Os excluídos compõem a maioria. A minoria domina, explora, escraviza e por cima de tudo, faz o papel do bom camarada, salvador da pátria, defensor dos direitos humanos e do futuro da humanidade.
As economias líderes são extraordinariamente egoístas. Criam barreiras, estabelecem influências, forçam direcionamentos, invadem quem entender e desejar. Além da invasão tangível, como a que ocorreu no Afeganistão e Iraque, promovem a invasão intangível, muito mais brutal e avassaladora. Invadem culturas, corrompem valores, subjugam através de financiamentos fáceis no início e eternamente dependentes na seqüência.
Lógico que a culpa é da maioria que aceita calada tudo o que é imposto pela minoria. Enquanto a minoria serve de exemplo para o padrão de sucesso, a maioria serve de platéia para aplaudir a expansão do império sobre si própria, reinventando o anormal como normal.
É uma espécie de humanidade desumana.
As vozes que defendem a inclusão dos excluídos enfrentam desafios quase intransponíveis. A estratégia pode ser simples: dê ao inimigo o que ele mais deseja. E o que a minoria quer é um mercado cada vez maior, mais comprador, capaz de enriquecer os donos do mundo.
Esta mesma estratégia venceu a escravidão que imperava nos anos mil e oitocentos. Os ingleses eram os donos do mundo. Queriam vender mais e a forma mais oportuna era transformar os escravos em consumidores. Funcionou.
Hoje, os donos do mundo também querem vender mais. Quem sabe se o caminho não é promover a libertação dos excluídos, transformando-os em consumidores?
O senhor Bush se sustenta sobre a indústria das armas de destruição em massa, exímia na arte da estratégia. A estratégia em ação é limpar o mundo dos maus, custe o que custar. Esse caminho favorece a compra de novas armas. As que estavam quase vencendo o prazo de validade foram despejadas sobre o Afeganistão e o Iraque.
Acontece que as armas não são produzidas para permanecerem no estoque. Elas precisam ser utilizadas. Para isso, a humanidade precisa inventar discórdias.
As bolas da vez já estão nomeadas: Síria, Irã, Coréia do Norte, Sudão e por aí afora.
Nossa humanidade é fantástica.
Se a coalizão justificou a invasão ao Iraque em busca das armas de destruição em massa, não está na hora de todos os países pararem de produzir essas armas de destruição em massa?
Se elas não são válidas no Iraque, porque podem ser produzidas pelos norte-americanos, ingleses, australianos, franceses, russos, chineses, suecos e por aí afora?
É um paradoxo. Definitivamente, a humanidade é desumana.
Orquiza, José Roberto
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