca de 667.000" é um número arredondado com precisão incompreensível. Aparentemente, são dados arredondados de Rudenko, que referem-se a todo o período de 21-54, ou incluem dados sobre criminosos, que são considerados criminosos.As estimativas estatísticas que realizei mostraram que mais perto da realidade são os números Rudenko, e os dados de Zemskov são superestimados em cerca de 30-40%, especialmente no número tiro, mas repito s, essencialmente, isso não muda. Discrepâncias significativas nos dados de Zemskov e Rudenko (cerca de 200-300 mil) no número de pessoas presas podem ser devido ao fato de que um número significativo de casos foram revistos após a nomeação como Comissário Lavrenti Beria. Até 300 mil pessoas foram libertadas da prisão e detenção temporária (o número exato ainda é desconhecido). Zemskov simplesmente os considera vítimas da repressão, mas Rudenko não. Além disso, Zemskov considera "reprimido" todo mundo que já foi preso pelos órgãos de segurança do Estado (incluindo a Cheka depois da Revolução), embora tenha sido libertado logo depois, o que o próprio Zemskov explicitamente afirma. Assim, várias dezenas de milhares de oficiais czaristas, que a princípio foram libertados pelos bolcheviques sob a "palavra honesta de um oficial" para não lutar contra o governo soviético, caem nas vítimas. Sabe-se que mais tarde os "cavalheiros nobres" quebraram imediatamente a palavra "oficial", que não se envergonhavam de declarar publicamente.
Note que eu uso a palavra "condenada" e não "reprimida" porque a palavra "reprimida" implica uma pessoa que é inocentemente punida" [74]
Em um outro documento anteriormente compilado (Dezembro de 1953), assinado por S.N..Kruglov em nome de G. M. Malenkov e N. Krutchev, desde 1 de Janeiro de 1921 a 1 de julho de 1953, aparece um número total de 4 milhões de pessoas condenadas como contra-revolucionários e outros crimes públicos particularmente perigosos, aplicada a pena de morte a 799.
As estatísticas demográficas da URSS são o suficiente para revelar a farsa do mito de
"50-100 milhões de vítimas de repressão": De acordo com o censo de 17 de dezembro de 1926, a população da URSS era de 147 milhões. Em 17 de Janeiro de 1939, em 17 anos-170,6 milhões em 12 anos a população da URSS era de 23,6 milhões de habitantes. Em 1967, a população era de 2 milhões de habitantes, ou seja, 1 % da população? Não!
A população russa (grandes russos, pequenos russos e bielorrusos) durante o período de Stálin aumentou em média 1,3-1,5 milhões de acordo com os dados do censo.
1926 - 113,7 milhões (146,6 milhões - população geral da URSS)
1939 - 133 milhões (170,6 milhões)
1959 - 159,3 milhões (208,8 milhões)
Em comparação, durante o período de Yeltsin, o número de russos na Rússia diminuiu 6,8 milhões e durante o governo de Pútin, 6,4 milhões de pessoas.
A taxa de mortalidade geral na Rússia durante o período de Stálin diminuiu quase três vezes (10,1 por 1.000 em 1950, em comparação com 29,1 em 1913). Ao mesmo tempo, a taxa de natalidade de 1950 diminuiu (26,9 por 1.000 em 1950 e 45,5 em 1913), devido às consequências da guerra, com o aumento do número de idosos, o crescimento da população urbana, o envolvimento das mulheres na esfera da produção. No entanto, o aumento natural da população cresceu ligeiramente e ascendeu a 16,8 por 1.000 habitantes, em 1950 comparado com 16.4 em 1913 [75]
O mito é que "Stálin deliberadamente iniciou a repressão na URSS". Uma campanha de elevação dos números se iniciou após sua morte. De acordo com a "Comissão de Reabilitação", o período de Yakov nas suas listas de "ajuste" havia 161 pessoas como "inimigos do povo". Destes, 55 foram de 1936-1937 a 741, quando Khrushchev foi o primeiro Secretário do Partido em Moscou, e 106 pessoas durante seu trabalho na Ucrânia. Stálin, ao receber as listas de " inimigos do povo " de Khrushchev, respondeu-lhe: "acalme-se, Nikita", pediu uma justificação detalhada para incluir os indivíduos na lista e reduziu drasticamente o número.
