O presidente afegão, Hamid Karzai acusou a Nato de não conseguir garantir a estabilidade do seu paíse em 10 anos da presença no país. Entretanto a Nato conseguiu bem garantir a instabilidade na Rússia que sofre de 70 por cento de narcotráfico a partir do Afeganistão. Se o governo russo fará parar o fluxo de ópio ou contará com o Talibã, durante reinado do qual a produção da droga era mínima?
"Em relação à segurança", a Nato, com forças mobilizadas desde 2001 no Afeganistão, "causou enormes sofrimentos, deixou muitos mortos e não gerou benefício algum, porque o país não está seguro", afirmou Karzai em uma entrevista a BBC. O presidente considera um erro da Nato ter sido um alvo incorretamente escolhido. Em vez de lutar contra o Talibã na fronteira com o Paquistão, as tropas da Aliança têm invadido as aldeias afegãs em busca de militantes talibãs lá.
Hamid Karzai permanecerá no cargo mais seis meses, em seguida, deve ser eleito o seu sucessor. Esta é a última grande entrevista com o líder afegão como presidente, observa a BBC. Кarzai afirma também que se o governo afegão puder nomear talibãs para um posto governamental, eles serão bem-vindos. "Mas onde o povo afegão nomear as pessoas, por meio de eleições, os talibãs devem participar de eleições", acrescentou. "Para ser claro, eles são bem-vindos no governo afegão, assim como todos os outros afegãos".
Em relação ao acordo de segurança com os Estados Unidos que deve definir as modalidades da presença de um contingente americano no Afeganistão depois do final da missão da Otan em 2014, Karzai alertou: "Se este acordo não trouxer paz e segurança ao Afeganistão, os afegãos não o querem". Washington exige, entre outras coisas, imunidade jurídica para seus soldados e depois da visita recém feita do chefe da diplomacia americana, John Kerry este desejo ficou insatisfeito.
Desde então surge uma questão. Se há uma contradição nas palavras de Karzai? Criticar Nato por fazer a guerra de errado com o Talibã, vendo-o como o principal fator de desestabilização do país e simultanea- e abertamente convocar a colaborar com ele.
O fato é que Karzai está motivado a saudar os talibãs pelos americanos que começaram há muito as negociações separatistas com eles, diz o analista militar russo Boris Podoprigora, o ex- vice-comandante do Grupo Misto do Norte do Cáucaso. " Os americanos estão se preparando para igualar o governo mais ou menos legítimo com as forças, devido à atividade das quais, os americanos em 2001 invadiram o Afeganistão", — disse o experto ao Pravda. ru. " Os talibãs com a retirada dos americanos vão sentir não só a sensação física do seu poder, pois eles é uma força muito mais organizada do que as outras, mas também a legitimidade. Agora podem sempre se referir ao fato de que têm contato direto com os ocidentais ", — disse o especialista. Claro, que Karzai fica ferido com tal posição e está forçado a se contradizer.
Ele também não consegue as negociações sobre um acordo bilateral com os Estados Unidos sobre as relações a partir de 2014, quando as tropas da Otan finalmente deixarem o país. O presidente afegão disse que não estava com pressa para assinar um contrato com Washington. "Acordo (com os EUA) deve atender aos interesses e objetivos do Afeganistão. Se não nos convier, se não gostarmos dele, então nossos caminhos se divergem de uma forma natural ", — disse Karzai á BBC. Deste modo teriam pensamentos os americanos que estão insatisfeitos do seu protegido sempre constatar acusações de desrespeito à soberania do Afeganistão. Em 2009 o presidente dos EUA, Barack Obama chamou Karzai de " parceiro inconfiável. "
É óbvio que os problemas do Afeganistão e, acima de tudo com o Talibã, terão de resolver os seus vizinhos. A Rússia com os parceiros da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC) já começou a coordenar as suas ações. O acordo sobre a presença no Quirguistão da base militar russa " Kant " ficou prolongado, pelo menos, para mais 20 anos. É necessário para combater o extremismo do " Movimento Islâmico do Uzbequistão (IMU) " operando a partir do Quirguistão na região de Fergana no Uzbequistão e no Afeganistão. Sob um acordo com o Tajiquistão, a base militar russa ficará posta lá até 2042. Foi decidido reforçar a fronteira entre o Afeganistão e Tajiquistão atribuindo a assistência militar no valor de US $ 200 milhões, e, possivelmente, um número de guardas de fronteira russos.
Ou talvez a Rússia possa apostar no Talibã, para qual o Sharia proíbe o consumo e a venda da droga?
"O Talibã não vai resolver o problema da droga, segundo meus bons contatos no Afeganistão, o país está em ruínas e a única maneira fácil de sobreviver é se relacionar com a economia de droga " ,- diz ao Pravda. ru Boris Podoprigora. Se haverá no poder o Talibã, Karzai ou qualquer outro, tudo vai permanecer na mesma, com a papoula de ópio, que é a principal fonte de subsistência da população. Rússia sofre com isso mais do que os outros países e é o principal alvo e o principal entreposto do narcotráfico. Podoprigora também não vê nenhuma razão para combater na fronteira com o Paquistão — o covil do Talibã e da produção da droga. " Precisamos de trabalhar com o norte do Afeganistão, onde vivem os uzbeques e tadjiques e apostar neles. Construir uma ferrovia, investir na economia, dar-lhes um financiamento preferencial para o povo arranjar um emprego alternativo. É a única maneira para nos proteger de heroína e tráfico de ópio " ,- disse experto.
Entretanto o caminho mais razoável é começar com o arranjo da própria fronteira. E não está claro por que isso não foi feito até hoje. Segundo o diretor do Serviço Federal de Controle de Drogas, Victor Ivanov, na Ásia Central operam 150 grandes grupos, organizando o tráfico de drogas a partir do Afeganistão para a Rússia e cerca de 1.900 gangues criminosas e grupos do crime organizados. O número total de integrantes de tais grupos estima-se aproximadamente de 20.000 membros ativos e pelo menos 100.000 mulas. " Mas na verdade, hoje, a participação de droga apreendida na fronteira, no valor total de droga apreendida do tráfico ilegal no país representa menos de 4 por cento", — queixou-se Ivanov. E por quê só se queixa, Sr. Ivanov, é para gritar, para alarmar, para colocar a questão na Duma. Ou heroína na Rússia tem um lobby?
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