Catar afirma estar preparado para consequências de recusar ultimato
Doha, (Prensa Latina) Catar assegurou hoje neste domingo (02) preparado para enfrentar as consequências de sua negativa a acatar 13 demandas apresentadas a modo de ultimato por Arábia Saudita e outros três países árabes, as quais considerou feitas para ser recusadas.
O Ministério das Relações Exteriores ratificou a posição expressada por seu titular, jeque Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, de disposição a 'trabalhar certos temas mediante a negociação, mas não se curva a ultimato', pois Riad já disse que as demandas 'não são negociais'.
A postura do governo do Catar deu-se a conhecer neste domingo quando expirou o prazo de 10 dias dado pela Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU), Bahrein e Egito para acatar 13 exigências ou enfrentar a um 'divórcio' do contexto árabe e em particular do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).
'Achamos que o mundo rege-se por leis internacionais que não permitem aos grandes países acossar ou humilhar os pequenos. Ninguém tem o direito de ditar um ultimato a um país soberano', expressou Al-Thani ao afirmar que as nações envolvidas 'sabiam que suas demandas seriam recusadas'.
O chanceler falou ontem a jornalistas em Roma, onde abordou a crise que na semana passada debateu em Washington com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, e depois com outras autoridades de governos europeus.
'Esta lista de demandas fez-se para ser recusada. Não está concebida para ser aceite ou para ser negociada. O estado do Catar, no lugar de recusá-la por princípio, está disposto a participar em (conversas) que propiciem as condições adequadas para mais diálogo', pontuou.
Os quatro países, que em 5 de junho romperam relações com esta nação depois de lhe acusar de apoiar ao terrorismo, ameaçaram aprofundar seu isolamento se não 'freia' os nexos com o Irã e expulsar a membros do Corpo de Guardiães da Revolução Islâmica supostamente despregados aqui.
Assim mesmo, obrigam-lhe a encerrar o canal televisivo Al-Jazeera, anular a cooperação militar com a Turquia e fechar uma base que o país europeu tem no emirado, e cortar laços com organizações extremistas e terroristas islâmicas, se deseja a restauração dos vínculos diplomáticos.
As autoridades locais reiteraram que não acatarão nenhuma das demandas dos estados que lhes estão boicotando e estão 'preparadas para enfrentar qualquer das consequências' que possa acarretar essa atitude.
Nesse sentido, remeteram-se aos pronunciamentos do chanceler que considerou os requerimentos árabes 'não tinham como propósito abordar o terrorismo, mas cercear a soberania' de seu país.
Ante a posição de Doha, analistas preveem uma escalada da crise com a muito provável suspensão deste emirado como membro da Liga Árabe, depois de que seja expulso do CCG.
Inclusive, algumas autoridades creem factível que o grupo de estados que mantêm o bloqueio fronteiriço, comercial e aéreo ao Catar forcem a seus sócios comerciais a eleger entre trabalhar com eles ou com Doha, sem descartar possíveis incursões militares, ainda que agora são pouco prováveis.
Segundo Al-Thani, seu país não teme nenhum palco. 'Não há temor a qualquer ação que possa ser tomado; Catar está preparado para enfrentar as consequências, mas como tenho dito, há um direito internacional que não deve ser violado e uma fronteira que não deve ser traspassada'.
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