No início fazemos uma ressalva — a situação demográfica na Rússia é ruim, e acima do país está pendurada a Espada de Dâmocles, representando uma "cruz russa" — que é a interseção das curvas de natalidade e mortalidade, ocorrida no início dos anos 90. Desde então, a linha de morte ou a tendência de diminuição da população predomina. De acordo com o último censo de 2010, a população do país diminuiu de 145 166 700 pessoas (em 2002) para 142 905 200, ou 2,2 milhões de pessoas.
Os cientistas da ONU já desenharam uma espécie de "mapa de extinção", segundo o qual a Rússia tem o 4 º lugar entre os países que despovoariam o mais rápido. E em frente e um pouco atrás da Rússia ficam Macau, Hong Kong, Bósnia, Malta, Eslováquia, Cingapura, Romênia, Hungria e Ucrânia, que estarão vazios no ano 3200. Ou seja, daqui a 8 séculos a população russa sem guerras e calamidades desaparecerá completamente. Aos fatores que determinam a alta taxa de mortalidade na Rússia os especialistas da ONU atribuíram a pobreza, alcoolismo, tabagismo, suicídios, nível baixo dos serviços de saúde, violência e acidentes de trânsito. E esta é opção a mais optimista.
Estes dias no Centro Carnegie de Moscou especialistas da Universidade de Berlim apresentaram o seu relatório com o título-sentença- "Potência mundial a desaparecer", onde predizem que em 2050 a Rússia "naturalmente perderá" quase 35 milhões de pessoas. Os analistas alemães não deixam escolha — mesmo se a população russa tiver começado "ser frutífera e multiplicar-se", o Estado "não suportará" o aumento dos custos sociais, porque a economia russa terá falido, antes de a nova geração crescer e começar a ganhar dinheiro. A crise na economia vem naturalmente da crise demográfica. Um círculo vicioso.
No entanto, os cientistas alemães vêem a luz no fim do túnel: "A Rússia precisa de imigrantes para enfrentar os desafios de um mundo moderno e globalizado" — diz o relatório.
Formular um "grande desafio" ou pretensão "do mundo moderno" para a Rússia não é difícil: " Terra e os recursos são abundantes e pertencem aos poucos". Então, desculpe, mas mova- se, a Rússia. Não há forças para manter o seu território? Os outros tiram-no. Mas está realmente tão fraca a Rússia como a apresentam ?
Em 1914, nos limites atuais da Rússia, viviam não mais de 90 milhões de pessoas (dentro do Império Russo, com Polônia e Finlândia — 165 milhões). Meios de produção,de então e agora não podem ser comparados, mas o Estado estava se desenvolvendo de forma dinâmica e recursos humanos foram suficientes. Porém, a Rússia atual com 142 milhões de habitantes os especialistas ocidentais, e também alguns domésticos enterram em um buraco demográfico a partir do qual, alegadamente, sem imigrantes, o país não vai subir.
Os russos, infelizmente, se têm acostumado com as perspetivas más, mas de acordo com o Serviço de Estatística do Estado (Rosstat), desde 2006 a curva de fertilidade tem subido, e a taxa de mortalidade, embora ainda não de forma significativa, mas tem diminuído. Não está excluído que daqui a 5-7 anos veremos novamente, a " cruz russa", só que desta vez de vice-versa — a taxa de natalidade vai vencer a morte.
Entretanto a CIA tem outro ponto de vista. Para os serviços secretos americanos a demografia da Rússia é fundamentalmente uma política. Não se sabe como eles calcularam, mas a sua informação postada no site oficial diz que a população russa está reduzindo 15 vezes mais rápido do que a taxa especificada pelo Rosstat, e o país é o campeão do mundo neste desempenho triste. E claro - "A Rússia vai enfrentar a catástrofe" — é a conclusão deles.
Todos estas profetas estão tentando convencer a Rússia não só da sua a predestinação fatal, mas também da velocidade vertiginosa, aproximando-se do "vazio", obrigando à "ocupação pelos imigrantes", como uma panacéia para o espaço desabitado. Enquanto isso, nos últimos cinco anos em termos de " crescimento da população nativa " a Rússia está em constante ascensão e no ano passado apareceu na positiva não à custa dos trabalhadores imigrantes, cujo número tem diminuido durante o período dado.
Os pesquisadores ocidentais predizem o colapso para Rússia, mas algo semelhante na nossa história tem sido acontecido várias vezes. E nada — os russos sobreviveram e continuam.
Mikhail Sinelnikov
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