Quando L.P. Beria, assumiu, a escala de repressão diminuiu acentuadamente (10 vezes), para o pessoal militar mais de 61 vezes. A execução de sentenças anteriores foi imediatamente proibida. Os casos de pessoas detidas foram enviados em grande escala para a revisão e a prisão preventiva. Segundo Igor Pyhalov, "em 1939 e 3 meses de 1940, Beria contribuiu para o lançamento de 381 mil pessoas, e no início da guerra, cerca de 130 mil". Dezenas de milhares foram reabilitados.
Ainda segundo, Pyhalov, o período de "1937-1938, os órgãos da NKVD e do gabinete do procurador foram analisados na sessão plenária do Comitê Central e 17 instruções foram dadas "para resolver as deficiências apontadas no trabalho dos organismos e do Ministério Público e a importância excepcional de novas formas de organização de todos os trabalhos de investigação Ministério Público. Os responsáveis pelas referidas entidades foram avisados que "pela mais pequena violação das leis e directivas soviéticas, independentemente do rosto, será sujeita a uma severa responsabilidade judicial".
Mesmo com a confissão de Robert Conquest, da imprecisão e não comprovação do número de "vítimas do Grande Expurgo" que apresenta em sua obra "O Grande Terror", já desatualizada, o mercado editorial, os sistemas de ensino, através de seus manuais escolares (além de outros recursos didáticos) e os meios de comunicação no Ocidente, a revelia dos números revelados com a abertura dos arquivos russos, continuam a divulgar e reproduzir, a cifra de "milhões" registrada por Robert Conquest, sob o respaldo de renomadas instituições científicas por meio das rubricas de seus representantes. Todavia em 1980, o mesmo Conquest alegava que em 1939 haviam entre 25 e 30 milhões de prisioneiros na União Soviética, e que em 1950 haviam 12 milhões de prisioneiros políticos.
Uma outra acusação apresentada como trunfo pelas potências ocidentais contra Stálin e a URSS é a da responsabilidade pela execução de oficiais e cidadãos poloneses, em 1940 na floresta próxima às vilas de Katyn e Gnezdovo, localizadas cerca de 19,5 km a oeste de Smolensk, ao que se denomina "Massacre de Katyn". Bóris Yéltsin, que sucedeu Gorbatchev no reconhecimento da responsabilidade da URSS pelo crime, apresentou em 1991 um documento, posteriormente entregue ao então presidente polonês Lech Walesa, hoje conhecido como o memorandum de Béria dirigido a Stálin solicitando autorização para a execução dos prisioneiros poloneses, apresentando em forma de despacho do líder soviético, a permissão para as execuções. A divulgação por Yéltsin do referido documento, conhecido como o "pacote nº1" [76], e sua entrega ao governo polonês, ensejou em 2011, um processo pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, para apurar e exigir reparação aos familiares das vítimas além de outras punições à Rússia.
