A Reforma da Organização das Nações Unidas (ONU) e os rumos da governança global com eixo em um reordenamento multipolar mais equilibrado são alguns dos principais assuntos a serem tratados pelo Brasil na Cúpula de chefes de Estado dos Brics. O encontro será realizado em 14 de abril, na Ilha de Sanya, na China, e marcará a entrada da África do Sul como um dos membros do mecanismo internacional.
Composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, a cúpula do Brics vai discutir também o incremento da cooperação entre os estados-membros para fortalecer e continuar desenvolvendo o poder de influência do grupo, intercâmbio científico e tecnológico e o aumento do comércio.
A embaixadora Maria Edileuza Fontineli Reis, encarregada das relações políticas com a Ásia, explica que o encontro é importante porque será realizado em um momento em que o mundo ainda sofre desequilíbrios e desajustes em decorrência da crise. "Brasil e China enfrentaram muito bem os efeitos da crise e, hoje, têm diante de si desafios em diferentes áreas".
"É importante valorizarmos nossa vertente multilateral, na construção da nova governança global. Brasil e China, como dois países em desenvolvimento, defendem o fortalecimento do multilateralismo e trabalham muito intensamente no redesenho dessa governança global", afirmou Fontineli Reis.
Apesar de diferenças históricas, culturais, políticas e geográficas, a aposta dos governos do Brics, de acordo com o Itamaraty, foi de que seus países podem encontrar agendas que lhes permitam agir como um coletivo de maneira tão ampla quanto possível.
"No Brics defendemos a ampliação do poder de voto de economias. Não faz sentido num mundo como o de hoje termos nas instituições financeiras internacionais países como a Bélgica (10,4 milhões de habitantes), com poder de voto maior do que o do Brasil. Países como a Holanda (16,5 milhões de habitantes), com poder de voto maior do que o da China", ressalta a embaixadora.
Segundo Fontineli Reis, o Brasil tem uma coordenação muito importante em termos políticos e econômicos no âmbito do Brics "e estamos trabalhando para consolidar e aprofundar a construção de uma agenda própria desse mecanismo, que é muito novo, mas que desponta com muita curiosidade e força no redesenho de uma ordem internacional que venha a ser mais representativa e, portanto, que venha a refletir maior legitimidade".
Origem do Brics - A idéia dos Brics foi formulada pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O´Neil, em estudo de 2001, intitulado Building Better Global Economic Brics. Fixou-se como categoria da análise nos meios econômico-financeiros, empresariais, acadêmicos e de comunicação. Em 2006, o conceito deu origem a um agrupamento e incorporado à política externa de Brasil, Rússia, Índia e China.
O peso econômico do grupo é considerável. Entre 2003 e 2007, o crescimento dos quatro países representou 65% da expansão do PIB mundial. Em paridade de poder de compra, o PIB (Produto Interno Bruto) dos Brics supera hoje o dos EUA ou o da União Européia.
Para dar uma idéia do ritmo de crescimento desses países, em 2003 os Brics respondiam por 9% do PIB mundial. Já em 2009, as economias dos quatro países somavam 14,3%, com um PIB conjunto de US$ 8,9 trilhões.
Saiba mais - Desde terça-feira (29), o Em Questão começou uma série de reportagens sobre as relações econômicas, comercias e políticas entre Brasil e China. O objetivo é apresentar os aspectos mais relevantes dessa parceria, que cresceu 1.246% em apenas oito anos.
http://www.secom.gov.br/clientes/secom/secom/sobre-a-secom/nucleo-de-comunicacao-publica/copy_of_em-questao-1/em-questao-do-dia/cupula-do-brics-na-china-discute-rumos-da-governanca-mundial
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