Como as coisas mudaram. As revoluções Poder do Povo a cores perderam força e chegaram a parar já que a realidade começa a morder, se torna cada vez mais evidente que as pessoas não são facilmente enganadas por promessas ocas e principalmente, se torna por demais evidente que cada país ocupa uma espaço cultural que tem de ser respeitado.
Portanto, não é surpresa que Viktor Yanukovych venceu as eleições presidenciais ucranianas contra Yulia Tymoshenko. E menos ainda que o queridinho do Ocidente, a cara da Revolução Laranja, o presidente cessante Viktor Yushchenko é um político na terra de ninguém. Os ucranianos não queriam aderir à OTAN, os ucranianos não querem ser colonizados pela União Europeia. Eles querem emprego, querem escolas, hospitais, querem comer.
Os primeiros resultados das pesquisas à saída das urnas/secções de voto indicam uma clara vitória de Viktor Yanukovych, com cerca de 49,42% dos votos, com Yulia Timoshenko ganhando em torno de 44,46%, uma vantagem de cinco pontos.
Será que vamos testemunhar mais uma vez um mar de manifestantes na Praça da Independência, em Kiev, cantando Razom nas bahato! Nas ne podolaty! (Juntos somos muitos! Não podemos ser derrotados!), como foi o caso em novembro de 2004? N uma palavra, não. A Praça da Independência está vazia, a Revolução Laranja perdeu o vapor, na verdade, nunca chegou a ferver.
Por quê? Porque ele nunca foi nada mais do que palavras e intenções criadas pela intromissão de influências ocidentais que queriam a Ucrânia na OTAN. Ucrânia e os ucranianos foram usados pelo lobby das armas e Yushchenko foi o peão, o homem errado no lugar errado na hora errada.
Presidente Viktor Yushchenko pisou em gelo fino nos dias finais da campanha: Nomeou um nacionalista controverso um "Herói da Ucrânia". Somente após a recolha de um humilhante 5% dos votos no primeiro turno das eleições ele fez a sua declaração. Na Ucrânia, na cidade mais avidamente inclinada para o Ocidente e anti-russo, a notícia de que Stepan Bandera tinha recebido esta honra foi recebida com júbilo. Repulsa e consternação varreu as províncias russófonas, onde Bandera é lembrado por aquilo que ele realmente era: um colaborador nazista.
Numa carta ao embaixador da Ucrânia para os Estados Unidos, o Centro Simon Wiesenthal, expressou seu "profundo desgosto" sobre a decisão de honrar Bandera, "que colaborou com os nazistas no início da II Guerra Mundial, e cujos seguidores eram ligados ao assassinato de milhares de judeus e outros".
Yushchenko foi um pequeno ditador, incompetente e corrupto. Ele perdeu quase todo o apoio dos eleitores durante uma longa série de disputas com a primeiro-ministra e ex-aliado, Yulia Tymoshenko. Ambos entraram numa competição de ver quem poderia desfazer as ações do outro. O resultado: desastre total colapso económico iminente para a Ucrânia.
Nas eleições de janeiro, o presidente Yushchenko recebeu menos de seis por cento dos votos. Por alguma razão. Em primeiro lugar, Viktor Yushchenko é um acadêmico. Ele pertence por trás dos muros de clausura de uma Universidade, e não na vida real. Sua incursão no mundo real fez com que ele destruisse qualquer grão de credibilidade política que alguma vez tivesse e viu sua base de poder diminuir de metade do eleitorado a um punhado de pessoas com pouco discernimento. Daí o seu total isolamento do povo, o seu isolamento no parlamento.
O grande plano do Viktor Yushchenko para o povo ucraniano foi antagonizar Moscovo, esperando que no processo poderia esculpir uma identidade nacional. Cego para os problemas que sua atitude pró-NATO iria causar, não só com Moscovo, mas entre os próprios ucranianos (66% da população se opõe fortemente a qualquer noção de aderir à Organização), cego para os efeitos das medidas russofóbicas adoptadas (33 % dos ucranianos falam russo como língua materna), cego para a fúria de sua decisão de expulsar o russo Frota do Mar Negro em Sebastopol, o resultado de suas políticas se vê hoje.
As p olíticas tolas de Yushchenko viram a Ucrânia perder seus subsídios de energia da Rússia e viu seu país humilhado entre a comunidade internacional quando os ucranianos começaram a roubar o abastecimento energético russo em trânsito para a Europa Ocidental. Ele armou a Geórgia no seu ato criminoso de agressão contra os russos, colaborou com o criminoso de guerra Saakashvili.
Em casa, ele prometeu a prosperidade económica, mas geriu vergonhosamente mal a economia, de tal forma que o Hryvnia perdeu metade do seu valor e conseguiu individar-se com o FMI, cujos empréstimos têm sempre cordéis neo-conservadores e anti-sociais anexados.
Onde vamos agora?
Tymoshenko fala de jogo sujo, mas as suas alegações são refutadas pelos funcionários que disseram que não tinham recebido relatórios de violações graves durante a votação. "A segunda fase iniciou-se suavemente, sem violações flagrantes da ordem pública", Volodymyr Mayevsky, o Chefe do Departamento do Interior ucraniano do Ministério de Segurança Pública, disse em uma conferência de imprensa em Kiev.
Tymoshenko pediu manifestações na rua, mas aparentemente os ucranianos estão fartos dela chorar lobo constantemente. Atenderem no passado seus pedidos acabou muito mal para eles.
Como todas as pesquisas de opinião indicaram nada menos do que uma vantagem de 5 por cento para Viktor Yanukovich nas eleições, as ameaças de Tymoshenko de levar o caso para os tribunais poderão ser o próximo passo.
A Revolução Laranja resultou em cinco anos de paralisia para a Ucrânia. Foi um fracasso.
Lisa Karpova
Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru
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