O historiador polonês Romauld Sventek, no livro "Massacre de Katyn: refutação da versão oficial", de Grover Furr, professor da Universidade Estadual de Montclair, nos EUA, afirma que o crime de Katyn foi inequivocamente executado pelos nazistas. Sua convicção sobre a culpa dos alemães pelas execuções em katyn, origina-se na visita que realizou aos campos de Vorkuta e Norilsk, quando se comunicou com prisioneiros de guerra durante a ocupação de Smolensk pelos nazistas. Durante a visita a Norilsk, em 1952, ele conheceu o capitão polonês Vladislav Jacques, testemunha da execução do crime pelos nazistas. Vladislav disse a Sventek "que os alemães na verdade apossaram-se de vários campos de prisioneiros de guerra poloneses naquela área e os executaram em 1940" [77]. No citado livro, Grover Furr apresenta, além dos resultados da investigação realizada por uma comissão forense chefiada pelo cirurgião N. N. Burdenko na primavera de 1944 sobre o massacre de Katyn, quando se comprovou que as balas de 9mm usadas nas execuções eram alemães, documentos da Biblioteca do Congresso. Num artigo de sua autoria, o doutor e professor em história da Universidade de Varsóvia, Valery Ivanov, afirma que o livro apresenta argumentos de peso que esclarecem a natureza ideológica da versão oficial sobre Katyn iniciada pelos nazistas e reproduzida atualmente pelos dirigentes da Federação Russa e pelo governo polonês sob os auspícios da União Europeia e dos EUA. [78]
Goebbels, dentre as diversas vezes em que deixou registrado o fato de que a acusação da URSS pelo crime de Katyn, orquestrada por ele, consistia numa propaganda anti-soviética, escreveu em 18 de maio de 1943 no seu diário, sobre os resultados do trabalho realizado pela comissão liderada por Burdenko: "desgraçadamente a munição alemã foi encontrada em Katyn. É fundamental que este incidente se mantenha em segredo. Se for conhecido pelo inimigo todo o assunto de Katyn terá que ser abandonado" [79].
Diante da pretensão da Duma do Estado da Federação Russa de por em votação para aprovação, em 26 de novembro de 2010 um projeto de resolução política "Em memória das vítimas da tragédia de Katyn", que atribuiria a responsabilidade do crime de 1940 à URSS, cuja adoção estava prevista para a visita do presidente da Federação Russa à Polônia em 6 de dezembro de 2010; o deputado da Duma de Estado V.I.Ilyukhin, protocolou, em 24 de novembro do mesmo ano, junto ao presidente da Duma estatal da Federação Russa B.V. Gryzlov, a denúncia de que o memorandum de Béria a Stálin, ou o pacote nº1, utilizado como prova da responsabilidade de Stálin e da URSS pelas execuções em Katyn, fora falsificado por Bóris Yéltsin. Segundo o deputado, a falsificação realizada no final dos anos 80 e início dos anos 90 do século passado, teve como técnicos responsáveis A. Yakovlev, D. Volkogonov, V. Falin, R. Pikhoya, como comprovam estudos periciais realizados por especialistas russos, cujos resultados e cópias do documento autêntico foram anexados pelo autor da denúncia [80]
A insistente conduta da comunidade acadêmica ocidental, em continuar a divulgar os números de Conquest e suas deturpações históricas, a revelia do que revelam os documentos desclassificados dos arquivos soviéticos, afronta o que determina o artigo 1º da Constituição do ICHS-Comitê Internacional de Ciências Históricas, que estabelece como um de seus objetivos e dever de seus membros, "defender a liberdade de pensamento e expressão no campo da pesquisa histórica e do ensino", e se opor "ao uso indevido da história", devendo "usar todos os meios à sua disposição para assegurar a conduta profissional ética de seus membros" [81]
Uma vez seduzidos pela comodidade resultante do fato de ser bem mais fácil explicar, fundamentar e justificar uma perspectiva ou versão histórica já consolidada, aceita e internalizada por sua ampla difusão através de diferentes meios, do que problematizá-la, questioná-la e confrontá-la com outras, historiadores, professores de história, autores de manuais escolares, que se denominam de "esquerda", ainda que inconscientemente, autenticam, legitimam e reproduzem a versão hegemônica do passado e suas representações subjacentes, vendendo o presente como inevitável, promovendo a "instrumentalização da História" [82]. Dessa forma, identificam-se afetivamente com o vencedor e passam a integrar "o cortejo triunfante dos dominadores", ao invés de assumirem "sua tarefa" de "escovar a história a contrapelo" apontada por Walter Benjamin, na sua Tese VII "Sobre o conceito de história" [83].
