Dostoievski disse que Aleksandr Sergueievitch Pushkin representou a vida russa, no romance em versos Eugénio Onegin, com tal força criadora e com arte tão consumada como jamais alguém alguma vez antes dele o fizera. Nem ninguém jamais o fará depois dele. É fora de discussão que Pushkin, nascido em Moscovo, em 1799, e falecido em um duelo, em São Petersburgo, em 1837, é o maior poeta da Rússia de todos os tempos.
Essa obra prima de Pushkin, autor de vasta obra literária, que inclui poesia, romance histórico e romances em geral, merece estar na prateleira de uma centena de livros que são obra prima da literatura mundial. Traduzido para numerosas línguas do mundo, não se achava até agora Eugénio Onegin traduzido para o idioma português.
O autor da tradução brasileira que agora será publicada em edição bilíngue por uma editora privada russa, com o conhecimento do Instituto Gorki de Literatura Estrangeira, é o Embaixador brasileiro aposentado Dário Castro Alves, que serviu como Secretário Cultural da Embaixada do Brasil em Moscovo, nos anos 60, e agora fez em Lisboa a tradução diretamente do idioma russo.
Pushkin era descendente direto de africano, filho de abissínio, que fora preso pelos turcos. Permaneceu refém dos turcos até os oito anos de idade, quando foi liberado e adquirido pelo Embaixador russo em Estambul, que o "deu de presente" a Pedro Grande da Rússia, fundador da Rússia moderna, criador de São Petersburgo, em 1703.
Aleksandr Sergueievitch Pushkin viveu apenas 38 anos - mas anos cheios de aventuras, extravagâncias, hábitos de dissipação e dandismo, conquistas amorosas, que verdadeiramente lhe marcaram a existência. Espírito liberal, indómito e genial, que lhe criou dificuldades de convivência com o regime autocrático da Rússia: confinamentos e restrições em várias partes da grande Rússia, de norte a sul. Com seu espírito aberto e liberal numa época de autocratismo tsarista, como foi a de Alexandre I e Nicolau I, foi exilado em sua própria terra, temido e respeitado, criativo e impávido em seu temperamento, profundo e frívolo ao mesmo tempo, hipocondríaco, fascinado por Byron, amigo de liberais "dekabristas" - movimento de Dezembro de 1825.
Dizia que seu Eugénio Onegin não era autobiográfico - mas em parte o era.
O tradutor de Eugénio Onegin estará em Moscovo de 9 a 15 de Setembro próximo, quando apresentará a sua tradução que constituí um marco na história da língua portuguesa, ausente que era na publicação de tradução de obra tão relevante na língua de Camões e Jorge Amado. O Embaixador Dário Castro Alves será por sua tradução de Eugénio Onegin, homenageado pelo Embaixador brasileiro em Moscovo, Carlos Augusto dos Santos Neves.
Adelto GONÇALVES
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter