Dmitry Rogozin, embaixador da Rússia na OTAN, acredita que a Geórgia não conseguirá cumprir os requisitos do Plano de Ações Visantes à Aquisição da Condição de Membro - Membership Action Plan em dezembro. Aquela autoridade acrescentou que as recentes declarações do Secretário Geral da OTAN Jaap de Hoop Scheffer caracterizaram o início de uma guerra fria entre a aliança e a União Européia.
Uma delegação da OTAN encabeçada por Jaap de Hoop Scheffer chegou à Geórgia na segunda-feira, para uma visita de dois dias. A delegação foi formada por autoridades representativas de todos os 26 países da aliança. A sessão da comissão OTAN-Geórgia tornou-se o principal evento da visita. Scheffer chegou à Geórgia para verificar se a Geórgia está preenchendo devidamente os requisitos para obter a condição de candidata a membro da OTAN.
Ontem também o Ministro do Exterior da Rússia Sergei Lavrov visitou a Ossétia do Sul, o que, acredita Bruxelas, não foi mera coincidência.
A visita da delegação oficial da OTAN a Tbilissi está tendo lugar no limiar da reunião informal de ministros da defesa da aliança, programada para acontecer em Londres em 18-19 de setembro. A situação no Cáucaso tornar-se-á um dos temas centrais da agenda da reunião. Scheffer estava discutindo a questão também com a administração georgiana (inclusive com o Presidente Saakashvili), bem como com porta-vozes da oposição e de organizações internacionais.
Uma fonte diplomática da sede da OTAN disse que os eventos atuais em Tbilissi representam apoio político à Geórgia.
Jaap de Hoop Scheffer declarou recentemente que era impossível aceitar os acordos entre a Federação Russa e a União Européia visto que o plano Medvedev-Sarkozy envolve excessivo número de concessões à Rússia.
Dmitry Rogozin disse que tais observações equivalem a um questionamento da missão de pacificação da União Européia.
Scheffer disse, numa recente entrevista ao The Financial Times, que o acordo de retirada assinado por Sarkozy e Medvedev em 8 de setembro era inaceitável, visto que o documento estipulava demasiadas concessões a Moscou. Scheffer discordou do fato de ser permitido à Rússia preservar sua presença militar nas duas regiões.
Essas declarações do Secretário Geral da OTAN vão de encontro a uma posição mais branda da União Européia. A União Européia prefere não concentrar atenção na presença de tropas russas na Abcázia e na Ossétia do Sul.
"Eclodiu uma guerra fria em Bruxelas entre as duas burocracias da União Européia e da OTAN. Elas podem colidir no tocante à Geórgia porque têm visão diferente da situação, a despeito do fato de que as duas organizações são compostas exatamente dos mesmos países," disse a autoridade russa. "As declarações de Scheffer também provam que a União Européia acedeu à pressão da Rússia," acrescentou Rogozin.
Dmitry Rogozin descreveu as conversações dentro do arcabouço do Conselho Euro-Atlântico em Bruxelas (26 países da OTAN mais 24 parceiros, inclusive Rússia e os países da CES) como muito difíceis e acirradas. O início e o fim de todos os discursos de todas as autoridades presentes ao encontro foram idênticos, disse Rogozin.
A Rússia não obteve o apoio para sua posição de nenhum participante da reunião. Dmitry Rogozin disse que tanto o embaixador russo quanto o georgiano expressaram seu modo de ver a respeito do que aconteceu no Cáucaso, embora ninguém tenha concordado com a versão russa. Diferentemente da Geórgia, a Rússia não deu seu endosso à investigação internacional dos eventos na Ossétia do Sul.
"Quando eu estava falando a respeito do papel que a OTAN, particularmente os Estados Unidos, desempenhou durante o conflito no Cáucaso, o embaixador dos Estados Unidos saiu ostensivamente do recinto," disse o embaixador russo junto à OTAN..
Falando acerca da iniciativa de investigação internacional, Rogozin disse: "Quando a OTAN se recusa a responder à pergunta acerca de quem atacou quem, embora a resposta seja óbvia, não há como falar-se dessa investigação como independente. Quem vai ser um investigador independente? Condoleezza Rice?"
"A Russia só levará em consideração a sugestão a respeito da investigação se a Abcázia e a Ossétia do Sul forem convidadas em Bruxelas e New York. O lado que sofreu com a agressão de Saakashvili tem que ter uma oportunidade de expressar seu ponto de vista," disse Rogozin.
Tradução da versão inglesa Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
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