Qualquer investigação séria com o objetivo de apreender a verdade, acaba por revelar os motivos do ódio do imperialismo contra Stálin, o objetivo da profícua, insistente campanha difamatória promovida contra ele e os êxitos do socialismo na URSS; e por desmascarar as mentiras reproduzidas, inclusive, por governos e partidos proclamados de "esquerda", cooptados e enfeitiçados pelo canto da sereia sobre a queda do Muro de Berlim, a "pós-modernidade" e o "fim da história", que hoje integram o discurso da "constelação de falsificadores da história" (CAMPOS, Id. Ibid.).
Ao realizar "um primeiro balanço" dos anos de Lênin e Stálin, referindo-se à acomodação e adesão da esquerda e dos que se dizem comunistas, à versão hegemônica demonizadora de Stálin e da experiência do socialismo na URSS até 1953, Domenico Losurdo [84] adverte para o fato de que "não se pode isolar a história da União Soviética do seu contexto internacional". As ditaduras de Lênin e Stálin durante o período de 1917 a 1953 foram impostas pelas condições da guerra total e do estado permanente de excepção" a um país atrasado sem nenhuma tradição liberal ao longo de sua história. O exame do referido período permite constatar "4 ou 5 guerras" e "duas revoluções". Os não acometidos da amnésia histórica produzida pelos média e pela academia num árduo trabalho de falsificação histórica e de sua divulgação, com o mínimo de literacia histórica, devem recordar que no verão de 1919, 14 países invadiram a URSS, sem declaração de guerra, para apoiar os russos brancos na tentativa da derrubada do regime soviético [85]. Winston Churchill, que supervisionava pessoalmente a campanha aliada contra a Rússia, escreveu com supremo cinismo:
"Estavam os aliados em guerra com a Rússia? Não, por certo; mas eles matavam os russos soviéticos. Acampavam como invasores no solo russo. Armavam os inimigos dos sovietes. Bloqueavam portos e afundavam os seus barcos de guerra. Eles desejavam sinceramente e projetavam a sua queda. Mas, guerra? Isso não! Interferência? Seria vergonhoso! Para eles era indiferente, repetiam, o modo por que os russos conduzissem os seus próprios negócios. Eram imparciais - e acabou-se!" [86]
Deve-se lembrar ainda, da agressão a Oeste desde a Alemanha de Guilherme II que culminou com a paz de Brest-Litovsk, através da qual os germânicos tomaram territórios da URSS, seguida pela "agressão hitleriana e por fim" a da "Guerra Fria" [87] iniciada em 1942, quando foi delineada pelo Memorandum Secreto de Churchill a definição do "objetivo da luta do pós-guerra contra "o barbarismo russo" e quando se deu início ao "projeto Manhattan" da Bomba Atômica como declarou o General Groves "o seu propósito não era que fosse usado contra a Alemanha nazista ou contra o Japão, mas sim contra a União Soviética" [88].
O professor Fleming em seu livro The Cold War and Its Origins, 1917-1960, demonstra "a linha consistente de hostilidade anti-socialista, de conspiração e de fomento de guerra, que caracterizou toda a política das potências ocidentais e complicou, ainda por cima, as suas próprias rivalidades interimperialistas". O referido autor aponta como origem da eterna hostilidade da ordem capitalista ocidental", o caráter distinto da Revolução de Outubro de 1917 em relação a todas anteriores, ao substituir a propriedade privada dos meios de produção pela propriedade social destes meios. Lembra o professor, que os "Estados Unidos, campeões do conservadorismo mundial levaram dezesseis anos" para reconhecerem "a União Soviética como Estado". Os termos do Tratado de Versalhes foram deixados de lado e tornou-se "essencial reconstruir o imperialismo alemão contra a União Soviética". Isto pode ser comprovado pela declaração de Truman ao New York Times em 24 de julho de 1941: "Se virmos que a Alemanha está ganhando a guerra, teremos de ajudar a Rússia e, se a Rússia estiver a ganhar, teremos que ajudar a Alemanha, e, entretanto, deixemos que eles se matem tanto quanto possível". [89]
De igual modo, afirmou o General Groves, do Exército dos EUA quando assumiu a responsabilidade do Projeto Manhattan (o da bomba atômica), revelando que "o seu objetivo real estava dirigido contra a União Soviética":
"creio já ser bem conhecido - que não necessitei mais de duas semanas, desde que fui encarregado do projeto, para perder todas as ilusões e convencer-me de que o verdadeiro inimigo era a Rússia e de que o projeto fôra preparado sobre essa base. Não adotei portanto a atitude então generalizada no país de que a Rússia era um fiel aliado. Sempre alimentei suspeitas sobre a Rússia e o projeto foi encaminhado nesse espírito" [90]
No processo de amnésia produzido pelos média e pela academia, omite-se o ancestral direto da Guerra Fria: o Pacto Anti-Comintern, do qual seus slogans, discursos e técnicas são apenas ecos, que procuravam esconder os objetivos expansionistas "do imperialismo norte-americano" e sua "estreita associação com os imperialistas da Alemanha ocidental neonazista, restaurada através do auxílio e proteção" dos EUA. [91]
Ao contrário do esperado pelas potências ocidentais, "nem o Relatório Kruchtchev, nem a glasnost de Gorbatchev foram capazes de arrefecer, nas profundezas da memória coletiva da ex-sociedade soviética, a ideia de que a época stalinista foi" "motivo de glória e orgulho nacional para os povos da URSS" (MARCOU, op. cit.). Stálin e o seu legado resistem à gigantesca, poderosa e incessante propaganda e campanha difamatória empreendida pelo ocidente e pelo governo de Pútin, subserviente aos interesses do capital. O herdeiro legítimo de Lênin e o seu legado, permanecem vivos e venerados pelo povo russo e por trabalhadores em todo o mundo. Como bem disse Elena Iurievna, quando entrevistada por Svetlana Aleksievitch, "Estaline! Estaline! Sepultam-no... sepultam-no... Mas não há maneira de enterrá-lo" [92].
Segundo C. C. Хромов , no prefácio de sua obra По страницам личного архива Сталина, "Através das Página do Arquivo Pessoal de Stálin",
"A publicação de novos livros e artigos sobre o homem que liderou o Partido Comunista e o Estado soviético durante trinta anos não cessa, embora mais de meio século tenha se passado desde sua morte. Este fato, por si só, permite considerar que estamos falando de uma figura notável, ambígua tanto em termos de seu papel na história de nosso estado quanto na história mundial" [93]
Em 26 de junho de 2017, a versão do jornal brasileiro, FOLHA DE S. PAULO, na internet, teve como manchete internacional a afirmação de que "Para os russos, Stálin é a figura mais notável da história mundial" como demonstra o resultado publicado de pesquisa de opinião pública realizada em 48 regiões russas, no ranking de 20 lugares, numa amostra de 1.600 entrevistas.
Em matéria de 07/11/2017, data do centenário da Revolução Russa, o tendencioso jornal conservador de direita, GLOBO NEWS, noticiou que "Stálin é cada dia mais querido na Rússia" e "visto como o estadista que transformou a União Soviética numa potência mundial e garantiu a vitória contra a Alemanha nazista. Segundo o mesmo órgão de imprensa, "o número de pessoas que admiram Stálin triplicou desde o fim da União Soviética". Diz ainda o referido jornal que "No início da década de 90, apenas 8% dos russos diziam gostar de Stálin" e completa que, naquela data, 1 em cada 4 russos afirmava gostar do líder soviético. O historiador Rodrigo Ianhez, em entrevista ao mesmo jornal, afirmou que a relação do povo russo com Stálin é mais emocional que com Lênin. É divulgado pela mesma fonte que pesquisa realizada no mesmo ano na Rússia revela que Stálin aparece como "a figura mais excepcional da história mundial para 38% dos entrevistados. Pútin aparece em segundo lugar com 34%.
A edição de 24/04/2017, do órgão Operamundi, na internet, traz matéria com o título "Popularidade de Stálin triplicou na Rússia, desde 1990, mostra pesquisa." A matéria, sob o referido título, informa que pesquisa específica sobre a figura de Stálin, realizada pelo instituto independente "Levada", em 2016, revelou que 54% viam as atitudes do líder soviético como positivas; 17% como negativas e 32% mostraram-se indiferentes. Durante a mesma pesquisa "26% das pessoas disseram que os expurgos de Stálin aconteceram por questões políticas e devem ser analisados numa perspectiva histórica", o que comprova que Stálin e o seu legado permanecem invencíveis à gigantesca e constante campanha difamatória e demonizadora promovida pelas potências ocidentais para o seu sepultamento histórico.
A Agência de Notícias e Rádio Sputnik, russa, em 01/09/2013, divulgou que na cidade de Telavi, na Geórgia, foi inaugurado um novo monumento a Stálin com doações voluntárias realizadas pela população local. Em julho de 2012, segundo a mesma agência, foi reconstruído o antigo monumento a Stálin na cidade de Góri, sua terra natal, mesmo sob a crítica veemente do presidente Mikheil Saakashvili, que chamou Stálin de "antigeorgiano".
Diversos órgãos de imprensa em todo o mundo noticiam que o número de monumentos a Stálin em toda a Rússia é cada vez maior.
Na aldeia de Koroshevo, a 10 Km de Moscou, a casa em que Stálin ficou ao visitar o front, durante a Grande Guerra Patriótica, e onde discutiu e organizou estratégias, com seus generais, para a resistência e expulsão das tropas nazistas, da União Soviética, foi transformada em museu em 2015, na data de seu aniversário, 21 de dezembro. Esse fato além de demonstrar a atualidade de Stálin, de seu legado e a permanente veneração do povo russo ao seu grande líder, contradiz a afirmação feita por Dmitri Wolkogonov em seu livro "Triunfo e Tragédia", de que Stálin jamais visitou o front durante a invasão nazista.
Em 03/12/2018 o blog da "Liga Bolchevique Internacionalista", organização trotskista, viu-se obrigada a publicar um extenso e eufemístico texto difamatório, em que, ante o crescente prestígio demonstrado pelo legítimo herdeiro de Lênin, introduz a afirmação mentirosa de que "Trotsky no final dos anos 30" combateu a demonização de Stálin "no seio da seção norte-americana da IV Internacional".
Mesmo depois de morto, Stálin continua a impor derrotas ao trotskismo e a aterrorizar as nações imperialistas, os fascistas, a burguesia, os revisionistas e todos os traidores do marxismo-leninismo.
O renascimento e crescimento do prestígio e da veneração ao sucessor de Lênin e ao seu legado, na Rússia e em outras partes do mundo, pelos trabalhadores, a recuperação da verdade histórica sobre a experiência do socialismo na URSS e em outros países, comprovam que o vento da história está a remover o lixo depositado sobre o túmulo de Stálin, cumprindo sua profecia e atestando que "a história continua"!
NOTAS
[1] Paulo Oisiovici é historiador brasileiro, carioca, professor de História na cidade de Correntina-BA, cursa o mestrado em História Contemporânea, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em Portugal, sob a orientação do doutor Luís Alberto Alves, com tese a ser defendida sobre "Stálin nos manuais escolares de Brasil e Portugal". Em russo os manuais escolares são conhecidos como "livros de texto".
[2] DEUTSCHER, 1970: 22
[3] Segundo dados dos registros paroquiais em Gori. Segundo MARCOU (2013:15) "no início de sua carreira revolucionária, se viu obrigado a mudar sua data de nascimento, declarando à polícia ter nascido em 21 de dezembro de 1879.
[4] DEUTSCHER, Id. Ibid., p.1-2
[5] SERVICE, 2007:38
[6] Ibidem, p. 40 e 44-46
[7] SERVICE, Id. Ibid., 48-5
[8] MARCOU, 2013:25-26
[9] LUDWIG, 1943:40
[10] MARCOU, Id. Ibid., p. 26-28
[11] MONTEFIORE, 2008:156
[12] MONTEFIORE, Id. Ibid., p.131-137
[13] Сборник Рассказы о великом Сталине, Книга 2. Тбилиси: Заря Востока, 1941. (Coleção "Histórias sobre o grande Stálin", Livro 2. Tbilisi: Amanhecer no Oriente, 1941) in: http://ruslit.traumlibrary.net/book/sbornik-o-velikom-staline-2/sbornik-o-velikom-staline-2.html#work003001 Consulta em 05 de março de 2018.
[14] MONTEFIORE, Id. Ibid., p.157
[15] Сборник Рассказы о великом Сталине, Книга 2. Тбилиси: Заря Востока, 1941. (Coleção "Histórias sobre o grande Stálin", Livro 2. Tbilisi: Amanhecer no Oriente, 1941) in: http://ruslit.traumlibrary.net/book/sbornik-o-velikom-staline-2/sbornik-o-velikom-staline-2.html#work003001 Consulta em 05 de março de 2018.
[16] MARCOU, Id. Ibid., p.37
[17] MONTEFIORE, Id. Ibid.p.33-47, SERVICE, Id. Ibid., p.79 e MARCOU, Id. Ibid., p.36
[18] SERVICE, Id. Ibid., p.86
[19] MONTEFIORE, Id. Ibid., p.169
[20] (KARPOV, V. "Generalíssimo", Universidade de Moscou: Moscou, 2002: 23 -http://www.vixri.ru/d2/Karpov%20V.%20V.%20_Generalissimus(Stalin%20I.V.).Tom%201-2.pdf)
[21] Ibidem. Ver ainda https://law.wikireading.ru/50357
[22] SAYERS & KAHN, 1947:87-89, 109 e http://www.vixri.ru/d2/Karpov%20V.%20V.%20_Generalissimus(Stalin%20I.V.).Tom%201-2.pdf
[23] DEUTSCHER, 1970: XII-XIII
[24] GOLDEN BOOKS, 1978, Lisboa
[25] FURR, 2013:6-19
[26] apud ALVES, 2004
[27] LUDWIG, 1943:VII-XII
[28] HOOBLER, 1987:66
[29] RAMOS, 1961:55,57
[30] KHROMOV, 2009: 30
[31] RAMOS, 1961:55,57
[32] KHROMOV, Ibidem.
[33] FURR, 2013:7
[34] FURR, ibid.
[35] FREEZE, 2017:390
[36] BOOKS, G. 1978: 27.
[37] https://www.marxists.org/portugues/stalin/1948/05/04.htm
[38] Id. Ibid.
[39] http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/9/18/mundo/18.html
[40] KRUSCHIOV, 1958 apud LOSURDO, 2011:19
[41] Id. Ibid.
[42] COHEN, 1975 apud LOSURDO, 2011: 70-71
[43] 1995, p. 193 apud LOSURDO, 2011:71
[44] KHROMOV, 2009:31
[45] http://radioslovo.ru/stalin-i-kirov-mif-i-pravda/ Acesso em 30/10/2017.
[46] STRONG apud PALTRINIERI, 1971:103
[47] UNESCO, 1995:11 apud ARAÚJO & MAESO, 2016: 135-136
[48] FORTES & GOMES, Areal; COUTO, Porto Editora; APOLINÁRIO, 2007, Moderna; MOCELLIN & CAMARGO, 2013, Editora do Brasil
[49] MOCELLIN & CAMARGO, 2013:76
[50] UNESCO, 1995:11; 2006:9 cit. ARAÚJO & MAESO, 2016:135-136
[51] Op. Cit.
[52] DEUTSCHER, Id. Ibid., p.434
[53] DAVIES, 1943:290-300, 304-306, 318
[54] WOLKOGONOV, 2004:364-365
[55] Id. Ibid., p.366
[56] ALEKSIEVITCH, 2015:113
[57] MACHAQUEIRO, 2017
[58] 1996: 98 apud MACHAQUEIRO, Id. Ibid.
[59] Id. Ibid.
[60] 1998: 296 apud MACHAQUEIRO, Id. Ibid.
[61] RÜSEN, 2011:34
[62] Palavra talismã é uma palavra utilizada em marketing, que parece condensar em si tudo o que há de excelente na vida. Uma palavra talismã tem como propriedade prestigiar outras palavras que dela se aproximam e de desprestigiar as que dela se afastam, a exemplo de "liberdade" e "democracia". QUINTÁS, in VIDETUR, 2001:11-12
[63] HITLER, 2015: 458
[64] Id. Ibid.
[65] https://observador.pt/opiniao/o-que-difere-o-comunismo-do-nazismo/ (acesso em 05/04/2018).
[66] https://www.youtube.com/watch?v=Mz1_WwtO3H8 (acesso em 05/04/2018).
[67] http://www.bbc.com/portuguese/salasocial-39809236 (acesso em 05/04/2018).
[68] HITLER, Id. Ibid., p. 157
[69] https://www.megacurioso.com.br/guerras/56655-aliados-do-nazismo-veja-quem-contribuiu-e-lucrou-com-os-horrores-da-guerra.htm (acesso em 19/04/2018).
[70] https://www.diariodobrasil.org/multinacionais-que-colaboraram-com-o-nazismo/ (acesso em 19/04/2018).
[71] https://observador.pt/opiniao/a-revolucao-russa-teria-um-fim-diferente-se-trotski-vencesse-estaline/ (acesso em 05/04/2018).
[72] HITLER, Id. Ibid., p. 86.
[73] http://www.contrtv.ru/common/2451/
[74] Apud Mironin in: http://www.contrtv.ru/common/2451/
[75] https://newsland.com/user/4297668290/content/sssr-pri-staline-tolko-fakty/4017311
[76] http://portal.rusarchives.ru/publication/katyn/01.shtml
[77] http://newsbalt.ru/news/2017/04/17/teper-i-za-rubezhom-skazano-chto-k-ubiystvu-poljakov-ne-prihastna-nasha-strana/
[78] http://newsbalt.ru/analytics/2017/04/katynskiy-rasstrel-prodolzhateli-dela-gebbelsa/
[79] https://anovademocracia.com.br/no-65/2791-katyn-a-grande-intriga
[80] http://www.katyn.ru/index.php?go=News&in=view&id=205
[81] http://www.cish.org/index.php/en/presentation/constitution/
[82] ALVES&PINTASSILGO, 2015:25-29.
[83] BENJAMIN, 2010:12.
[84] LOSURDO, 2009:35
[85] Os países invasores eram: Grã-Bretanha, França, Japão, Alemanha, Itália, Estados Unidos, Checoslováquia, Sérvia, China, Finlândia, Grécia, Polônia, Rumânia e Turquia. No começo de 1919 as forças britânicas em Archangel e Murmansk montavam a 18.400 homens. Lutando ombro a ombro com estes havia 5.100 americanos, 1.800 franceses, 1.200 italianos, 1.000 sérvios e aproximadamente 20.000 russos brancos. KAHN & SAYERS, 1947:87 e 91
[86] Id. Ibid., p.88-89
[87] Id. Ibid., p.36
[88] DUTT, 1964:44
[89] Id. Ibid., p.44 e 46
[90] In The Matter of J. Robt. Oppenheimeir, Imprensa Oficial dos Estados Unidos, Washington, 1954, apud DUTT, Id. Ibid., p.48
[91] Id. Ibid., p.52
[92] ALEKSIEVITCH, 2015:57.
[93] KHROMOV, Id. Ibid.
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(*) Murat Karaketov, doutor em ciências históricas. Os judeus da montanha
Fonte: "Stalin: fatos desconhecidos sobre Joseph Dzhugashvili"
http://www.aleksandrnovak.com/content/1882.html
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